CAPÍTULO 4

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O café estava praticamente esquecido sobre a mesa

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O café estava praticamente esquecido sobre a mesa. Ele fora apenas um meio para um fim. Minha taxa de cafeína fora atingida naquele dia e, especialmente à noite, eu preferia evitar, porque minha tendência à insônia se agravava caso eu me aventurasse um pouco mais do que o usual.

A linda ruiva à minha frente também não parecia muito interessada em sua bebida, mas me ouvia com atenção enquanto eu contava um pouco sobre meu pai, que era sempre meu assunto favorito. Minha infância simples, meus sonhos grandiosos, minha mãe dedicada e de saúde frágil, a fazenda, minha amizade com o garoto mais rico do lugar... tantas lembranças. Boas lembranças.

Fazia muito tempo que eu não revisitava o passado daquela forma, com nostalgia. Algumas memórias voltaram com força total; algumas que pareciam distantes demais para serem acessadas.

— Se você tivesse que escolher um único momento da sua vida para reviver e consertar, qual seria? — Brianna perguntou, simplesmente, depois de passarmos alguns segundos em silêncio.

Já estávamos sentados ali há quase duas horas e tinham acabado de anunciar que nossa aeronave já pousara. Seria apenas uma questão de meia hora para começar o embarque.

Subitamente, eu comecei a achar a ideia de sair daquele aeroporto muito sem graça.

Fazia tempo que eu não conversava daquela forma com alguém. Brianna não era apenas uma mulher deslumbrante – a mais bonita que eu tive o prazer de encontrar em muito tempo –, mas era interessante, charmosa, culta e tinha um jeito muito natural de ser. Não havia nada nela que me fizesse acreditar que estava interessada em joguinhos. Só se preservava porque não me conhecia, mas ria quando queria rir e falava o que pensava.

Isso era intrigante e muito sensual.

— É uma pergunta difícil, moça. Já falei que você é uma mulher cruel, não falei? — brinquei. — Você saberia responder?

— Sim, mas não vai me convencer a responder primeiro. A pergunta é minha.

— Promete responder depois? — Ela assentiu. — Bem, reviver e consertar? Você quer dizer como naquele filme, Efeito Borboleta?

— Um dos meus favoritos.

— Um dos meus também. — Mais uma coisa em comum entre nós. Durante a conversa na cafeteria, descobrimos que ela era fã de rock clássico, que lia Stephen King e que não tinha paciência para maratonar séries; três pontos em comum comigo. — Bem... talvez o dia em que eu escolhi não viver a vida na fazenda, com meu pai.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Você, um cowboy? Seria algo interessante de se ver.

— Vou considerar um elogio.

— Não massageie tanto o seu ego. Mas continue... gostaria de estar trabalhando na fazenda ao invés de montar a sua empresa? Você parece bem sucedido, não? — Ela não fazia ideia do quanto. E eu não seria arrogante de dizer.

Questões do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora