Capítulo 4

191 50 10
                                    

Jaque

Aquele cara, o tal Viny, me deixava a cada dia mais inquieta. Eu não conseguia tirar os olhos dele, parecia que tinha um ímã grudado nele. Que inferno! Eu sabia que estava dando bandeira e morria de vergonha disso. Quando o vi ir embora abraçado à menina da minha sala, confesso que fiquei incomodada.

Carol não parava de me dizer que a gente ia dar Match, mas eu não acreditava muito nisso. Afinal, eu é que não tinha coragem de puxar papo com ele. Só de pensar nisso, meu coração gelava. E Viny também não parecia interessado, apesar de eu notar que ele andava me observando.

Porém, na minha cabeça, eu acreditava que devia ser só curiosidade dele, por eu ser nova na escola. Eu tinha certeza de que logo me tornaria invisível para ele.

Para meu desgosto, naquela semana, acabei conhecendo o tal Ruan, o outro cara envolvido na famosa briga e que também tinha sido suspenso. De olhos claros e cabelos loiro-escuros, ele exibia uma daquelas marcas feitas na sobrancelha de propósito, com lâmina, e uma mancha roxa embaixo do olho, um presente do Viny, pelo que eu soube.

Não gostei dele logo de cara e, de fato, não o achei nem um pouco atraente.

Eu e Carol estávamos no pátio, aguardando dar o sinal da primeira aula, quando ele se aproximou de mim de forma interesseira e intimidadora.

- Oi, mas que gata hein? Sou o Ruan.

- Jaqueline - respondi baixo e me assustei quando ele me puxou e me deu um beijo no rosto.

- Vamos, Jaque. Tenho que te mostrar aquela lição - inventou Carol e tentou me puxar para a sala, mas Ruan entrou na frente e me impediu de sair do lugar.

- Calma aí, ôoo, sem-noção. Tô falando com ela. Não tá vendo, não?

Carol estreitou os olhos.

- Sem-noção é você, seu idiota! Nós temos coisas pra fazer antes do professor aparecer. Sai da frente e vê se não atrapalha.

Ele fez uma careta para ela e se virou para mim.

- Quer ir até a pracinha depois da aula? Lá a gente pode trocar uma ideia melhor.

- Não. Não dá, minha mãe vem me buscar todos os dias - respondi, aliviada por ter uma desculpa para não me encontrar com ele.

- Aff, sério? - ele debochou. - Mamãe ainda vem buscar na porta da escola? Quantos anos você tem?

Franzi as sobrancelhas.

- Não é da sua conta. - Desviei-me dele e peguei Carol pela mão a fim de sair dali.

- Ei, espera. Desculpa aí! Não quis te ofender. - Ele ainda tentou me segurar pelo braço, mas me desvencilhei e segui subindo as escadas. - Ah, vai se foder! - Escutei-o dizer nas minhas costas.

Aquilo me irritou demais. Que cara mais chato!

Para ajudar, a Ingrid da minha sala chegou cantando aos quatro ventos que tinha saído com o Viny no dia anterior e que ele era lindo e que estava interessado nela e blá-blá-blá. Conclusão, passei a manhã inteira mal-humorada.

No intervalo, fiz questão de não procurar Viny com os olhos. Já estava mesmo me sentindo uma idiota fazendo aquilo.

Aguardei minha mãe na saída da escola de cabeça baixa. Não queria ver ninguém e torcia para que o trouxa do Ruan não me procurasse mais.

Quando ela chegou, entrei no carro e logo ela percebeu meu aborrecimento.

- Tudo bem, filha? Aconteceu alguma coisa?

Dona do meu dest. - Em degustação! Onde histórias criam vida. Descubra agora