Capítulo 10

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Viny

Não perdi tempo no domingo. Logo cedo, peguei a prancha e fui à praia. As ondas não estavam muito altas, mas deu para me divertir. Jean convidou para comer um churrasco na casa dele na hora do almoço e me encontrei com Jaque lá. Confirmamos que estávamos juntos e nossos dois amigos vibraram.

Jaque era uma garota fofa e eu não cansava de admirá-la. Agora eu podia fazer isso abertamente, podia abraçá-la, cheirar seus cabelos, beijar aquela boca macia. E isso me trazia uma incrível sensação de felicidade.

Foi engraçado como o povo da escola estranhou quando nos viram juntos. Meninas inconformadas e enciumadas vinham falar comigo e, de uma hora para outra, viramos alvos de fofocas e olhares curiosos.

Caio foi um dos primeiros a me questionar.

- Ei cara, quem é você? O que fez com o meu amigo? - perguntou rindo, entre uma aula e outra. - Cê tá mesmo namorando?

Sorri.

- Pois é... quem diria, não é?

- Eu sabia que essa mina ainda ia te fisgar. Tava muito na cara seu interesse por ela, mesmo quando fingia que não.

Encarei-o de cenho franzido.

- Parecia que eu estava fingindo?

- Não sei se "fingindo" é a melhor palavra. É que, de repente, você parou de sair com as meninas, ficou mais quieto, vivia procurando ela com os olhos... Acho que você só não queria admitir o óbvio. - Ele gargalhou.

Conforme os dias foram passando, o pessoal se acostumou com a ideia e pararam de nos fazer perguntas. Eu ficava com Jaque no intervalo e aguardávamos juntos a mãe dela buscá-la na saída.

Não namorávamos durante a tarde, pois eu não queria prejudicá-la nos estudos. Combinamos de sair apenas aos sábados e domingos e, no primeiro fim de semana juntos, fomos para a casa dela após o jogo.

O quarto de Jaque era cheio de livros e bichos de pelúcia, mas não era um quarto de princesa, tipo tudo rosa e brilhante. As paredes eram brancas e tinham alguns pôsteres colados. Me surpreendi ao ver que ela curtia rock clássico. Também havia uma escrivaninha para estudos cheia de livros e apostilas e, na parede da frente, um quadro com inúmeros post-its coloridos colados.

Era um quarto organizado e ao mesmo tempo não era. Eu ri quando ela correu na minha frente para catar algumas roupas e sapatos largados e jogá-los todos dentro do armário. Tive um breve vislumbre do interior do móvel quando ela abriu a porta e fiquei imaginando se havia passado um furacão lá dentro.

Para variar, o rosto de Jaque ficou rosado quando viu que eu tinha notado a bagunça.

- Não ria. Eu vou arrumar quando tiver um tempinho - justificou-se.

- Não tô dizendo nada! - Levantei as mãos para cima em defesa ainda rindo. - Seus pais não vão ficar bravos? - indaguei quando ela fechou a porta do quarto.

- Não sei. Nunca trouxe nenhum menino pra casa antes. Quer dizer, um cara... ah, você entendeu.

- Sim, eu entendi. - Puxei-a para junto de mim e a abracei. - E você não tem medo de ficar sozinha no quarto com um cara como eu?

- Não. Não tenho. Qualquer coisa eu grito e meus pais me socorrem. - Jaque riu. - Mas não acho que vou precisar fazer isso. - Ela estreitou os olhos de uma forma divertida.

- Espero que não - falei e tomei-lhe a boca com um beijo.

Passamos várias horas juntos conversando, escutando música e namorando. Tomei café da tarde na casa dela, mas, antes de escurecer, precisei me despedir. Era sábado e eu tinha que ir para o meu trabalho de entregador na pizzaria. Combinamos de nos encontrar na praia na manhã seguinte, pois eu pretendia surfar logo cedo.

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