Viny
- É treta!
- Pega!
- Aêeeee...
- Soca ele!Gritos, palmas e assovios pipocavam ao meu redor enquanto eu pegava o filho da puta do Ruan pela gola e o prensava com força contra o muro da escola.
Eu já estava de saco cheio daquele cara. Fazia alguns meses que a gente não arrumava treta um com o outro, mas aquela eu não ia deixar passar. Minha vontade era de quebrar todos os dentes dele.
Dois de seus fiéis amigos tentaram me segurar. Um deles levou de imediato uma cotovelada no estômago. Girei, então, meu corpo para poder me livrar do outro que, ao ver meu punho no ar, se afastou rapidamente com as mãos para cima.
Ruan se aproveitou daquele momento para me dar um chute nas costelas.
Desequilibrei-me e fui ao chão, mas não perdi o foco. Quando vi o desgraçado se aproximando para me dar outro chute, movi rapidamente o meu corpo e passei-lhe uma rasteira com a perna.
Ele também foi ao chão e eu aproveitei para partir para cima dele. Apliquei dois socos em sua cara e já ia para o terceiro quando escutei o barulho da sirene da polícia que havia acabado de dobrar a esquina.
Imediatamente a roda de alunos curiosos se desfez. Escutei também a voz da tia que costumava ficar no portão da escola olhando a entrada e saída dos alunos.
- Vinicius, Ruan, o que estão fazendo? - Ela se aproximou desesperada enquanto a galera se dispersava.
Com a adrenalina ainda alta e a respiração ofegante, tanto eu quanto Ruan nos levantamos rápido do chão. Eu e ele já tínhamos um longo histórico de advertências e suspensões e nenhum de nós queria arriscar uma expulsão no último semestre do terceiro ano do Ensino Médio.
Peguei a minha mochila do chão e, sem olhar para a tia, tratei de me afastar dali, enquanto Ruan, com o nariz sangrando, seguiu com os amigos para o outro lado da rua.
- Isso vai ter volta, filho da puta! - escutei ele dizer.
Não contive um sorriso. Ele que viesse. Se havia uma coisa que eu não tinha medo, era de uma boa briga.
Não que eu fosse o valentão da escola, mas desde criança, era comum eu me meter em confusões por não aceitar ofensas ou desaforos. Na real, quem fazia o tipo valentão era o merda do Ruan junto com os amigos dele, que gostavam de intimidar os alunos mais novos ou mais fracos, como foi o caso do Sandro naquela manhã.
O garoto do primeiro ano tinha autismo, um nível leve, pelo que os professores nos explicaram, e que não chegava a atrapalhá-lo nos estudos, mas o deixava arredio e avesso às pessoas.
Quase todo mundo da escola respeitava o jeito dele, exceto por Ruan e seu séquito que, pela segunda vez desde que voltamos das férias de julho, começaram a perturbar e a ameaçar tirar seu lanche no intervalo, deixando-o agitado e nervoso.
Nunca fui um cara de me meter no assunto dos outros. Eu achava que as pessoas tinham que aprender a se defenderem sozinhas. Mas aquele não era o caso do Sandro.
Ele não sabia se defender, e eu não tolerava mais aquele tipo de abuso.
Quando vi Ruan encurralando-o num canto do pátio durante o intervalo, me aproximei e me coloquei entre os dois.
- Fica longe do garoto, filho da puta! - avisei. - Por que não mexe com alguém do seu tamanho?
- Aê, meu. Ninguém te chamou aqui. Cuida da sua vida. Tô só levando um papo com o Sandro. Não se mete, não. A não ser que você esteja a fim de tomar umas porradas.
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Dona do meu dest. - Em degustação!
Romansa⚠️ Este livro está na Amazon e por isso se encontra em degustação aqui no wattpad. Aqui vc encontrará apenas os capítulos iniciais. Sinopse: Um passado distante unia suas almas e o encontro de ambos já estava predestinado. Ainda adolescentes, eles...