Capítulo 7

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Jaque

Devo confessar que me senti aliviada por não ter ido ao jogo naquele sábado. Eu realmente tinha um compromisso, não havia mentido para Viny. Uma prima minha estava grávida e fez um chá de bebê, mas se não fosse por isso, provavelmente teria inventado outra desculpa qualquer.

Eu havia desistido de vez das minhas intenções de beijá-lo e dar uns pegas nele. Para falar a verdade, eu preferia ficar distante de Viny, pelo menos até resolver as bobagens do meu coração idiota.

Acontece que, durante a semana que havia passado, as minhas suspeitas em relação ao que aconteceu naquele churrasco, para o qual as garotas o tinham convidado no sábado anterior, se mostraram verdadeiras logo na segunda-feira. Pois Ingrid fez questão de espalhar em alto e bom som para a sala inteira, que havia ficado com o Viny, que haviam dado uns beijos e que ele era muito quente e gostoso.

Saí de perto quando escutei a conversa e me recusei a pensar no que ela estava querendo dizer com aquilo. Só de imaginá-los se beijando, o meu peito doía. Se eles tinham ido além disso ou não, eu preferia não saber.

Aquilo me machucou tanto que não quis conversar com Viny naquela semana. Eu sentia que, para o bem do meu emocional, precisava me manter longe dele. Talvez, para sempre.

Carol, que não era nada boba, compreendeu logo de cara o que se passava comigo. Vi que ela ficou irritada com a história de Ingrid. Creio que ela torcia para que eu e Viny ficássemos juntos. Mas a verdade era que não tínhamos quase nada em comum, não ia rolar.

- Não acredito que ele foi dar bola pra aquela loira intragável e sem graça! - falou Carol.

- Vai ver que ela não é tão intragável assim. Vai ver que ela beija bem e dá o que ele quer.

- Ela é uma chata e nem é bonita. Você é bonita!

- Mas não faço o tipo dele.

- Então ele tá precisando de óculos, não é possível.

Acabei rindo.

- Acho que é em outro sentido que não faço o tipo dele. - Ergui os ombros. - Não sou atirada, não sou sexy, não sei nem beijar! Sou sem graça, Carol. Caras como ele não gostam de garotas assim.

- Só se for muito tonto... - disse ela com o cenho franzido.

Dei de ombros. Para a minha tristeza, já estava claro como água que meu coração batia mais forte por Viny. Porém também estava claro que ele não queria saber de mim. No fim, aquele sentimento só me machucava, me frustrava e me entristecia.

A única pergunta que vinha à minha cabeça era: por quê? Por que justo com o Viny?

Nunca fui de me apaixonar por garotos e até tive alguns crushes na outra escola, mas também não tinha coragem de me aproximar deles. Apenas os observava de longe. Entretanto, meu interesse por eles nunca durou muito tempo. Logo eu começava a notar os defeitos de cada um e me desinteressava.

Contudo, com Viny era diferente. Ele vinha ocupando quase todos os meus pensamentos desde quando trocamos nosso primeiro olhar na porta da sala do diretor da escola. Meu coração saltou naquele dia e, depois, nunca mais sossegou.

Aquilo era uma merda! Eu detestava me sentir assim e achava que tinha que dar um jeito naquilo. Eu precisava encontrar algo em Viny que me fizesse desgostar dele. Enquanto isso, o melhor era me manter afastada.

Eu sequer tinha falado com ele sobre a prancha de surf do meu pai. Meu ânimo estava mais no chão do que sola de sapato. Talvez eu conversasse com ele sobre isso outra hora, talvez...

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