Frio

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( Pov's Harry)

Um mês depois:

Depois de tudo o que aconteceu no Salão aquela noite, muita coisa mudou. A paz de fato retornou, a polarização que antes existia entre os bruxos, havia acabado. Todos os bruxos mais influentes, as famílias mais importantes e alguns outros voluntários se juntaram para reconstruir a grande Hogwarts. Uma escola totalmente nova, mas é claro que ainda mantinha o formato exterior de um castelo. Com todas as escadarias reformadas, lustres divinos no lugar das velas, flutuando, quadros pintados pelos próprios alunos, das pessoas que haviam partido na guerra. O corredor que levava ao Salão Principal ficou cobertor desses quadros dos dois lados da parede. Foi uma forma que nós achamos de homenagear as pessoas que se foram e nunca esquecer a importâncias e contribuição delas na guerra.
 
Outra ótima notícia é que o Sr. Wesley ganhou um novo cargo no Ministério da Magia e agora ganha bem mais. Com isso ele reformou a casa. Agora ela tinha 3 andares, com sala principal, cozinha e escritório no primeiro andar, alguns quartos e banheiros no segundo andar, e no último, mais dois quartos gigantes com uma varanda que agora dava vista para um campo de quadribol ( sim, os meninos infernizaram tanto o pai, que conseguiram um), uma sala que imitava um mini-cinema ( Sr. Wesley e sua fascinação pelas coisas trouxas ) e, uma salinha menor com um tapete super fofo e alguns puffes e livros. A casa inteirinha ficou um luxo, linda em cada detalhe. Toda a família está feliz pela mudança. Inclusive, eu estou aqui por tempo indeterminado, e a Hermione e a Luna também.

Mesmo com tudo de bom que vem acontecendo no último mês, é difícil esquecer a guerra. E mesmo que "todos" estejam à mesa, sinto o olhar de Jorge um pouco triste, vagando pela mesa, em busca do seu irmão. Mas não falo nada, estou dando tempo ao tempo, esperando que ele encontre paz, e que no lugar do luto, reine as boas memórias.

Nós ajudamos a reconstruir o Castelo mas, agora que está pronto, nossa rotina está meio parada. O que tem de mais emocionante são as partidas de quadribol no final da tarde. Mas mesmo assim, é gostoso sentir paz, sentir conforto depois de tudo o que aconteceu.

(Pov's Hermione)

Após ajudar com o Castelo e com a casa dos Wesleys, ver tudo tão calmo e em paz é gratificante, por mais que às vezes seja meio parado. Os meninos ainda se aventuram no novo campo de quadribol, mas eu mesmo prefiro ficar na varanda do último andar, só observando eles, assistindo o pôr do sol ou lendo algo na pequena biblioteca que tem lá encima. A biblioteca foi uma insistência de Gina ( por mais que ela não goste tanto de ler ), mas, se tornou não apenas uma biblioteca mas, uma pequena sala onde nos reunimos todos os dias antes de ir dormir para conversar, tentar rir mas, sobretudo, sentir que estamos aqui, agora, estamos vivos e, perceber o quão incrível isso é.

Mais uma semana depois:

O frio chegou com tudo agora, lá fora a neve cai sem medo algum mas, graças às coisas humanas, a casa permanece quentinha ( sim, temos aquecedores nos três andares). Mas pros meninos isso é uma má notícia, porque está sendo impossível jogar com as condições lá fora. Eles ainda insistiram uns dois dias atrás mas, Molly endoidou com eles ( ou fingiu muito bem) e não deixou ninguém sair pra jogar. Desde então a diversão máxima deles são jogos de tabuleiro na "biblioteca" lá encima. O mini-cinema também está sendo muito bem utilizado nesse tempo. Todos os dias a noite nos reunimos para assistir algo ( Sr. Wesley virou um fã das telas, de fato, e a senhora Molly já não vive sem suas novelas ).

Terminamos de assistir o filme do dia ( algum de um tal Charlie Chaplin), o Sr. e Sra. Wesley desceram pra dormir antes do filme acabar, Gina e Luna já foram dormir também, Fred está viajando com Gui, Carlinhos e Percy para França, e Rony está dormindo em uma das poltronas do mini-cinema babando mais do que tudo em uma almofada. Os únicos acordados da casa somos eu e Harry.

Quando olhei pra ele, ele tinha um sorriso mínimo no rosto.

- Por que está sorrindo Harry? Achou o filme tão bom assim?

- O filme é bom mas, não é por isso. É só esse sentimento, paz. O prazer de ficar sem fazer nada.

Resolvi me aproximar mais dele, já que ele estava meio longe e estávamos tendo que falar alto e, Rony estava só babando do meu lado, e, puxava o cobertor toda hora só pra ele. Engatinhei rapidamente pelas poltronas que ficavam coligadas, peguei um outro cobertor e me sentei ao lado de Harry, embrulhando até os ombros e tremendo por baixo do cobertor ( nessa noite o aquecedor realmente não estava fazendo tanta diferença). Olhei pra ele e resolvi conversar, pois, mesmo estando na mesma casa, não nos falávamos tanto, ele sempre com os meninos e eu com as meninas.

- Você sabe que se você se entregar tanto assim ao comodismo, o que é conforto vira sedentarismo, né?

Sem medo algum naquele olhar esmeralda, virou para mim com um sorriso malandro e disse:

- Mas eu só parei de sair desse conforto agora, até uma semana atrás eu ia lá fora, jogava quadribol e curtia o calor do sol todos os dias, diferente de certas pessoas...

Automaticamente peguei uma almofada e comecei a bater no seu braço. Assim que fiz o movimento algumas vezes, o cobertor caiu dos meus ombros pra barriga. O frio intenso tomou conta de mim e comecei tremer de novo. Mas então senti um choque.

- Larga de ser besta e ficar batendo queixo de tanto frio, vem cá.

Harry tirou uma das mãos de dentro do seu cobertor e me puxou, deixando nossos corpos muito próximos mas, não colados. Em seguida me cobriu com o cobertor dele e, jogou o meu por cima. Não sei porque tomei um choque com isso ou porque meu coração acelerou. Certamente o primeiro foi por causa do movimento brusco e, o segundo por causa do peso dos dois cobertores, que me forçava a respirar de forma mais intensa. Eu estava de frente pra ele, encarando os olhos verdes apenas com a pouca luz que vinha da tela onde os créditos do filme eram exibidos. A respiração dele estava calma mas a minha estava pesada. Senti meu rosto vermelho e ao ver ele sorrir, o sentir envermelhar ainda mais.

- O que foi Mione? Que medo é esse de ficar perto de mim? É medo da imagem que a Horcrux mostrou da gente se tornar realidade? Ou é desejo que se torne?

Eu notei o tom de brincadeira em sua voz, mas mesmo assim não consegui responder à altura. A imagem nossa, na Horcrux veio à mente. Era vergonhosa mas não deixava de ser interessante.

- Claro que não, seu besta.

Assim que fechei minha boca ouvi os passos de Rony. Me virei desesperada, já querendo explicar a cena mas, me deparei com ele andando para um dos quartos daquele andar com os olhos fechados, batendo em algumas coisas e falando palavras sem nexo. Senti o alívio tomar conta do meu corpo Imediatamente. Assim que Rony fechou a porta do quarto, Harry disse:

- Aparentemente tu não sabe que ele é sonâmbulo ein..

- Sério isso?

- Sim, é desse jeito quase todos os dias. Ele fica andando de um lado pro outro no quarto, mexendo nas coisas e falando nada com nada.

- Nossa, nunca imaginaria isso - eu disse com o olhar distante, tentando imaginar a cena, já tendo esquecido o assunto anterior. Mas o assunto retornou.

- Por que você sentiu tanto medo quando ele levantou ? A gente não tá fazendo nada. Ou você ainda está pensando na imagem da Horcrux?

Olhei incrédula pra ele e, já estava levantando a mão para desferir-lhe um tapa quando um vento gelado entrou pela porta ( Rony saiu e não fechou a porta do cinema, só a do quarto dele). Mal pude perceber quando meu tapa se desfez no ar e eu simplesmente colei meu corpo no de Harry. O corpo dele estava quente.

- Assim não, fica desconfortável - disse ele movimentando meu corpo para que eu virasse pro outro lado.

Assim que me virei ele encaixou o corpo por trás de mim. Foi esquisito? Foi. Mas foi tão bom. O contraste era imenso no quarto, o ar gelado entrando pela porta e, o corpo quente dele colado no meu.

- Agora fica melhor, as nossas caras não batem de frente dessa forma e podemos de fato nos aquecer - disse ele enquanto passava um braço pela minha cintura, me abraçando.

Se passaram alguns minutos e ele já tinha dormido, abraçado à minha cintura. Eu sentia o corpo dele no meu, a respiração dele no meu pescoço e me lembrava da Horcrux. De repente, senti meu sangue se concentrando lá embaixo. Travei minhas pernas uma na outra, comprimindo minhas partes e, tratei de reprimir esses pensamentos e emoções e, ir dormir. 

Mais Do Que Amigos- HarmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora