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Entro na banheira. Encosto minha cabeça, fecho os olhos e suspiro fundo relaxando todo meu corpo.

Tive uma briga horrorosa com meu pai, por causa do emprego no Pub. Falou muitas merdas, mas eu fiz a proposta de cuidar do meu irmãozinho ao invés de pagar uma mulher pra isso.

Eu não parei mais de pensar no John. Tentei várias vezes desviar meus pensamentos, mas se tornou inevitável.

Aqueles lindos olhos azuis, não tem como não lembrar deles. Ah droga, como eu posso estar assim tão fácil?

Me tem inteira, mas não sabe cuidar do que possui.

—Ali, cadê você?!—Ouço a voz de Karoline, uma velha amiga da escola.

Vamos ir a igreja mais tarde.

—Já estou indo!—Falo me levantando.

Pego minha toalha. Me seco e vou a procura de um vestido. Pego o primeiro que vejo na minha frente, não queria deixa-la a espera.

Karol e eu nos conhecemos desde sempre. Na escola eramos melhores amigas. Ela é meio doidinha, mas a amo mesmo assim.

Chego na sala de estar e a vejo sentada no sofá.

—Acredita que a minha mãe mandou eu ir comprar um presente para você?—Pergunta ela me olhando indignada.

—Melhor fazer o que sua mãe mandou.—Sorrio e me sento ao seu lado.

Aperta os olhos me encarando.

—Me recuso a te responder.—Dou de ombros rindo fraco.—Aposto que o motivo pra sair do Pub não foi só para cuidar do seu irmão. Me diga agora.

—Ta bom.—Suspiro.—O John Shelby...

—Para tudo!—Quase grita. Fica em pé na minha frente.—Está se envolvendo com um Peaky Blinder?—Assinto mordendo meu lábio inferior.—Garota? Seu pai vai te matar!

—Eu sei, ta bom?!—Fico em pé na sua frente.—Mas o que eu sinto por ele vai além de tudo que me impede!—Grito com ela, logo percebo a besteira que fiz.—Me desculpe, não deveria ter gritado com você.—Suspiro arrependida.

—Ta tudo bem.—Ela sorri.—Se você for feliz com ele, jamais irei lhe impedir disso.—Sorrio.

{...}

Cubro minha cabeça com o véu, Karol faz o mesmo e entramos na igreja. Estava vazia, por isso que gosto de vir nos dias de semana.vou

Nos sentamos em um banco bem no meio do lugar sagrado. Enrolo o terço na minha mão e início minha reza.

Mamãe sempre me levou a igreja. Anne vinha até os dezesseis, mas parou, pois não se sente digna de estar na casa do senhor.

Ouço um barulho estranho, olho para trás vendo John. Volto a olhar pra frente. Se senta ao meu lado ofegante, provavelmente veio rápido.

—Você ta grávida?—Encaro ele arqueando as sombrancelhas.

—Meu Deus John! Isso é coisa de se perguntar aqui?—Dá de ombros.—Claro que não.

—Você sumiu, achei que tava escondendo algo.—Reviro os olhos.

—Ta com medo de ter que casar comigo?—Brinco.

Ele ri nervoso e se levanta.

—Se estiver escondendo algo de mim, vai se arrepender.—Assinto sem dar importância.

Me dá um beijo rápido e vai embora dali, bate a porta com força. Solto a respiração que nem sabia estar segurando.

—Agora eu to achando que vocês estão em um relacionamento sério.—Fala Karoline.

—Não estamos.—Falo sem olha-la.

—Mas ele te deu um beijo de despedida.—Olho pra ela exausta daquele assunto.

—Não significa nada, apenas amigos.—Ela dá de ombros.

—Meus instintos nunca me enganam.—Fala convencida.

Dou risada.

—Eu sou neta de ciganos, mas você que sente as coisas.—Ironizo.

—Para.—Dá um tapa no meu braço.—Eu abençoou a relação.

—Está abençoando algo que não existe.—Me viro para frente.

Eu odeio ficar me enganando.

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