- (...) Como no caso do teu irmão, tu ama-lo e isso protege em muito a tua alma, enquanto o mundo seduz o teu irmão e o coloca numa trajetória de dor. O amor que ele sente por ti auxilia-o para que não entre mais fundo nestes mecanismos de insanidade do mundo que tenta convencer o ser humano, que devia ser racional, de que a dor é boa e desejável. O amor que ele tem por ti consegue dominar o que são atitudes que podem ser nefastas diretamente em relação a ti ou que te prejudiquem, sem, no entanto, conseguir desvanecer toda a dor que ele assume para si próprio. E o que tu sentes por ele implica que o mundo te ataque também com dor, quando ele é atacado, através da nova porta de entrada que este abre dentro de ti. A dor entra e encontra logo uma barreira, porque o amor impôs-lhe logo limites de tamanha dentro de ti. Não há hipóteses de ela lhe invadir o espaço, nem sequer de se agregar a ela. Nada a dor tem a ver com o amor, nada a dor se aflige com a dor. E, então, é quando a dor lança todos os seus trunfos para tentar superar o amor, que o velho estratega, o mestre começa a treinar os seus soldados, como é o caso da esperança. Ele trabalha de forma lenta, conhece o valor do seu trabalho e não pode dar-lhe ao luxo de preparar soldados tão impreparados como a própria dor. Os seus soldados podem ser emoções como a esperança, que mesmo assim não são fracas, não precisam de birras para mostrar o seu valor. A esperança aparece, neste caso, como um efeito secundário das manifestações das atitudes que o sentimento que o teu irmão tem por ti levam o teu irmão a ter, como breves confissões de culpa ou mudanças de comportamento. Claro que ele deixou a dor entrar dentro de si e conduzi-lo por maus caminhos. Mas, esse é o filtro que nós não temos, o nosso filtro é interior. Começa logo quando a menor dor se instala dentro de nós e demonstra-se uma muralha, quando ela se tentar intensificar. É uma consequência da nossa passagem por este mundo, a Terra precisa ser experimentada e ela não foi fabricada para nos trazer infinitamente coisas boas. Escolhemos sair do lugar das coisas boas já algum tempo atrás, mas Alguém nos disse, que depois desta prova talvez pudéssemos regressar a esse lugar, que é esse lugar fabuloso por lá podermos viver em comunhão, ver esse Alguém. – e passado alguns instantes de silêncio – O amor transforma pessoas e o amor que sentes pelo teu irmão e que ele sente por ti transforma-vos em pessoas melhores. Nem toda a dor que chega até ti por causa do teu irmão consegue ser efetivamente combatida pelo amor. Porque, há dores que tem isso como motor de entrada, mas são mais do que tudo tuas, não tem a ver com o bem-estar do teu irmão ou da vossa relação, mas que poderiam entrar de qualquer forma em ti. Porque, tu cultivas o seu remanescente como a dor provocada pelos teus complexos de inferioridade. De repente, o mundo usa a situação do teu irmão para te incutir insegurança sobre ti mesma, porque foste incapaz de o colocar no bom caminho, de ser uma boa mãe para ele, enquanto, em termos biológicos, te é dito que devias ser uma irmã para ele.
Laila respirou fundo:
- Acho que a complexidade de tudo o que disseste não está em entender tudo o que me disseste em relação ao amor que tenho pelo meu irmão. Está em perceber como esses ensinamentos também me parecem verdadeiros para outros tipos de relação que eu tenho. Fazes-me olhar para esses medicamentos e perceber que a maior culpada por consumir o que vem dentro deles sou eu mesma.
Margarida corrigiu:
- Tu tens culpa sim e as circunstâncias que o mundo te cria também. Porque, se por um lado, és um ser, como todos os outros seres humanos, que pode deixar a sua alma ser consumida pela dor, és por outro lado, um ser criado para ser luz. Que pode se tornar um ponto de luz no mundo!
Laila estava pensativa. Não propriamente em relação à última fala da amiga, mas em relação a tudo o que ela tinha dito anteriormente. Margarida que conhecia bem Laila, pelo menos, para saber quando algum pensamento não completamente esclarecido a chateava, incentivou a irmã de Elton a falar.
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De regresso a casa...
RomanceTalvez seja este o momento para me questionar sobre o que devo escrever. O que poderia, de facto, ser inspirador? O que me poderia ajudar a transmitir a minha mensagem? Penso em começar pelo início. Ou melhor, pelo reencontro com uma das personagen...