Prólogo

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Angel Cisneros, desde pequena, sempre teve lindos cabelos loiros cacheados, combinando com um par de olhos azuis iguais aos da sua mãe. Lídia Cisneros, diferente de Angel, havia puxado o seu pai, que tinha como principal característica cabelos castanhos e olhos quase no mesmo tom de seus cabelos.

Além da diferença dos traços físicos, Angel e Lídia também tinham personalidades diferentes, que muitas vezes entravam em atrito, gerando brigas incessantes por coisas mínimas.

Lídia era cinco anos mais nova que Angel, e sempre percebeu coisas em sua irmã que ninguém mais percebia. Ela sabia que a garotinha loira de olhos azuis carregava uma maldade dentro de si, mas naquela época, sendo apenas uma criança, classificava aquilo apenas como picuínha.

Ainda era nítido em sua mente lembranças terríveis dos atos daquela menininha durante a infância. Enquanto Lídia tinha cinco anos, Angel tinha dez, e as duas moravam em uma cidade do interior de São Paulo, junto com seus pais. A casa em que residiam, apesar de não ser muito grande, continha dois andares.

As duas garotas pequenas sempre haviam sido orientadas a tomarem cuidado ao subir e a descer aquelas longas escadas que conectavam o primeiro com o segundo andar. Lídia nunca pensou que além de tomar cuidado com as escadas, também teria que tomar cuidado com a sua irmã.

Em uma manhã, enquanto a menina de cabelos castanhos descia os degraus calmamente após acabar de acordar, ainda meio sonolenta, sentiu duas mãos em suas costas, fazendo com que ela caísse escada abaixo. Em desespero, sua mãe, Branca, e seu pai, Antenor, apareceram rápido para ajudá-la. O tombo lhe rendeu vários arranhões, e algumas marcas roxas pelo corpo, mas mesmo assim, Lídia não havia entendido o que havia acontecido.

— Falei para descer as escadas com atenção, Lídia! — A sua mãe pronunciou, com voz de repreensão, enquanto seu pai pegava pomadas e curativos para colocar no machucado.

— É Lídia, tem que ter muita atenção. — Angel apareceu, descendo as escadas com lentidão, e com um sorriso complacente estampado em seu rosto.

Lídia, por algum motivo, soube naquele momento que não havia sido um acidente. Havia sido intencional. Angel havia lhe empurrou daquela escada de propósito, com a intenção de lhe ferir.

Angel, O demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora