Oito | Angel, A anfitriã.

37 15 52
                                    

Observando o rosto sereno se Apolo dormindo em suas coxas, Lídia sentia-se totalmente feliz. Era frequente que os finais de tarde fossem daquela forma. O homem, que até então sempre aparentou ser tão sério, deitava-se no colo da garota, e juntos ficavam assistindo televisão. Por mais que ele não assumisse, o real motivo para deitar-se no colo de Lídia era sentir os movimentos da sua barriga, que em seus nove meses de gestação, era cada vez mais frequente.

Naquele mesmo dia em que ambos abraçaram-se na cafeteria, e tiveram conhecimento da responsabilidade que estaria chegando, engataram um relacionamento. Para Apolo, a relação que tinha com Lídia era totalmente diferente da que tinha com Angel. Com Angel era descontrole, turbulência e exasperação. Com Lídia era calmo, suave e quase bom demais para ser verdade. No fundo, ambos tinham medo daquilo um dia acabar.

O eco da campainha tocando perpetuou por todo ambiente do pequeno apartamento em que morava, porém, como Apolo tinha o sono pesado, permaneceu dormindo. Lídia saiu minuciosamente do sofá, tomando cuidado para que ele não despertasse, colocando a cabeça do rapaz sorrateiramente de lado.

Em passos rápidos, a garota chegou até a porta do apartamento, e assim que abriu, deparou-se com as pessoas que menos esperava encontrar naquele momento. Lucas e Natália. Fazia meses em que não via os dois.

— Caramba, você está parecendo um planeta. — Natália pronunciou, ao vislumbrar a barriga de Lídia. — Quantos meses?

— Nove.

— Quando nasce? — Dessa vez, foi Lucas quem perguntou.

— Daqui uma semana.

— E como está o burguês? — A garota de cabelos vermelhos questionou, e automaticamente, os outros dois integrantes que escutaram caíram na gargalhada.

— Dormindo.

Apolo ainda não gostava de Lucas, e muito menos de Natália. Eles evitavam comparecer no apartamento de Lídia para não encontrá-lo e gerar discussões. O único lugar em que o trio poderia conversar sem nenhum tipo de problema era o campus, pois a garota também não arriscava comparecer na pequena loja em que trabalhavam, pois já havia sido expulsa de lá uma vez.

— Por que estão aqui?

— A gente descobriu uma coisa. — Lucas prosseguiu. — Pode não significar nada, mas...

— A Angel não está exatamente no inferno. — Natália tomou a voz, interrompendo a fala de Lucas. — Há muitos anos atrás, havia uma taberna chamada "taberna infernal" não muito longe daqui. Esse lugar foi fechado, pois dizem as más-línguas que eram realizados cultos satânicos e rituais de magia negra naquele lugar. Eles sacrificavam animais.

— A gente acha que o "inferno" mencionado no tabuleiro pode ser a taberna infernal. Hoje em dia é um lote abandonado, ninguém entra lá, todos tem medo. — O garoto prosseguiu.

— Vamos até lá? — Lídia questionou, com receio.

— Era a intenção, mas com essa barriga, não vou com você nem ferrando. — A garota gesticulou com as mãos, simulando uma barriga enorme.

— Estou grávida, não doente. E outra, o que de mal pode acontecer se olharmos o local apenas por curiosidade?

— Podem ir vocês duas. Vou fazer companhia para meu grande amigo Apolo. — Lucas pronunciou, entrando sorrateiramente pela casa, tentando esquivar-se daquela situação.

— Pode parando. — Lídia parou a entrada do garoto com as mãos. — Vocês negariam um pedido à uma grávida? Se não me acompanharem, vou sozinha.

Angel, O demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora