Frosty Hearts

SABRINA

Cheguei para o treino as 6:30 da manhã, pois quanto antes eu chego menos gente tem aqui e como esperado, nem meu treinador chegou ainda. Aproveito para me alongar fora do gelo por uns minutos, mas já começo a patinar, faltam dois meses para o campeonato nacional e preciso estar mais do que preparada. Logo minhas colegas começam a chegar e meu treinador também. Ele pega pesado conosco pelas próximas duas horas, e seus gritos que já são altos, se intensificam, pois o time de hockey está treinando também. Sim tem outro rinque ao nosso lado cheio de homens violentos correndo atrás de um disco minúsculo. Claro que o normal seria eles treinarem no próprio estádio, mas pelo que eu soube houve um alagamento que destruiu o rinque deles e até segunda ordem eles vão estar aqui. Aposto que só porque estão bem nessa temporada. Eu vi eles algumas vezes indo pro vestiário, mas ja conhecia a maioria por que eles moram aqui e também vi na TV. Mas a ideia desses caras invadindo o nosso espaço, usando nossas coisas... fico PUTA. Não sou egoísta, só que demorou para conseguirmos este lugar, e jogadores de hockey tem tudo na mão porque, bem... são jogadores de hockey, não preciso explicar mais nada.

- Sabrina! Trate de dar um triplo antes que eu... - Chad, meu treinador grita a plenos pulmões para mim. Como se eu não estivesse tentando.

Chad Yuskova é meu treinador há cinco anos, já estou acostumada com suas ameaças, mas ele ainda assusta as novatas. Desde que largou os campeonatos ele soltou a fera de dentro de si e vive explodindo. No fundo sei que em parte ele espera nos inspirar.

Saio do gelo e solto meu cabelo, estou tentando fazer com que cresça, mas mantê-lo preso desse jeito não ajuda, parece que faz anos que ele está no meio das costas, o suficiente para cobrir meus seios

- Sabri! - Carol minha melhor amiga vem até mim - me deixa na facul? Pode ficar com o carro hoje.

- Claro, só vou pegar minha bolsa no armário, me encontra no carro - vou em direção aos armários e encontro uma avalanche de homens enormes e suados carregando tacos.

- Ei cara, cuidado com a borboletinha - um deles fala e dá um empurrão em um dos caras que estava prestes a bater em mim. Ele passa devagar e me olha de cima a baixo. É o capitão do time, Andrew Campbell.

- Será que dá pra você parar de me secar? - Falo olhando duro para ele que abre um sorriso de lado. Não dou tempo para ele responder e continuo meu caminho

- O que foi linda? - Jake, meu par/rolo/namorado? Me encontra bufando

- Nada, vem - ele ergue uma sobrancelha para mim e o puxo para o final do corredor - esses caras só são uns idiotas que gostam de provocar qualquer coisa com peitos que veem pela frente

- Eles estavam mexendo com você? - Ele se adianta e pega minha bolsa no armário, depois se volta para mim seus olhos cor de mel lendo cada feição minha.

- Só estavam sendo garotos, você sabe, coisa que você já fez comigo - dou uma piscadela e ele retorce o rosto

- É, só que nesse caso só eu posso fazer isso - ele passa um braço por meus ombros e saímos para o estacionamento.

Eu e Jake somos dupla de patinação a mais anos que consigo me lembrar, mas faz pouco menos de 4 meses que ele se mostrou interessado em mais do que patinar comigo. Eu gosto dele, quero dizer, o cara é lindo, tem olhos cor de mel um sorriso perfeito e cabelos castanho claro, é alto forte e tudo mais que tenho direito, carinhoso, protetor... basicamente um sonho. Só tenho medo de isso não dar certo e eu acabar perdendo meu amigo mais antigo e minha dupla de campeonato.

Deixo Carol na faculdade, passo em casa e vou a pé pra lanchonete que trabalho por meio período para cobrir as despesas do meu apartamento, que fica ali perto. O que ganho com os patrocínios nem sempre é suficiente, infelizmente patinação é um esporte caro, roupas, treinador, patins, fisioterapia e por aí vai. Antes meus pais me ajudavam, mas quando contei que não ia continuar na faculdade e que patinar seria minha profissão a ajuda em forma de cheque parou de chegar. Eu sou boa no que faço, sei disso, e estou em terceiro no ranking geral dos EUA, claro que não vou competir pra sempre, mas posso muito bem virar uma treinadora raivosa igual o Chad.