Paixão

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-Muito bem, agora você se escora em mim

Ela estava me ajudando a sair da cama.

Eu vinha mostrando uma melhora progressiva com o tratamento que fazíamos, e naquele momento depois de tanto tempo eu ficava de pé novamente.

Meu único braço a envolvia pelos ombros e minhas pernas agora já um pouco mais fortes, mas mesmo assim ainda levemente tortas, davam sinal de melhora.

Era estranho pôs os pés no chão

Era estranho não estar mais na horizontal

Meu corpo inteiro parecia estranhar aquela nova posição

Eu olhava para meus pálidos e ósseos pés até que ela foi largando minha cintura erguendo seu olhar até o meu

Seus olhos tinham um ar doce e tranquilo e ela já não parecia mais a mulher que havia matado um homem a poucos dias bem naquele quarto.

A senti suspirar quando me olhou nos olhos

Ali eu poderia jurar que pude vislumbrar um pouco do que ela sentia por mim

E era forte, intenso...

Por fim sorriu e foi se afastando buscando ter a certeza de que eu estava firme e não perderia o equilíbrio

Quando estava afastada o suficiente eu busquei me equilibrar.

-Veja só você, está de pé!

Ela uniu as mãos junto ao corpo e estava sorrindo quando ergui meu olhar

-Acha que consegue dar um passo?

Me perguntou

Eu então respirei fundo, não tinha muita firmeza mas mesmo assim o fiz

Tentei levantar um dos pés mas tudo que fiz foi arrastá-lo meio sem jeito

Pendi para o lado um pouco mas ergui o braço buscando me reequilibrar

Consegui e então fiz o mesmo com o outro pé

Ela bateu palmas e a olhei, não me contive e sorri

-Você está andando!

Então tomei ar e fiz novamente, dessa vez mais rápido, não foi uma boa atitude já que meus fracos joelhos não aguentaram o gesto e eu os senti falhando

A fincada veio certeira e antes que pendesse para o chão ela rapidamente me amparou

Eu praticamente cai nos braços dela

-Vamos com calma, um passo de cada vez.

Eu concordei e logo já estava na cama novamente.

Não perguntei o que ela havia feito com o corpo do policial, na verdade eu tinha receio em perguntar, eu não queria saber.

Assim os dias se passaram e sempre que eu tinha uma oportunidade tentava me levantar da cama. Sempre que ela estava ausente seja cuidando da casa, cozinhando ou saindo para repor o que faltava em nosso convívio.

Cada dia que passava eu me forçava a dar mais um passo, quando finalmente cheguei até a janela eu sorri satisfeito, praticamente gargalhei.

Eu não explanava minha melhora para Sakura, ela que era a rainha das surpresas teria a sua própria.

Eu faria tudo certo!

Ela estava diferente desde aquele sonho que eu tive.

Sua loucura parecia algo vago ou até mesmo inexistente.

Louca PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora