Ela sorriu para mim.
Assim que percebeu que eu a encarava, pude notar como apertava a bolsa de soro entre as mãos a torcendo entre os dedos de forma visivelmente nervosa.
Abri a boca sutilmente para dizer algo mas minha voz simplesmente não saiu.
Ela continuou ali, parada, apenas me olhando.
Me remexi e naquele momento senti uma forte pontada, seguida de outra, e mais outra...
Parece que o efeito do remédio que havia naquele soro estava passando
Minha cara de sofrimento deve ter me entregado pois só assim ela pareceu reagir.
-Você deve estar com dor, vou buscar outra bolsa pra repor essa.
E se virou saindo do meu campo de visão, foi tão rápido que mal tive tempo de raciocinar, mas agradeci mentalmente por ela ter ido em busca de outro medicamento pois as fincadas e a dormência que estavam presentes na minha cabeça eram os sinais indicativos que eu estava mais "quebrado" do que podia imaginar.
E os minutos longe pareceram longos demais quando a dor se tornou mais intensa, quando voltou ela trazia novamente um soro em uma das mãos e uma seringa na outra.
Eu a mirava atentamente, seguia cada movimento e sequer me ative em mais alguma coisa, só queria que aquilo passasse.
Por Deus, que aquilo passasse.
Assim que senti os dedos finos e gelados em minha pele ela ganhou minha atenção.
-Você está sangrando.
Constatou ao ver o local onde mais cedo a agulha havia saído do lugar devido a meus movimentos incontidos.
Pensei que ouviria algum tipo de reprimenda mas não foi o que aconteceu, ela apenas se afastou por um momento indo até a mesa próxima a janela trazendo gaze e álcool, nem sequer havia reparado naquilo ali quando acordei.
Não havia reparado em nada, apenas nela.
O pinicar seguido do nervoso da agulha sendo colocada no lugar não foi nada quando o líquido gelado do soro desceu pelo cateter até encontrar minha veia, a ardência momentânea significava que havia alguma coisa ali.
-Você vai sentir um leve incômodo de início, mas já vai passar.
Ela me dizia passando a gaze com álcool sobre minha pele.
-É morfina, para a dor.
Então pousou meu braço de uma maneira delicada demais sobre meu corpo e deu a volta.
Seus movimentos eram lentos mas certeiros, ela parecia saber o que estava fazendo.
Me surpreendi quando subiu sobre a cama e abaixou os cobertores.
-Isso é um tipo de penicilina, para combater infecções.
Disse quando recolheu meu outro braço subindo a manga do pijama e logo em seguida já aplicando o conteúdo do liquido que estava na seringa que trouxe entre as mãos com a nova bolsa de soro.
Quando terminou, baixou o tecido e olhou para mim.
Os cabelos cor de rosa lhe caiam suavemente sobre a boca e então juntando as forças que me sobraram forcei minha voz a sair
-Obrigado.
Ela apenas sorriu.
Por fim ajeitou novamente os cobertores sobre mim e antes de se afastar completou
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Louca Paixão
FanficO destino é algo engraçado, as vezes é preciso morrer para sentir-se vivo. Foi isso que sentiu quando o carro capotou, quando o vidro se partiu, quando o sangue transbordou. Mas existia uma luz no fim do túnel, e sua luz tinha olhos verdes... -Eu so...