5. I live to let you shine

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Yeji não sabia com quem ela estava mais brava: com ela mesma, ou com todo mundo.

Todos estavam no salão de jogos do hospital, decorando o lugar. Chan se equilibrava em uma escada enquanto pendurava uma faixa toda colorida com "feliz aniversário!" escrito em letras garrafais enquanto a própria Yeji dava comandos ao cuidador de longe, para não terminarem com a faixa torta; Yuna despejava salgadinhos e doces em potes de vidros roubados temporariamente da cozinha, distribuindo-os por toda extensão da mesa improvisada feita de várias mesas pequenas com uma toalha branca para escondê-las; Felix enchia balões transparentes com pequenos confetes coloridos dentro com o auxílio de uma máquina que Yeji não fazia ideia de onde saíra. Moon Bin estava sentado ao seu lado, encarregado de amarrar os balões entre si. Estaria encarregado, se Yeji não estivesse torrando sua paciência completamente.

- Bin, por favor! Eu te deixo até ficar com o troco! – A garota repetiu com um olhar de súplica pela trigésima vez, mas virou o rosto rapidamente. – Chan, um pouco mais pra cima. Isso... Não. Agora foi pra cima demais.

- Eu tenho cara de mendigo pra você me oferecer troco, por acaso? – O cuidador mais novo fez cara feia para a paciente e baixou novamente o olhar, torcendo dois balões entre si. – Vai você.

- Você sabe que eu não tenho permissão para sair! – Yeji reveza a atenção de um cuidador para o outro, rapidamente. – Agora só estica mais um pouquinho. Isso! Pode descer daí, não aguento mais ver essa escada bamboleando e você aí em cima.

Chan soltou o ar que estava segurando inconscientemente de tanto medo que estava da escada – provavelmente mais velha que ele mesmo – cair, e começou a descer devagarzinho. Fez uma nota mental de avisar a equipe de manutenção que trocassem a escada móvel do hospital, pois nem Somi nem ninguém o fariam subir nela de novo.

- Eu, Moon Bin, autorizo Hwang Yeji a sair do hospital. Pronto. Quer a minha meia também, elfo livre? – Yeji revirou os olhos, sem achar graça nenhuma na referência.

- Eu sou a única aqui que vai conseguir distraí-la caso ela queira entrar no salão! Chan e Yuna só foram liberados para ajudar a arrumar tudo, mas ainda estão em turno; não podem passar tempo com Somi. Por favor, Bin, vai lá.

Bin olhou para Chan e Yuna em busca de ajuda, mas o cuidador e a estagiária apenas deram de ombros como se dissessem "ela tem razão". Aquilo não passou despercebido por Yeji, que cruzou os braços, de queixo erguido. O cuidador mais novo apenas suspirou enquanto largava os balões; aquela era uma guerra perdida.

- Tá bom. O que tenho que comprar mesmo?

- Isto aqui – Yeji tirou o celular do bolso e mostrou para o garoto. – Vou transferir o dinheiro para você, com o suficiente para seu táxi também. Vem cá, me diz qual sua conta.

Chan tomou o lugar de Bin e começou a torcer os balões que Felix entregava entre si enquanto observava o outro cuidador passar os dados de sua conta para a amiga de Somi. Yeji estivera emburrada durante todo o tempo que passaram arrumando o local, porque descobrira sobre o aniversário de Somi naquela mesma manhã e ninguém havia a avisado com antecedência, então não tinha comprado nenhum presente. Chan se sentiu um pouco culpado de não tê-la avisado e apenas deduzir que a garota sabia, porque ambas eram amigas há poucos meses e Somi não era do tipo de se abrir e falar sobre si facilmente.

- Chan? – Chan desviou o olhar, e deparou-se com uma Yuna de mãos entrelaçadas, meio nervosa. – Eu posso ir? Sana disse que ficaria no meu lugar só por meia hora, e não quero levar bronca... Já terminei de arrumar a mesa, e deixei um espaço para o bolo. Você pode colocá-lo ali quando chegar?

O cuidador abriu a boca para responder, mas a porta abrindo fez todos no salão congelarem com a possibilidade de a aniversariante tê-los descoberto.  A tensão se dissipou assim que uma caixa enorme da confeitaria que Somi adorava apareceu pelo batente, seguido de um senhor alto e esguio com uma cara simpática, aparentando estar nos seus 50 e vários anos, com um balão em forma de número 2 e outro de número 0 flutuando atrás e si.

𝚂𝚃𝙰𝚁𝙵𝙰𝙻𝙻Onde histórias criam vida. Descubra agora