7. A soul in tension that's learning to fly

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Somi remexeu na barra do vestido com as duas mãos, depois girou o anel do dedo, e por último tocou a presilha descascada na cabeça. Respirou fundo uma vez. Respirou fundo duas vezes... e se virou para voltar.

Teria voltado, mas trombou com o tronco de Hyunjin, que estava apenas parado, pacientemente, atrás de si. Aquela mesma cena já se repetia pela quinta vez desde as escadas até o final da extensão da recepção, e Yuna observava apoiada na bancada de mármore acima do balcão da recepção, curiosa. O garoto loiro, que naquele dia usava um suéter azul e os cabelos soltos, apenas segurou os ombros da amiga e a girou de volta para frente, dando um leve cutucão em suas costas.

- Jinnie, eu não consigo. Vamos voltar, ir em algum café, qualquer coisa. – Somi tentou se virar, mas o amigo havia voltando a segurar seus ombros, firmando-a no lugar.

- Nem pensar, você consegue sim – Hyunjin, que normalmente tinha a expressão divertida, estava sério. Ele tinha noção de que tudo aquilo aconteceria, então chegou 30 minutos antes para se certificar de que a amiga iria para a consulta. – Falta só alguns metros, Somi, vamos.

- Consegue o quê? – Yuna perguntou, saindo de trás do balcão.

- Hoje é a primeira consulta de verdade da Somi com a psicóloga nova – Hyunjin respondeu, sem tirar os olhos da amiga.

- Sério? Somi, isso é incrível! Os pacientes têm falado muito bem dela – A recepcionista deu pulinhos até onde Somi estava e pegou sua mão, puxando. – Vem, eu te ajudo.

Todos a estavam ajudando. Yeji tomou café com ela, depois de um acordo de que raparia o prato todinho, contanto que ela comparecesse na consulta. Moon Bin desejou um "boa sorte" ao passar por ela para se sentar ao lado de Yeji, assim que Somi se dirigia para a porta do refeitório. Chan estava de folga, mas Hyunjin reproduziu um áudio que o cuidador mandara em seu celular, e o coração de Somi ficou quentinho ao ouvir as palavras de apoio e conforto do amigo de cabelos escuros para ela. E agora, quando ela começava a hesitar de novo, Yuna a puxava consigo. Era quase como se os astros a estivessem empurrando para o destino certo, não permitindo que ela gastasse mais um segundo sequer na solidão de seus problemas.

Somi não tinha mais apenas Chan e Hyunjin. Somi tinha Yuna, Yeji, e até Bin também. Se o destino estava construindo a trilha com os tijolos perfeitamente alinhados e brilhantes para ela, não havia motivo para que se perdesse na escuridão de novo. Apenas liberou a tensão dos ombros e deixou que a recepcionista a puxasse em direção à ala clínica, com um Hyunjin esperançoso em seu encalço.

Quando deixou o sorriso encorajador dos dois para trás e abriu a porta de um dos vários consultórios do hospital, um calafrio percorreu sua espinha. Já estivera em consultórios semelhantes àquele, e não conseguia evitar a aversão. Analisou tudo demoradamente, desde as prateleiras com os diversos títulos espalhados, as esculturas de porcelana perfeitamente alinhadas nos balcões do outro lado do cômodo, e por fim o crachá preso ao jaleco da mulher sentada em uma poltrona, aguardando. Kim Taeyeon.

- Bem-vinda – A psicóloga indicou a poltrona confortável em frente a sua. – Pode se sentar. Ou ficar de pé, se preferir, mas creio não ser tão confortável.

- Olá – Somi murmurou, hesitante, enquanto se sentava na poltrona indicada.

- Sou Kim Taeyeon, e fui indicada pelo próprio presidente Hwang para cuidar de você. Ouvi dizer que suas terapias anteriores se mostraram falhas, mas que dessa vez a iniciativa foi sua – A psicóloga se recostou na cadeira, passando confiança. – Poderia me explicar?

- Eu só... Achei que bastava, precisava parar de fugir. O mundo continua girando, não é? – Somi juntou as duas mãos no colo, apreensiva.

- É claro. E o que a fez pensar assim, Somi?

𝚂𝚃𝙰𝚁𝙵𝙰𝙻𝙻Onde histórias criam vida. Descubra agora