6. I'll be the light to guide you

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- Senhor, me perdoe, mas eu preciso tirar uma amostra do seu sangue.

Já fazia 15 minutos que estava ali, e a única coisa que Jisung havia conseguido realizar era a assepsia do braço do paciente. Ainda segurava o algodão molhado de álcool na mão enquanto tentava convencer o senhor cético em relação aos exames, para caso de necessitar limpar o braço novamente antes de perfurá-lo. Se sequer conseguisse pegar a agulha na mão.

Levara pessoalmente a mesa com todos os equipamentos até o andar do quarto do senhor Ong, para que o paciente não tivesse para onde fugir. Esperou pacientemente do lado de fora do quarto até que saísse, levando-o consigo até um dos sofás espalhados pelos corredores para que realizasse a coleta.

- Faz uma semana desde que enfiaram essa agulha maldita em mim, nem pense que vou deixar me furar de novo hoje! – Enquanto o senhor discursava, Jisung colocou o garrote rapidamente no braço do paciente, sem dar tempo de o mesmo protestar. Teria que fazer aquilo na base da força, infelizmente.

- Já faz 1 mês desde o último exame, senhor. Precisamos continuar com o acompanhamento de seus níveis plasmáticos – Disse, pegando a seringa da mesa, mas o senhor teimoso bateu em seu braço, fazendo com que a seringa caísse de volta na mesa de metal.

- Níveis plasmáticos? Que porcaria é essa?! – O paciente já estava vermelho àquela altura. – Escuta aqui, jovem, já faz 6 meses que não coloco um pingo de álcool na boca, já estou quase curado! Não preciso dessas bobagens!

- Senhor... – Jisung já estava pronto para o segundo round de discussões, mas ouviu uma risadinha no corredor vindo em sua direção e desviou o olhar rapidamente, apenas o suficiente para ver os cabelos loiros de relance. Ah, não. Ele não.

- Senhor Ong! Quanto tempo! – Hyunjin se aproximou, cumprimentando o paciente de cabelos brancos e ralos. – O que houve? Este enfermeiro está te torturando, imagino?

- Eu já disse que estou bem, mas ele continua dizendo que precisa acompanhar meus níveis plasmósicos... – Enquanto o velho continuava falar, Hyunjin desviou o olhar por meio segundo para Jisung. Aquilo foi o suficiente para enfermeiro entender o aviso, e rapidamente recuperou a seringa, destampou a agulha e perfurou o local onde a veia azul já se destacava bastante devido ao garrote. O paciente demorou alguns segundos para perceber o que estava acontecendo, devido a distração. – Ah!! Seu enfermeirozinho de mer-

Jisung abriu o garrote em um piscar de olhos e puxou a agulha de volta com destreza para evitar que o senhor se machucasse, mas não viu a mão livre do mesmo descendo em sua direção. Antes que o pior acontecesse e a agulha acabasse perfurando o próprio enfermeiro, Hyunjin segurou o braço do paciente no ar com uma mão e tirou agilmente a seringa da mão de Jisung com a outra, colocando-a de volta na mesa. Jisung, atônito, mal viu tudo acontecer e ainda estava com a mão posicionada como se segurasse uma seringa fantasma. Com um cutucão do cotovelo de Hyunjin para lhe tirar do transe, se pôs a segurar um algodão e em seguida gastou alguns momentos aplicando um curativo onde a agulha perfurara segundos antes no braço do velho que ainda resmungava.

O enfermeiro voltou-se para a mesa para depositar a amostra de sangue nos devidos tubos, mas percebeu que a tarefa já havia sido completa. O sangue já estava todo distribuído corretamente entre os tubos necessários e a seringa estava depositada ao lado, esperando para ser descartada. Retirou as luvas descartáveis, surpreso por Hyunjin fazer aquilo corretamente enquanto ele mesmo finalizava o curativo do senhor atrás de si. Virou-se para o garoto loiro para contestá-lo, mas percebeu que o mesmo já estava com a atenção voltada completamente para o paciente.

- Senhor Ong, – começou, se abaixando para ficar da altura do velho sentado à sua frente. – Sabemos que já está praticamente curado, mas o senhor teve que tratar o fígado antes de ser internado aqui, não teve? – Sr. Ong concordou, envergonhado. – Quando se tem problemas como o seu, o fígado fica bastante danificado e produz em menor quantidade do que devia umas coisinhas no nosso sangue chamadas proteínas plasmáticas, que são muito importantes. É responsabilidade do hospital acompanhar os níveis delas e de muitas outras coisas no seu sangue, devido ao seu tratamento anterior. Não estamos acusando você de ainda estar doente; muito pelo contrário, estamos nos certificando de que o senhor permanece saudável. Entende?

𝚂𝚃𝙰𝚁𝙵𝙰𝙻𝙻Onde histórias criam vida. Descubra agora