Capítulo 9

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Por Dulce María

00h39
Abri os olhos, desta vez menos pesados. Mais tudo estava embaçado e não deixando que eu visse onde eu estava.
Minhas dores diminuíram o pouco, mas me sinto meio grogue. Estou sentada no chão, envolvida. Como fui parar ali? Focalizo. Não sei exatamente onde estou. Mais vejo uma maca com enfermeiros e médicos em volta dela. No teto há uma lâmpada baixa fosforescente. Do lado da maca, uma mesa com rodinhas cheio de instrumentos medicinais.
Me levanto de onde estou e então percebo minha regata branca suja de sangue logo abaixo do peito. Levo a mão até o local mais não sinto nada. Reparo que tenho cortes pelos braços e pernas que também não doem. Meu short jeans está um pouco rasgado e tenho um corte na coxa. Olho assustada pelo fato de todos aqueles machucados não doerem. Caminho até a maca mas ninguém parece me notar. Como eles deixam uma pessoa no meu estado no chão e ainda deixam eu entrar numa sala de cirurgia sem essa coisa verde e a máscara? De qualquer forma, seria um insulto eu usar isso.
Me aproximei mais e então parei. Não podia ser. Eu estava vendo eu deitada e aberta. Os médicos conversavam entre eles, falando termos e mais termos medicinais que só tinha ouvido em filmes e olhe lá! Um pedia o outro obedecia. Outro checava os aparelhos. E eu estava ali, deitada e apagada. Aberta enquanto os médicos fazia sei lá o quê.
Eu deveria estar sonhando, obviamente. Como estou fora do meu corpo e me vendo? Há não ser que eu tenha.. morrido.
Ai, Deus meu!
Não seja burra Dulce Maria! Se você estivesse morta, eles não estariam te operando é muito menos não haveria batimentos cardíacos. Conclui, afinal.
Então eu só podia mesmo estar sonhando não é?

03h49
Estou sozinha no quarto. Bom, não exatamente sozinha. Tem eu invisível e eu apagada - ou em coma como disseram - e há também algumas enfermeiras que vêem me visitar me trinta em trinta minutos.
Checando todo aquele equipamento.
Agora veio dois enfermeiros, Luiza e Juan.
Fiquei sabendo que ela tem duas filhas. - suspirou - Já pensou se ela não acordar?
Sim, eu as vi. São gêmeas, duas garotinhas lindas. - ele disse e depois anotou algo antes de prosseguir - O marido dela, é a cara das filhas e disseram que ele não desgruda delas. Há também uns amigos não é?
Sim, uma desmaiou pensando que ela tinha morrido. Pelo que a Lola disse, ela também está grávida.
Uau - Juan disse e me encarou - Quantas emoções para esse grupo!
Nem me diga! - ela me olhou com pena - Mais o marido dela parece que é o que mais sofre. Pelo menos quando o vi, ele estava olhando para as duas menina com o olhar perdido.
Bom, não há nada que ele possa fazer, não é mesmo? - Luiza assentiu. - No final, só depende dela.
Você acredita mesmo nisso não é? - ela riu baixo.
Sim, só depende dela querer voltar. - ele disse e logo após continuaram a conversar sobre isso.
Me sentei na cadeira perto da cama e fiquei me olhando.
Meus amigos estavam aqui e minhas filhas. Quase senti um aperto do peito, mas eu era o que? Um espírito? Fantasma? De qualquer forma, não pode sentir meus machucados então sentimentos também não poderia sentir, certo? Errado.
Senti meu coração partir no meio. Minhas filhas. E eles disseram que alguém estava grávida. Mai ou Any? Não sei. Mai não queria engravidar, já que sua carreira de famosa estava no ápice do sucesso. E Any tivera complicações com a gravidez de Miguel, não sei se engravidaria de novo.
E eles disseram que meu marido não desgrudava das minhas filhas. Rodrigo já estaria aqui? Mais ele nunca foi próximo delas e elas não o suportam - verdade seja dita.
Então quem era?
Não precisei pensar muito. Já que nesse instante a porta se abriu e ele apareceu.

06h19
Quando ele entrou não pude acreditar. Eu senti meu coração acelerar ao ver ele com cara amaçada. Com aquela mesma cara de quando brigamos e ele dormiu no sofá. O cabelo estava bagunçado, olhos vermelhos e inchados (como de quem quisesse chorar) e sua camisa completamente amarrotada. Mais ele não parecia ligar para isso.
Por que fez isso comigo Dulce? - ele sussurrou e começou a chorar - Já sei. Você é diferente não é? - continuou - Claro que é, mas porra Dul, precisava mesmo disso? Tu quase me matou mulher.
Você já me disse isso. - disse como se ele pudesse me ouvir.
Verdade, já disse mesmo - ele falou como se tivesse escutado o que eu disse - Mais dessa vez eu pensei que me deixaria de verdade.
Deixa disso, Christopher.
Eu estava pensando das nossas noites na cabana. Lembra quando te joguei no lago? Pensei que tu me mataria.
Queria mesmo ter te matado.
Está todo mundo preocupado com você, Dul. Volta pra gente? Por favor. - ele segurou minhas mãos - Eu prometo não agir como um babaca.
Bom, você também já me disse isso. - ri fraco.
Já disse isso, não é mesmo? - torceu o nariz - Mais se isso for te trazer de volta, eu paro mesmo de agir feito um. Eu até sumo da sua vida para sempre se você voltar!
Serio que faria isso Uckermann?
Tá, não sumo. Eu... eu não sei se conseguiria. - secou algumas lágrimas - Suas filhas, Dul... A Alicia sentiu seu acidente. Cecília ficou desesperada. E ambas grudaram em mim. Acredita?
Então você é o meu marido - ri dessa vez com mais humor.
Talvez eu leve jeito para criança. E eu jurava que não levava...
Sempre acreditei que levasse - sorri triste.
Você... Você vai me perdoar algum dia? Por tudo o que te fiz desde o dia 15 de dezembro de 2009?
Uau - exclamei - Você se lembra.
Não pode deixar de sorrir diante daquela lembrança. E de algum forma sabia que ele também estava se lembrando.
Ainda podia sentir como fiquei quando acordei em seu carro.
Eu estava extasiada, sem acreditar que eu estava no carro do menino mais desejado da escola. Lembro que me surpreendi ao ver que ele era mais do que um rostinho fofo e corpo bonito. Na verdade, não me sentia nenhum pouco atraída com ele. Até no final daquele dia 15 de dezembro.
De alguma forma eu já sabia que tu seria minha - ele me despertou dos meus pensamentos e afagou minha mão - Por pouco tempo, mas ainda sim, você foi minha. E Deus, que saudades daqueles tempos.
Pude perceber que aquilo em voz alta não era fácil. Levantei devagar e me aproximei lentamente. Queria poder tocá-lo. Mais sei que se tentasse ficaria frustrada.
Embora eu não consiga atravessar parede, não consigo ser vista, fazer algo flutuar e etc, não consigo tocar em ninguém. E naquele momento eu só queria fazer aquilo.
Queria trocar Ucker, beijá-lo e dizer que tudo vai ficar bem.
Não tinha admitido aquilo, mas sempre senti saudades dele e nunca o esqueci. Deus sabe o quanto tentei, mas em vão. Evitava o máximo me aproximar de homens, principalmente por causa das meninas. Conheci Rodrigo, mas não sentia nada além de afeição.
Por um momento achei que estava apaixonada por ele, mas em meu coração só residia Christopher Von Uckermann.
Você acredita que uma vez gemi seu nome enquanto transava com minha ex-mulher? - ri junto com ele. Não acredito que ele fez e ainda falou isso.
Estranho falar transar quando se trata da sua esposa, ou ex-esposa no caso ne? - continuou e depois riu secamente - Mais ela não passava de uma transa diária. Sério Dul, eu tinha atração por ela e gostava dela, mas amar... Fazer amor...
Só comigo. - sorri
Só com você, baixinha. - passou a mão em meu rosto - E eu sinto falta de... Te amar, Saviñon.
Então ele abaixou a cabeça e chorou, não sei por que, mas me surpreendi. Ele já havia expressado seus sentimentos pra mim em outras ocasiões. Mais vê-lo chorar daquela forma, compulsivamente, foi difícil.
Ele sempre foi durão com todos. Mais eu o conhecia melhor do que ninguém e sabia que havia um lado sensível dentro daquele homem grande.
Sorri o vendo desabafar toda aquela mágoa e tristeza. E aí, com mais um gesto, ele me trouxe mais lembranças.
"Ele desligou o celular e o tacou longe - por sorte, não quebrou. Fiquei receosa de perguntar o que havia acontecido. Não sabia o que esperar. Optei por ficar calada e o observei enquanto ele andava de um lado para o outro. Mais ai ele parou e andou ferozmente pra cima de mim.
'Meu Deus, que desejo esse homem despertava em mim.' Pensei e soltei um suspiro quando ele me puxou pela nuca me dando aquele beijo. Eu poderia beijá-lo o resto da vida. Poderia só olhá-lo o resto da vida. Poderia amá-lo todos os dias por resto de nossas vidas e além destas. Eu o amava desde a primeira vez que ele me abraçou. Só com aquele abraço, ele me mostrou onde era o meu lugar - em seus braços.
Preciso de você Saviñon. - ele disse na mesma hora que mordiscava meu pescoço e descia a mão para os meus seios. Gemi.
Christopher sabia exatamente onde e como me tocar. Ele conhecia o meu corpo como ninguém nunca conheceu ou conhecerá.
Ainda vestida com a regata branca, puxei seus cabelos enquanto ele sugava meu seio direito e no esquerdo o excitava com a mão. Gemi de novo.
Uckermann - disse entre gemidos - O que aconteceu?
Esquece isso - ele sussurrou e puxou a regata deixando meus seios desnudos. Ele me comeu com os olhos - Caralho Saviñon, como você é gostosa!
O-obrigada - gaguejei com tamanha excitação.
Mais ai me toquei que ele queria me distrair. Ele estava mal e estava tentando fugir dos seus sentimentos fazendo sexo comigo.
Embora eu estivesse louca de tanto desejo e não me importaria se fosse usada para ele esquecer o que aconteceu, eu tinha que saber o que estava acontecendo com o cara que eu tanto amava.
Sem distrações, por favor. - eu disse e ele parou de tirar a bermuda
Eu só quero te foder.
Como é Christohpher? - perguntei incrédula, mas não levei em conta - Você não está nada bem, portanto pare de nos despir e conte o que aconteceu.
Não pode ser depois? Pelamor de Maria.
Sim, pelo meu amor também. - sorri e bati no sofá - Deite aqui meu menino. Deixa eu te fazer um cafuné.
Então ele deitou e começou a falar o que tinha acontecido. Quando terminou, de olhos fechados ele escutou tudo o que eu disse e depois que cantei para ele, ele adormeceu em meu colo.
Ele fica lindo dormindo, parecia uma criança de tanta calmaria.
Não queria acordá-lo, mas quando ele mesmo fizesse isso, ele teria que me da uma noite de amor selvagem. Ah, sim, ele teria."
Instantaneamente levei a mão no cabelo de Christopher, agora deitado em meu colo.
Não podia ter certeza, mas acho que ele me sentiu. Pois o meu menino, agora já crescido, teve um leve sobressalto e depois ficou quieto, por um longo tempo.
Mais não tempo o suficiente.
Christopher se levantou para ir embora, mas antes selou meus lábios e me prometeu que logo traria minhas meninas para eu poder vê-la.
Então ele saiu e eu fiquei sozinha.

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