Capítulo 12

368 22 9
                                    

Por Christopher Uckermann

Já se passaram cinco dias após o acidente e Dulce continua na mesma. Os médicos tentam me tranquilizar, falando que isso é bom. Bom seria se ela acordasse, não? Vou ao quarto de Dulce e converso com ela todos os dias. Não sei se pelo cansaço ou pela esperança absurda, mas sempre a sinto mexendo em meus cabelos quando deito em seu colo e choro.
Meus amigos retornou as duas vidas. Quer dizer, na medida do possível. Any cuida da loja, ou melhor, empresa. Mai cancelou sua agenda de shows e olha as crianças. Poncho vem ao hospital todos os dias para eu ir em casa, tomar banho e voltar. Eu que sempre fui chegado há um conforto, troquei minha cama king-size e a comida da minha prestativa cozinheira, pela cadeira de plástico do hospital - que eles definitivamente deveriam trocar.
Mai me liga todos os dias e as meninas pedem para falar comigo. Na última vez que me ligou, Cecília me chamou de papai e eu fiquei em choque, mas logo respondi todo bobo e a chamando de filha. Podia ver seu sorriso meigo sem estar perto dela.
Rodrigo apareceu aqui uns dois dias, ficou dez minutos e foi embora - o que me fez agradecer a Deus. Esse cara é irritante!

Nove dias depois
As coisas continuavam as mesmas. Exceto nossa preocupação que só ia aumentando cada vez mais. Deus, por que Dul não acorda logo?
De qualquer forma, não podia perder a fé.
O que mudou também, foi a troca de hospital. Levaram-a para um da Capital. O que foi bom, pois eu podia ver as meninas mais vezes e meus amigos poderiam ver Dulce sempre que quisesse.
Todos enfermeiros ali, já diziam pelos cantos que sou casado com Dulce. Não neguei, afinal quando ela acordasse eu casaria com ela no mesmo dia, se ela aceitasse. Toda vez que pensava em algo assim, sorria. Conseguia ver Dulce num vestido bem romântico e bem sexy, caminhando em minha direção. Conseguia ver as gêmeas e Miguel vestidos de brancos e meus amigos dos dois lados do altar.
Dormi pensando e sonhando com isso.

Vinte dias depois
Já estou desesperado. Os médicos dizem que no caso de acidente, é normal. Normal? Não entra na minha cabeça que seja normal.
Você ainda vai me matar, Dulce Maria.

Vinte e cinco dias

Ontem fui até a casa de Dulce. Ali e Ceci, apresentaram cada canto da casa e pediu para eu dormir com elas - isso implica dormir num desses colchões de acampamentos e que vimos em filmes, no meio das duas e contar historinhas de dormir.
A casa era imensa. Uma suíte principal - na qual me recusei a entrar -, o quarto das meninas, anexado há um banheiro e uma sala de brinquedos, escritório, quatro suítes para hóspedes, cozinha, sala de jantar, estar e de TV. Fora a área externa que tinha uma piscina, uma jacuzzi, salão de jogos e um jardim colonial com uma casa de bonecas. O que me deixou intrigado, foi o fato da casa ter um segurança, sendo que o terreno tinha milhares de metros quadrados. Mais isso não ficou assim. Hoje mesmo contratei seguranças pra ficar 24h na casa. Simplesmente achei que precisava.
E é claro que relatei isso tudo a Dulce. Ela tinha que ficar a par de todas as coisas relacionados a filha.

Vinte e oito dias depois
Desesperado era um adjetivo miúdo perto do que eu estava sentindo. Já iria fazer um mês que Dulce estava daquele jeito. E os médicos disseram que poderia levar anos para ela acordar.
Assim que saio da sala de Dulce, uma enfermeira que peguei amizade, Valeria, me chama para conversar.
Senhor Uckermann. - ela diz e percebo que é algo profissional e não uma conversa do dia-a-dia - O Rodrigo estava conversando com o Dr Travis e trouxe um documento, no qual permite que desliguem os equipamentos daqui três dias.
Como? - arregalo os olhos.
Eu não sei explicar direito - ela disse nervosa - Mas de fato, comparado com a assinatura presentes nos documentos que foi encontrado no acidente, a assinatura corresponde a dela.
Eu sei o que quer dizer. Eutanásia. - digo - Mais ele não pode! Ele não é NADA dela, ele nem ao menos vem ficar com ela, porra! - bato na mesa e todos da lanchonete me olham.
Ele é casado com ela.
Não, não é não.
Ele trouxe a certidão.
Ela não.. Não faria isso! Ela ama as filhas.
Mais ela fez, tem a assinatura dela concordando que em caso de acidentes como esse, se a paciente fica em estado de coma por 30 dias o médico pode desligar os aparelhos e que o marido dela, Rodrigo sei lá o que - torce o nariz ao dizer o nome do cretino - tem permissão de assistir.
Eu conheço Dulce e ela não faria isso!
Mas ele tem...
Olha, daqui cinco dias é natal. Você quer mesmo que as filhas passem o natal sem a mãe tão rapidamente?
Não, eu...
Você precisa conseguir esse documento. Ele pode ser falso. E aquele merda pode ter falsificado pra ficar com os bens da Dulce. Me entendeu Valeria?
Sim - respondeu rapidamente - Mais sugiro que converse com o Dr Trevis, ele gosta de Dulce e acredita que ela pode voltar, mas ainda não sabe como ou não é o momento. Ele vai te ajudar! Pelo que dizem, ele nunca teve coragem de aceitar isso tão facilmente e em todas as vezes o paciente acordou.
Farei isso, agora mesmo.

Felizmente Valeria estava certa. Dr Trevis irá me ajudar. Meu deu o documento original e os documentos pessoais de Dulce. Me contou que Rodrigo não estava com nenhum pingo de ressentimento ou tristeza, falou que eu tinha um tempo até o Tribunal voltar do recesso de final do ano, pois a partir do fim do recesso Rodrigo recorreria à justiça rapidamente.
Então era isso, eu tinha menos de 20 dias para provar que aquele documento era falso e botar esse filha da puta atrás das grades.

Please, stayOnde histórias criam vida. Descubra agora