Capítulo 2

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Por Christopher Uckermann

O QUE? - gritei no telefone depois de engasgar. - Está me dizendo que Dulce María está vindo com vocês?
- Quanto espanto hein Chris? - Anahí debochou de mim
- É que... que... - fingi uma tosse - Bom, ela nunca parecia nas festas do colegial...
- No colegial não andávamos todos juntos e ela namorava um cara... - ela parou no meio da frase - e depois aconteceu aquela história... - para de novo - Enfim, digamos que ela está um pouco diferente...
- Aposto que sim. - respondi cinicamente - Any vou descer para a casa e começar o jantar. Já estão chegando?
- Segundo seu amigão, dentre quarenta minutos chegamos.
- Está bem. Christian chegou agora pouco.
- Sozinho?
- Não! - ri - Agora com um modelo de 19 anos, muito bonito por sinal.
- Qual é Ucker - ela gargalhou - Quer dizer que mudou de time?
- Vá se ferrar Anahí - não pude deixar de rir - A cena até seria interessante, mas não, sou hetero.
- Uma pena, pois se não o pegaria agora mesmo - Christian gritou atrás de mim;
- Que saudade que estava disso! - eu pude senti-la pulando no banco do carro - Até mais amores!

Após o diálogo, um pouco mais longo que gostaria depois dela soltar aquele nome, desci para casa, me servi uma dose de uísque e me apoiei na bancada da cozinha.
"Será que ela se lembrava de mim? E das nossas noites na cabana?", não pude deixar de sorrir ao lembrar-se do corpo dela debaixo do meu, do seu olhar quando chegava ao ápice do prazer, nem das suas unhas pretas arranhando minhas costas. Dulce María foi definitivamente a melhor garota que levei para a cama. E é claro que não só me referia o quão bom de cama ela era, mas a Dulce não forçava nenhuma situação, sabia a hora de ser doce ou sedutora, sabia a hora de abaixar ou levantar a guarda. Ela me completava só de estar ali comigo.
Balancei a cabeça tentando afastar da mente todas aquelas cenas. Afinal, mesmo depois de todas aquelas noites, ela foi embora sem se quer olhar pra trás. E claro, não foi capaz de pensar em lutar.
Essa era Dulce. Fazia-se de forte, mas na primeira dificuldade pulava fora.

XXX

A cada minuto que se passa, pego no celular para ver as horas e foi aí que vi que não havia sinal.
Droga! - saquei-o para no outro sofá
Ei, calma lá garoto! Garotas a vista. - Escutei a voz de Any
Vocês chegaram! - abracei-a - Estava preocupado com vocês na estrada e essa chuva
Aí Chris, que saudade! - Maitê me abraçou como fazia todos os dias
Nem me fale Mai. - sorri pra ela - Cade meu moleque e Poncho? E Nico?
Nico está trazendo as malas. Poncho está esperando por causa da chuva. Não é bom sair com os meninos nessa chuva e... - Anahí tagalerou - Enfim, você teria um guarda-chuva?
Sim, atrás de você Mai. - eu apontei pra um sexto com guarda-chuvas - Você disse meninos?
Eu não disse que eu tinha um guarda-chuva em algum lugar do carro Any?! - Paralisei ao escutar aquela voz.
Christopher, essa é Dulce María ou María, como a chamamos. E María, esse é...
Christopher Uckermann. - ela disse ainda segurando uma menina nos braços.
Oi María. Pode deita-lá no sofá. - eu disse nervoso e passei por minhas velhas amigas que olhavam a cena curiosas - Vou ajudar os meninos a trazerem as coisas e o meu afilhado-não-afilhado.
Fazer o que se você não estava sociável quando ele foi batizado né? - Any gritou rindo
Deixa eu ir também
Ao descer para o estacionamento, cumprimentei Nico e Poncho.
Eu não disse que eu o veria antes de morrer Nico? - Poncho disse rindo
Salve Dr. Uckermann! - Nico riu de mim.
Você não muda não é Poncho?
Jamais! - ele riu ainda mais - María, quer ajuda?
Não, obrigado. - ela suspirou cansada - Acho que a Cecília está com um pouco de febre e estou com medo de sair com ela na friagem. Tem algum manto? - ela me perguntou abaixando a cabeça.
Não respondi. Como poderia? Ela tem duas filhas?! Apenas assenti e voltei pra casa para pegar o manto. Poncho veio logo atrás de mim com Miguel adormecido no colo e Nico arrastando as malas até a varanda.
Ainda confuso, fui ao segundo andar pegar um pequeno manto para a segunda filha dela. Esses quatro dias serão difíceis.
Fiz uma nota mental de dar um jeito de ligar a garagem na casa. Mesmo a chuva tendo diminuído bastante, era um pé no saco ter que dá aquela volta toda.
Acalma filhinha. Mamãe já vai te dar um remédio e essa febre vai embora, está bem? - Ela deu um beijo na filha que ainda estava na cadeirinha.
Ela está com febre tem muito tempo? - perguntei por impulso.
Ela estava amuada mais cedo, mas não sei, não percebi - ela colocou a mão na cabeça.
Vamos leva-la para dentro - olhei direto para ela pela primeira vez - Posso?
Deixe comigo!
Você continua a mesma não é? - soltei
Como?
Ah, para com isso María. Deixe que eu a levo.
Não, não precisa. - Ela tampou ainda mais a passagem - Pode pegar as malas e trancar o carro? Prefiro.
Tudo bem.
Ela enrolou a filha na coberta e saiu com ela no braço. E eu, como qualquer homem, olhei para seus scarping pretos, suas pernas perfeitamente modeladas e seu quadril naquela saia justa que marcava da sua cintura até seu joelho.
Como ela consegue segurar a filha sob aqueles saltos? Ah, mulheres.

XXX

Mais tarde, depois que meus amigos e ela se adaptaram em seus devidos quartos, Miguel e as gêmeas estavam assistiam TV enquanto os adultos bebiam e relembrava os velhos tempos, eu continuava fazendo o jantar quando aquela voz calou todas as outras.
Se você deixar a carne coberta por vinagre, alho e sal, pimenta do reino, pimenta calabresa e orégano, o tempero vai concentrar mais.
Como? - me virei confuso
Escute a María, Chris. Ela cozinha muito bem. - Mai respondeu por ela
Então além de ser mãe de gêmeas, você cozinha?
E é dona de uma das maiores rede de lojas do país - Poncho disse
Dulce María, onde estava você na faculdade? - arqueei a sobrancelha
Não conclui a faculdade, Christopher. - ela disse secamente - Digamos que depois que meus pais descobriram que eu estava grávida, eles pararam de pagar a mensalidade.
E como se tornou dona de uma das maiores rede de loja do país?
Isso eu respondo! - Anahí pulou pra perto da amiga abraçando-a e Mai fez o mesmo - Como a maioria aqui sabe, Dulce María é uma pessoa muito orgulhosa, então logo quando essa louca estava com seis meses, sem ter nenhuma roupinha de bebê, porque não, ela não aceitava presentes das amigas, eu e a Mai procuramos a avó dela.
E quando as meninas estava com dois anos, vovó Saviñón passou sua loja pro nome de Dulce.
Compreendo.
Chega de Dulce María! - ela disse rindo e abraçou as amigas - Eu tenho as melhores amigas, não é mesmo?
E o melhor amigo! - Poncho a puxou dos braços das amigas e a pegou no colo - O que sempre te faz rir, o que te leva pra beber ou até olha suas filhas e fotografa-as e claro, o mais forte!
Poncho me coloca no chão! - Ela disse rindo e batendo nas suas costas.
Lembra quando eu bati naquele cara que te agarrou naquele bar? - Ele riu mais ainda e a colocou no chão - María e suas confusões
Fazemos uma bela dupla não? - ela parou ao lado dele e cruzou os braços quando ele fez o mesmo.
O que vamos fazer hoje DM?
Vamos dominar o mundo PH!
Depois que os dois nos fizeram rir bastante, continuamos a relembrar os velhos tempos enquanto bebericávamos e comíamos alguns petiscos preparados pelo "boymagia" do Christian.
A conversa fluía normalmente. Ninguém parecia desconfiar da tensão que existia entre mim e ela quando nos olhávamos.

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