Capítulo 10

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Por Christopher Uckermann

11h45
Quando saí de perto da Dulce, passei no banheiro para lavar o rosto. Não queria que as gêmeas me vissem chorando.
Já se passaram horas desde que sai de perto dela, mas parece que passou-se dias. Eu queria estar perto dela o tempo todo. Porém, por agora, só permitiam uma visita e em menos de meia hora.
As meninas reclamaram de fome e alegaram que não iriam comer comida de hospital - gênio da mãe reinando. Pedi para Any levá-las, mas ela agiu como Any e disse que todos iriam para o restaurante que tinha um quarteirão a baixo do hospital.
Ao chegar no restaurante, Alicia e Celilia pediram - não, elas ordenaram - que eu colocasse a comida dela ao invés de Any ou Mai. Como diabos que se coloca comida para criança?
Não deveria ser uma coisa difícil, né?
Tio - Cecília disse enquanto eu pegava os pratos - Você sabe colocar comida de princesa?
Comida de princesa? - Repeti - Bom, se vocês me ensinarem, saberei.
Mais não sabemos - ela disse.
Como é?! - olhei para ela sem entender.
Coloque isso de qualquer jeito - Rodrigo disse
Não me lembro de você ter sido convidado.
Não me lembro desse restaurante ser seu.
É um belo restaurante - respondi olhando sarcasticamente - Mais não. Apesar de saber cozinhar e dirigir negócios, não é minha profissão.
Então o que bonequinho faz?
Certamente não é da sua conta. Da mesma forma que não é da sua conta como vou colocar a comida delas.
Antes que ele pudesse responder algo, virei de costas e fui colocando a comida das meninas.
Como é a comida de princesa? Não sei. Isso é coisa de Dulce. Mais fiz da minha maneira: improvisando uma coroa com a comida. Estranho? Bastante, mas no final as meninas sorriram satisfeitas e eu sorri junto.
Depois de acomodá-las na mesa e fazer meu prato, para nossa surpresa Mai se levanta e pronuncia rapidamente.
Estou grávida.
Oi? - Any disse deixando o garfo cair.
Serio May? - Perguntei levando e indo abraçá-la.
Não brincaria com isso. - ela fechou a cara
Por que essa cara então? - Any perguntou - Maitê Perroni, Nico não pode ser pai.
Você não...
A gente, por favor - ela começou a chorar loucamente.
Calma Mai - abracei-a depois de cair no mundo real.
Espere Ucker - ela disse - Não foi exatamente uma... Vocês sabem! Uma noite nós brigamos e aí - ela levou a mão no rosto - Aí gente, que vergonha! Enfim, nós brigamos, aí eu liguei pro Chris e ele trouxe vinho.. Quando me dei por mim, estava beijando ele e - ela olhou para as gêmeas e para o Miguel, depois sussurrou - tirando a roupa. E é claro, como eu estava bêbada eu meio que me declarei para ele. Ele ficou surpreso, tentou me empurrar, mas depois não relutou e aí nós...
Não precisa dizer Mai - Any disse - Meu Deus, logo você?
Any - Poncho advertiu, mas logo riu.
Poncho, não tem graça ok? - Maitê disse, mas começou a rir - Ucker, me fala algo. Mais não me chame de Va... E não me xingue. Por favor.
Calma. Eu só tô tentando assimilar e pensando no que você vai fazer. - Passei a mão nos cabelos - Ei? Você disse que se declarou para ele.
Antes de Nico, eu tive um caso com Chris. Mais não era nada sério, era bem na escondida. Ele não me assumia. Então quando conheci Nico, terminei com Chris.
Você é uma vaca!
Any! - todos disseram em uníssono.
Principalmente por esconder de mim e de Dulce! - ela prosseguiu - Desculpe, mas Mai?! - ela riu - Você já falou com Chris?
Espere gente.. Chris não é gay?
Quando terminamos, ele disse que era e aí eu fiquei mais decepcionada ainda. Como vou falar isso para ele Any? Se não percebeu, nem estamos conversando direito.
Verdade. Então, como vai fazer? - perguntei.
Primeiro terminar com Nico. - ela sentou e tomou um gole do vinho que tomei na mesma hora apontando para a barriga. - como ia dizendo, terminarei o noivado, porque eu não o amo.
Quanto a Chris?
Não sei ue.
O que tem eu? - Christian entra em cena.
Você vai ser papai tio Chris - Alicia disse. Que menina!
Oi?
Isso mesmo - Cecília disse e bateu palmas - Tia Mai está grávida de você.
Pronto. Agora foi a vez de Christian desmaiar. As crianças riem. Any fica olhando sem reação. Eu e Poncho nos juntamos às crianças e rimos.
Meu Deus! - Mai leva a mão na cabeça. - Vocês! - aponta para mim e para Poncho - Ajude ele, rápido gente! Poxa não tem graça.
Tem graça sim Mai! - respondi rindo mais fui ajudar o pamonha do Chris.
Acorda papai-bundão! - Poncho bateu na cara dele de leve, mas Mai olhou para ele.
Anda Christian! Que exemplo vai dar pro seu filho?
Any se colocou em pé e tacou água na cara dele fazendo o acordar.
Já era de se esperar que ele fosse desmaiar. É a cara dele. Mais ele acordar, olhar pra Mai e desmaiar de novo foi hilário.
O que pode dizer? Coisas de Christian.
José Christian Chávez Garza! - Maitê deu um grito e o resto do restaurante se voltou para o espetáculo - Acorde e pare de gracinha.
Chris se levantou e ficou sentado. Olhando pro nada. Até que por fim se voltou para Mai e perguntou:
Vou mesmo ser pai?
Sim. - ela respondeu e roeu a unha do dedão.
Como?
Quer mesmo que ela explique? - Any falou nervosa - Levante Christian.
Any, vou ser pai! - ele pulou e gritou - EU VOU SER PAI! E MAI VAI SER MÃE!
Restaurante se desfez em aplausos, Mai chorou quando Christian a abraçou e sussurrou algo em seu ouvido. Eles eram apaixonados um pelo o outro.
Assim como eu era pela minha Dulce.
Me sentei frustado e comi minha comida em silêncio.

Uma hora e meia mais tarde, estávamos de volta ao hospital. Mai e Christian conversavam um pouco longe, Any olhava para os dois e suspirava.
- O que foi Any? - Perguntei
- Ai Ucker, sabe o que que é? - Eu fiz cara de desentendido - A Dulce tinha que participar disso. Ela ia amar ser chamada de tia. Nunca entendi, mas ela sempre teve um carinho imenso por crianças. Todo lugar que íamos, se tivesse criança, ela brincava com eles, dava balas e tudo. A Dulce anda com um pacote de bala na bolsa sabia? - ela riu - Na verdade, anda com dois. Um para as meninas e pro Miguel e outro para as crianças. Dá pra imaginar como ela ficaria com a noticia?

- Na verdade, não muito.

- Quando descobri que eu estava grávida, ela estava comigo. Ela pulou, me abraçou, me levou pro shopping e comprou uma roupinha pro Miguel. Dá pra imaginar? Eu estava com três meses e sem barriga nenhuma e ela me arrastou para uma loja de bebê. E aí, quando ela estava pagando, ela teve uma grande ideia: adicionar roupas de bebê na nossa rede de loja.

- Dulce é sua sócia? Nossa, perdi muita coisa.

- Sim, senhor. - ela sorriu - Entrei em sociedade com ela tem pouco tempo, é uma loucura trabalhar com Dulce. Ela não folga! Foi um sacrifício levar ela para sua casa e aí me pergunto: se eu não tivesse insistido tanto, Dulce estaria a salva não é? - ela começa a chorar - Aí Uckermann, eu não posso perder a Dul. Ela é o nosso anjinho. Eu não posso Christopher!

- Eu também não posso - começo a chorar junto com ela -, mas não tem nada que possamos fazer.

- Podemos rezar - Mai disse - Ou só falar algo que queremos para ela. Guardar as coisas não vai fazer bem.
E aí me toquei. Fazia anos que eu não rezava. Muito das vezes fazia uma simples prece, mas nada com o coração. Em primeira vez no ano, eu senti necessidade de rezar. Não só pela vida de Dul, mas sim para agradecer tudo o que tenho, por me unir de novo com meus amigos, minha família - que depois que briguei com minha família por causa do divorcio - passou a ser meus velhos amigos. Que em nenhum momento me deu as costas.
Depois de formos todos a capela, rezamos, desabafamos e choramos (muito), subimos para a maldita sala de espera e então vimos quem estava de volta: Rodrigo. Eu e Poncho trocamos um olhar e Christian o cumprimentou, mas logo se afastou.
O lugar é publico né? Não podia expulsar o cara.

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