Os Protetores do Infinito

- ATO I (Recomeçando do Zero)

14h:43min PM - Centro da Cidade, alguns minutos mais tarde...

Apesar do pouco movimento em Wind West durante certos picos de horários do dia-a-dia, o Centro da Cidade na hora do rush compensava toda a falta de agitação no restante do Distrito. Se assemelhava a uma Manhattan o número de motoristas enfurecidos afundando a palma da mão na buzina e as aglomerações de pedestres em cima das calçadas. Mesmo tendo perdido um considerável tempo no engarrafamento, o Uber conseguiu alcançar o destino de seu passageiro. Matthew saltava do carro já vestido com uma aparência completamente paralela a anterior: ao invés de um casaco preto com capuz, optara dessa vez somente em usar uma jaqueta de mesma tonalidade com um zíper fechado até o topo e uma mochila extra-larga nas costas, apenas com uma alça em cima do ombro, agarrando-a com sua mão. Teve mais do que o suficiente de tempo para transferir todos os seus itens da bolsa de viagens para sua mochila, já que aqueles criminosos não paravam de discutir entre si por motivos banais. De certa forma, deu sorte por não serem tão profissionais. O carro se foi e Matthew contemplava por alguns instantes o edifício no qual tanto pesquisou em sua viagem. Se tivesse um lugar em que ele poderia trabalhar sem chamar atenção das autoridades seria aquele. Logo, Matthew adentrava numa Boate chamada "Afrodite's Room", com um emoji de coração sendo atravessado por uma flecha de cupido estampado no letreiro de luz néon - parecia que aquela marketing havia sido feita pra ele. O garoto não tinha as intenções dos outros caras que também entravam pela porta da frente e, por outro lado, iam imediatamente se oferecer para pagar uma próxima bebida as belas damas no balcão na intenção de embebedá-las. Esse grupo de cachaceiros sendo expulsos do estabelecimento porque ainda não havia aberto. Matthew se considerava, e tentava ser em sua maioria, um sujeito puro devido ao fato de que sua Raça tinha descendido de Seres tão benevolentes - os Anjos. O problema atual era: o cara não podia viver na vagabundagem, pedindo esmola, precisava arrumar um trampo em algum lugar da cidade para que este servisse de fachada para suas Operações como Vigilante. O que mais se encaixou em sua faixa-etária, porque um jovem adulto como ele não escolheria algo que o prendesse atrás de uma mesa Vinte Quatro Horas por dia, e que ao mesmo tempo não chamasse atenção - não chamava MUITA atenção, nesse caso - seria como Assistente de Gerente daquele empreendimento. Não tinha sequer uma experiência naquele emprego, nunca havia trabalhado com algo do tipo anteriormente, mas era uma pessoa adaptativa, além de que um antigo amigo bem próximo a ele o ensinou algumas coisinhas de como se dar bem no ramo dos negócios. Quaisquer negócios. O interior da Boate era algo completamente surreal e fora dos padrões da sociedade moderna, adentrá-la era como se fosse um túnel do tempo histórico. Toda a ambientação, a música, acomodação e decorações se baseavam em incríveis e fiéis detalhes do Antigo Mundo Grego. Era algo fascinante aos olhos de Matthew, sendo um bom conhecedor de diversas histórias e culturas devido a toda fonte de conhecimento que os Nephilins adquiriram ao longo dos Séculos de existência - mitos até dizem que sua Espécie interagiu com Entidades Divinas, mas isso já ia muito além da fé de Matthew. Apesar de ser uma pessoa religiosa sabia colocar limites em todas as coisas. O lugar inteiro era muito impressionante, uma verdadeira obra de arte, e Matthew enfim iria conhecer o pintor cara-a-cara - já tendo falado com o homem online quando ainda estava em Nova York. De acordo com o que lera sobre ele no site do estabelecimento, Heráclito Papadopoulos é um cara de origem Grega, obviamente, que abriu um negócio nos EUA para espalhar mais de sua cultura para o restante do país. Achava importante que as pessoas não deixassem a história morrer e que aprendessem sobre ela, sobre os erros daqueles que vieram antes deles, para construírem um futuro melhor. Era essa sua visão. Devia por sua aparência carregar uns Cinquenta Anos nas costas e um pouco de cabelo em cima da cabeça.

(Heráclito)-CHAIRETISMOÚS, JÚNIOR! Que prazer monumental enfim ter a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente!