Capítulo 1 Memórias

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Eu sempre me perguntei como teria sido, mas a questão é;

A resposta eu nunca vou saber. 

Quando se trata de escolhas, ninguém sabe responder, o problema é a escolha errada, e ai vem a pergunta de como teria sido.

Eu não sinto falta, mas o que me prende a saudade é a lembrança.

Quando criança, eu descia pelas escadas, da sala de casa correndo para atender a porta, era uma alegria quando  os parentes da mamãe e do papai vinham nos visitar, todos os finais de semana. 

Tínhamos vizinhos um tanto legais, Hanna, era o nome da minha melhor amiga, que morava em frente minha casa, cabelos curto e escuro, com franja até a linha das sobrancelhas, saiamos todos os dias de manha, mais especifico, as 6:00h, para irmos juntas à escola. Nosso caminho era cheio de aventura, o cachorro da senhora Walker,  o papagaio da senhora Donovan, a travessia no gramado do senhor assustador James, entre outros, mas havia um bosque.

O bosque era um lugar mágico, onde as sombras dançavam com a luz do amanhecer e cada árvore parecia guardar seus próprios segredos. Hanna e eu tínhamos nossos rituais matinais: tocávamos o tronco da velha figueira para dar sorte, competíamos para ver quem encontrava a primeira folha de bordo do dia e sempre fazíamos uma pausa no riacho, onde as pedras lisas nos convidavam a refletir.

Certo dia, enquanto a neblina matinal ainda cobria o bosque com seu véu etéreo, encontramos um caminho que nunca havíamos notado antes. Era estreito e serpenteava entre as árvores como se fosse um convite silencioso para uma aventura desconhecida. Olhamos uma para a outra, a excitação e a hesitação brilhando em nossos olhos. "Vamos?", Hanna perguntou, sua voz um sussurro quase levado pelo vento. Eu assenti, e juntas, demos os primeiros passos naquela trilha desconhecida.

O caminho nos levou a uma clareira que nunca poderíamos imaginar. No centro, havia um carvalho imenso, suas raízes tão grandes que formavam pequenas cavernas ao redor de seu tronco. E pendurado em um de seus galhos mais robustos, um balanço feito de corda e madeira. Era como se aquele lugar tivesse sido esquecido pelo tempo, um pedaço de um mundo antigo e encantado que de alguma forma sobreviveu.

Passamos a manhã ali, balançando-nos e rindo, deixando que nossos pés roçassem as folhas caídas que cobriam o chão da clareira. Mas quando o sol atingiu seu zênite, percebemos algo estranho: o som da cidade, o burburinho distante da vida cotidiana, havia desaparecido. Estávamos envoltas em um silêncio absoluto, como se o bosque tivesse nos transportado para outro lugar, ou talvez, para outro tempo.Foi então que ouvimos o som de passos se aproximando...
Os passos eram leves, mas firmes, e cada um que se aproximava aumentava a tensão entre nós. A curiosidade nos impedia de fugir, e a coragem que encontramos na companhia uma da outra nos manteve firmes, esperando para ver quem ou o que emergiria das sombras das árvores.Para nossa surpresa, não era um animal selvagem ou um transeunte perdido, mas uma figura que parecia ter saído diretamente das páginas de um livro de contos de fadas. Era uma mulher de estatura mediana, com longos cabelos prateados que caíam sobre seus ombros como uma cascata de luz lunar. Seus olhos eram de um verde profundo, e ela usava um vestido que parecia tecido com fios de névoa e folhas de outono."Não tenham medo," ela disse com uma voz que soava como o murmúrio de um riacho. "Eu sou a Guardiã deste bosque, e vocês são as primeiras crianças a pisar nesta clareira em muitas gerações."

Hanna e eu trocamos olhares, a incredulidade e o assombro misturados em nossas expressões. A mulher sorriu gentilmente e continuou: "Este lugar é um refúgio, um santuário para aqueles que têm a coragem de se aventurar além do caminho conhecido. Aqui, o tempo flui de maneira diferente, e os segredos do bosque são revelados apenas para aqueles que estão dispostos a ouvir."

Ela se aproximou do balanço e tocou a madeira envelhecida com um carinho reverente. "Este balanço foi feito por meu avô, um homem que conhecia a linguagem das árvores e dos ventos. Ele sabia que um dia alguém viria para reacender a magia deste lugar.""Mas por que nós?" perguntei, minha voz quase um sussurro."Porque vocês têm o coração puro e a imaginação necessária para ver o verdadeiro esplendor deste bosque," ela respondeu. "Vocês estão prontas para aprender os segredos que ele guarda?"Sem hesitar, Hanna e eu concordamos. A Guardiã então nos conduziu por entre as raízes do carvalho, onde uma das cavernas formadas pelas raízes se abria para um mundo subterrâneo iluminado por cristais que brilhavam com todas as cores do arco-íris. Descemos, de mãos dadas, prontas para descobrir os mistérios que nos aguardavam.

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⏰ Last updated: Jul 09 ⏰

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