The Perfect Girl » Hermione Granger

Capítulo 1

POV: Hermione

- Harry, anda logo. - Eu dizia, chamando meu amigo para sairmos. Ele ainda ajeitava sua gravata e procurava seus livros pelo Salão Comunal.

É realmente surpreendente como, com doze anos, Harry derrotou um professor com o Lorde das Trevas acoplado em sua nuca e um basilisco, mas agora com quinze tem problemas ao procurar sua gravata e seus livros. Meninos..

- Mione, por acaso viu os meus - Harry ia perguntar, mas indico com a cabeça o sofá onde seus livros estavam. Ontem a noite começamos a estudar, e na hora de irmos dormir Harry deixou suas coisas largadas ali.

- Já está pronto? Não quero me atrasar para a aula de Snape, é meu primeiro ano como monitora e tenho que dar o exemplo.

- Estou pronto. Vamos logo, antes que não dê mais tempo. - Ele diz, e o encaro sem expressão.

- Grande ideia, Harry. - Digo, e ele ri, se desculpando em seguida.

Nós vamos andando até a sala de aula, e nem mesmo comentamos sobre Ron. Ele anda distante, desde que começou a sair com aquela garota, Lilá Brown. Ela é extremamente irritante, ciumenta e grudenta, eu nem sei como ele a atura. Deve ter sido alguma poção bizarra do amor ou coisa do tipo.

Subitamente, o corredor inteiro abre espaço. Os "populares", a "realeza de Hogwarts", estava passando. Que coisa mais patética. Na frente, os irmãos Malfoy. Draco e Dahlia. De seu lado, ainda que um pouco mais trás, Pansy Parkinson e Blaise Zabini. E, finalmente, atrás dos quatro, andando um pouco mais afastados, os seguranças Crabbe e Goyle.

Por mais que eu detestasse Dahlia Malfoy, não podia negar. Ela era linda. Seu cabelo loiro, quase branco, e que ia até pouco abaixo de seu ombro mais ou menos, brilhava com a luz do sol. Seus olhos tinham um tom de azul bastante acinzentados, era quase hipnotizante. Os uniformes verde escuro faziam um contraste perfeito com sua pele clara, e seus lábios rosados se destacavam em seu rosto, junto das pequenas sardas que ela tinha.

Infelizmente ou felizmente, percebo que estava a olhando por tempo demais. Dahlia pareceu perceber, já que deixou um sorriso de canto escapar. Senti minhas bochechas queimarem, e ela apenas direcionou seu olhar para outra pessoa. Para não prolongar minha humilhação, enfio a cabeça em algum livro e volto a caminhar com Harry.

Ele se senta com Rony, e eu me sento na frente dos dois, sozinha. Felizmente, conseguimos chegar 0.05 segundos antes do horário da aula, o que não deixa Snape fazer qualquer tipo de comentário sobre nosso desleixo para com as responsabilidades que nos são dadas em Hogwarts.

- Pelo visto o bonde das maravilhas não está aqui ainda. - Implica Harry, se referindo aos sonserinos que vimos mais cedo, e sou obrigada a reprimir meu sorriso.

- Querem apostar quanto que Snape não vai fazer nada em relação a isso? - Pergunta Ron, e ele e Harry sussurram números e abafam risadas.

- Calem a boca, vocês dois. - Digo, e meus amigos reviram os olhos. - É contra a ética de professores privilegiar alguma das casas, está na regulamentação de Hogwarts. Você não leem nada disso?

- Por que leríamos? - Pergunta Harry, franzindo as sobrancelhas, e viro meus olhos.

- São as regras, Harry. Por que vocês não leriam? Quer dizer, não é como se Umbridge não estivesse mudando toda a regulamentação esse ano, mas é importante sabermos o básico. Pelo menos dessa forma não nos tornamos delinquentes.

- Delinquentes, Hermione? - Ron ri, e balanço a cabeça em desapontamento.

Sabe, regras sempre foram importantes para mim. Não sei ao certo o porquê, eu apenas me importo com elas. Não é como se eu sempre as seguisse, ainda mais sendo amiga de Harry Potter e Ronald Weasley, mas gosto de ao menos ter a sensação de saber o que é o "certo" a se fazer.

Um ou dois minutos depois de Snape começar sua aula, os Malfoy e sua gangue entram na sala. Se sentam silenciosamente, e o Professor apenas volta seu olhar para a lousa. Ouço os baixos sussurros dos meus amigos, mas os ignoro. Começo a fazer anotações, e sou atrapalhada por dois cisnes de papel, enviados pela Malfoy, que se sentava algumas fileiras atrás de mim, na outra coluna de mesas.

Desde o nosso primeiro ano tem sido assim. ela vive derrubando meus livros nos corredores, mandando bilhetinhos durante a aula, debochando de minhas respostas e sendo uma completa idiota. Não entendo como alguém pode ser tão perfeito e imperfeito, ao mesmo tempo. Claro, ela é um exemplo. Notas altas, popular, bonita, capitã do time de quadribol e monitora. Mas.. ugh. É também a pessoa mais irritante e chata que já conheci.

- Srta. Malfoy, já que quer tanto chamar a atenção da Srta. Granger, por que não se senta com ela? Aproveite e repita essa ação até o fim do ano letivo em minhas classes. Talvez te ajude a ficar mais focada, quem sabe? - Snape sugere, mais como uma ordem, após ser arremessado em minha mesa o quinto cisne de papel de Dahlia.

Ela revira os olhos e o encara friamente. Recolhe seus materiais e vai até minha mesa. Eu tiro algumas das minhas coisas do caminho, para que ela pudesse colocar as suas. Reparo em suas mãos. Dahlia tinha suas unhas relativamente curtas pintadas de preto, e usava vários anéis. A maioria de prata com tons de preto ou serpentes, mas um em questão me chamou a atenção. Um dragão, com uma esmeralda no lugar do olho. Algo em mim dizia que havia um significado por trás daquele anel, mas não quis perguntar.

Ficamos em silêncio durante a aula, desconfortáveis demais para fazer qualquer comentário. Dahlia começou a cantarolar e batucar a melodia de alguma música, que logo reconheci. Twist and Shout, The Beatles.

- Beatles? Não sabia que gostava. - Digo, e ela sorri.

- É uma das minhas bandas favoritas. E Paul McCartney é um dos meus maiores ídolos. Gosta também?

- Até gosto, mas prefiro Frank Sinatra. The Way You Look Tonight é um hino, que nem New York ou Fly Me To The Moon.

- Tem bom gosto, Granger. Não seria minha primeira escolha para ir comprar discos, mas tem bom gosto. - Ela implica, e eu rio.

No fim da aula, sinto uma coisa estranha. Por que raios eu havia conversado e rido com Dahlia Malfoy? Deus, apenas posso estar indo a insanidade. Finjo que nada aconteceu, e que ela ainda era a mesma menina mimada de sempre, e vou com meus amigos até a próxima aula.