Akai Ito

Herdeiros

Fugaku e Sakumo nunca foram amigos. Mas tinham profundo respeito um pelo outro. Sem a rivalidade infantil inerente a seus clãs.

Suas esposas, por outro lado, eram muito amigas. E descobriram a gravidez, primeira de Mikoto e segunda de Akame, com cerca de cinco meses de diferença.

Infelizmente, Akame não sobreviveu ao parto da filha, o que foi o primeiro passo para Sakumo se afundar em sentimentos autodestrutivos, sendo mantido vivo apenas pela presença e amor de seus filhos.

A morte de Akame também serviu para deixar Fugaku em alerta com a segunda gravidez de Mikoto. Decididamente, Sasuke viria a ser um bebê muito mais agitado que Itachi, mas nada aconteceria a sua esposa durante a gestação e parto.

É claro que Mikoto não deixou Sakumo sozinho com duas crianças pequenas. E a insistência da mulher em cuidar dos filhos pela amiga querida acabou aproximando a ambos patriarcas, que se viam todos os dias.  O que só se agravou quando Kakashi e Obito integraram o Time Sete, sob tutoria de Minato.

Em pouco tempo, Itachi e Hikari eram inseparáveis. Eram bebês muito tranquilos e silenciosos, pacíficos. E Kakashi realmente os achava fofos. Especialmente pelo fato de sua irmã ter crises de frio súbitas, que ninguém conseguia curar, e o bebê Itachi sempre abraçar ou chorar para a mãe quando uma crise dessas começava. Como se ele soubesse que a amiga precisava dele.

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Tinha acontecido.

Ele não terminou a missão. Mas havia salvo seus amigos.

E mesmo assim, agora era a Desgraça do País do Fogo. Tendo escutado isso da boca de seu próprio pai.

Não que Tobirama seja conhecido por sua delicadeza e sensatez.

Acreditou veemente, por um tempo, que nada daquilo importava. Não quando ouvia o grito animado de sua filha, e a gargalhada do filho, sempre que entrava em casa. Sua pequena se jogava em seus braços, com a plena confiança de que ele a pegaria. Sendo seguida pelo irmão, que era mais comedido ao abraçar o pai. Suas duas joias.

Mas naquele dia não houve gritos animados, gargalhadas... Nem um sorriso. E nem seus filhos.

Sakumo escondeu sua presença e entrou em casa apreensivo. Procurou vestígios de sangue e luta, mas não encontrou nada.

Caminhou com cautela até encontrar Kakashi sentado ao lado do pequeno futton da irmã. O pequeno ninja tinha a sobrancelha franzida, o rosto sério.

Havia uma toalha com água morna sobre a testa de sua loirinha, que estava toda enrolada nas mantas. Os lábios roxos de frio, os pequenos dentes batendo.

-Papai...-O chamado veio baixinho, embargado. Surpreendentemente, Kakashi veio lhe estendendo os braços, pedindo colo.-Ela não tem febre...-Contou baixinho, se escondendo no pescoço do mais velho.-Mas ela não para de tremer... A minha irmã vai morrer?

Sakumo respirou fundo, e ajoelhou, ainda com o filho de cinco anos no colo, para poder tocar o rosto de sua menininha.

- Eu não sei, filho. Eu, realmente, não sei.

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Ver seu irmão entediado nas reuniões do conselho não era comum.

Agora, ver Sakumo não se importar nada com as discussões fez uma luzinha se acender para Jiraya. E foi por isso que chutou o pé do mais velho sob a mesa, para não atrair a atenção do pai, depois que os conselheiros haviam se retirado.

-O que aconteceu? Você não é assim.

O Hatake respirou fundo, antes de mirar os olhos negros no irmão caçula.