Amaterasu

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Já não a enxergava com nitidez.

Não enxergava seus olhos, cinzas ou coloridos. Ou os traços delicados e perfeito de seus lábios arroxeados.

As cicatrizes.

Acharia todas as que conhecia de olhos vendados. Mas não conseguia ver ou entender as novas que haviam surgido.

Não discernia as madeixas que se bagunçavam em rebeldes e desproporcionais ondas, e não conseguia separar os fios brancos, cinzas, chumbos e pratas.

Os detalhes do quimono eram impossíveis. Apenas sabia que era azul marinho e tinha detalhes em ouro antigo.

Tinha certeza de que ela estava linda. Afinal, ela é linda. Mas queria poder ver.

Então confiava em seu tato. Aproveitando que ela estivesse de joelhos em seu colo, penteando seus cabelos com todo cuidado do mundo, passeou com as mãos pelos pés, panturrilhas, coxas, bumbum... E parou ali, sentindo e apertando a carne firme dos longos anos de treinamento ninja.

- Não sou feito de algodão.

Brincou, quando a sentiu desfazer um nózinho com os dedos, antes de passar o pente por seus fios.

- Eu sei. Mas você já sente dor o tempo todo. Não pode me deixar fazer um agrado que não machuque você?

- Não foi uma reclamação.-Se afundou entre os seios medianos, completamente imerso no cheiro da pele dela.-Gosto quando faz assim... É um lado de Hikari Hatake que apenas eu conheço.

Ela estava sorrindo. Sabia disso porque ela sempre sorria. Mas a lembrança do sorriso dela estava começando a ficar vaga.

Afastou um pouco o rosto para olhar o colo dela. A marca da maldição havia se espalhado mais. Provavelmente as cores dos olhos haviam ficado mais vibrantes também. Ela estava gelada, e isso porque eles haviam acabado de sair do ofurô quente.

-O que foi?-Ela havia terminado de pentear, e agora só passava os dedos para separar suas mexas. Aquilo os fazia secar de forma mais rebelde.-Você está encarando minha garganta. Está planejando me morder, Uchiha?

O moreno riu baixinho, e deixou um beijinho suave no local.

Eles eram dois loucos.

Estavam no quarto ao lado do quarto do irmão mais velho dela.

Haviam shinobis de Konoha por todo o corredor do hotel de Iwagakure.

E os dois estavam ali, colados. Tomaram banho, trocaram beijos, agora estavam sentados em uma posição comprometedora, embora ela usasse a parte superior do Kimono e ele estivesse com a calça amarrada porcamente no quadril.

Definitivamente malucos.

-Não.-Passou o indicador pela marca suavemente, antes de voltar a afundar o rosto no decote generoso do quimono mau amarrado.-Somos loucos, não somos?

-Completamente. Mas de onde veio essa conclusão?-Ele apenas se afundou mais no conforto do colo.-Itachi... Não pode fugir das minhas perguntas afundando o rosto nos meus seios.

-Posso sim...-Resmungou o mais velho.-Você disse que eu podia.

Isso a fez dar uma risadinha, e afundar ainda mais os dedos em seu cabelo. Até Itachi decidir deitar os dois no colchão, a acomodando em seu peito. Sentiu o Chakra dela fluir provocando, seduzindo, o seu próprio. O distraindo enquanto intervinha no estado de seus pulmões, curando o máximo que conseguia sem que ele percebesse. Na verdade, o máximo que ele permitisse.

Era o aperto em sua nuca que a fazia parar, e dar um suspiro extremamente triste, se acomodando melhor.

-Se você não me deixar curar um pouco mais... Não poderemos mais fazer amor.

Akai ItoOnde histórias criam vida. Descubra agora