intocável.

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Draco.

Devia ser por volta das cinco da manhã quando Blásio começou a me sacudir de maneira desesperada. Estávamos descansando em um motel na beira da rodovia após uma caçada de 7 dias. Localizamos um demônio em Paris e fizemos nosso trabalho, o enviando de volta para o inferno - o que foi cansativo, já que o desgraçado não ficava mais de 24 horas no mesmo corpo - mas consegui estabelecer um padrão que nos levou direto até ele.
Ainda estava desnorteado quando me sentei na beira da cama e olhei diretamente em seus olhos em busca de um motivo plausível para todo aquele escarcéu de madrugada, recebendo em troca um tapa na nuca e um puxão para que fosse me trocar e recolher minhas coisas que estavam pelo quarto. 20 minutos depois estávamos pegando a primeira rota que nos levaria para uma cidadezinha no Sul de Londres.

- Você pode, por gentileza, me dizer o que vamos fazer em uma cidadezinha perto de Londres?

- Trabalho, Draquinho. Millicent me ligou como uma louca, todas as plantações dessa cidade morreram de um dia para o outro, o gado multilado, tempestades de raios e pessoas alegando ver um ser de olhos verdes as espreitando. Pansy disse que dá para sentir o cheiro de enxofre por todo lado.

- Um demônio de olhos verdes? Eu já vi pretos, vermelhos e até amarelos, mas verdes? Millicent tem certeza, Blas?

- Só pode ser um demônio, Draco. Pode ser o que levou o papai.

- Eu disse que não me envolveria em nada a respeito dele, Blásio.

- Qual é, Draco. Você não quer mesmo ver o papai de novo?

- Com certeza não. Que ele esteja queimando no inferno agora mesmo.

- Draco!

- Chega, Blásio. Eu não ligo se nosso pai está vivo ou morto, no céu ou no inferno, com tanto que ele esteja bem longe de mim, já é o suficiente.

- Tudo bem, Draco. Vamos nos encontrar com Vincent e Gregory no pub dos Nott no caminho, eles tem alguma coisa boa pelo jeito. Pansy e Millicent já estão na cidade nos esperando pelo amanhecer. Vamos resolver esse caso como qualquer outro e se tiver alguma coisa haver com o papai, eu continuo sozinho.

- Ótimo.

Blásio continuou dirigindo por mais três horas até chegarmos no pub dos Nott, um lugar apenas para caçadores e revendedores de qualquer coisa ligada as caçadas ou ao sobrenatural. Armas sobre as mesas e símbolos protetores de qualquer crença e religião pelas paredes, nenhum demônio, fantasma ou qualquer criatura entraria alí. Rostos conhecidos por todos os lados, mas ninguém ousava falar conosco, não depois de algum maldito espalhar que eu e Blásio havíamos matado Lucius - não que me faltasse vontade- mas eu com certeza não tive nada haver com isso.
Caminhamos diretamente até o balcão, dando de cara com Theodore Nott, um grande amigo nosso, havia parado de caçar quando teve o braço arrancado por um lobisomem, nada que uma prótese não resolvesse, mas mesmo assim foi uma cena horrível. Theo quase morreu naquele dia.

- Realmente, os Malfoy's são muito bons em sobreviver.

- Bom te ver também, Theo. - O cumprimentei com um abraço apertado, faziam bons meses que não nos falamos pessoalmente. Blásio o deu um aperto de mão e dois tapinhas nas costas, antes de nos sentarmos em uma mesa com Theodore junto.

- E aí, o que estão fazendo longe de casa?

- Aparentemente, um suposto demônio fez o Blas me tirar da cama as cinco da manhã para me enfiar numa cidadezinha de Londres.

- Eu já disse que não é em Londres, é perto de Londres! - Blásio resmungou, como se a informação fosse extremamente útil ou necessária.

- Tanto faz! - Retruquei revirando os olhos.

- O demônio de olho verde?

- Como sabe? - Blásio perguntou erguendo sua sobrancelha esquerda em confusão.

- Qual é, todos estão sabendo do demônio de olho verde, mesmo que ninguém tenha visto sua cara ainda. - Theo respondeu enquanto fazia sinal para um dos seus funcionários trouxesse alguma bebida para nossa mesa.

- Se todos sabem, por que ninguém foi atrás dele ainda? - Eu o questionei enquanto pegava a long neck que foi posta em minha frente.

- Ninguém teve coragem, é claro. As pessoas falam, Draco, e andam dizendo que pode ser filho de Lúcifer.

- Filho de Lúcifer? - Blásio quase cuspiu sua cerveja, se engasgando antes de perguntar.

- Lúcifer teve um filho? Com Lilith?

- Aparentemente sim, Draquinho. - Uma voz diferente, porém conhecida se enfiou na conversa. Vincent Crabbe.

- Por Deus, onde estavam que demoraram uma eternidade para chegar? - Theo bufou logo em seguida. Ele odiava atrasos.

- Vincent não queria soltar por nada uma garota, nos atrasou por uma loira sem sal. - Dessa vez foi Gregory que tomou a palavra, puxando uma cadeira e se sentando junto do melhor amigo.

- Ela não era sem sal!

- Lúcifer provavelmente teve um filho, e vocês vão discutir sobre uma loira que Vince achou em um bar qualquer?!

- Calma aí, Draquinho. Temos respostas e elas já vão chegar em seu conhecimento. - Greg puxou uma pasta grossa de sua bolsa, a jogando sobre a mesa e chamando um garçom para pedir uma bebida.

- Não tinha a versão resumida, Goyle? Tipo... Wikpedia? - Blaise questionou de olhos arregalados, me fazendo revirar meus próprios.

- Essa é a versao resumida, querido.

- Grande noite. - Resmunguei em tom baixo enquanto pegava algumas folhas plastificadas dos ganchos.

Nós cinco ficamos lendo e pesquisando com auxílio do meu notebook até um pouco depois das três, quando Theo fechou o Pub. Pareciamos ter acabado a pesquisa com mais dúvidas do que quando começamos. Zeramos toda a pasta e minha cabeça parecia prestes a explodir. Passados alguns minutos com todos em silêncio tentando absorver qualquer informação que acabamos de ler, recebi uma ligação de um número privado. Atendi já esperando que fosse algum caçador precisando de auxílio ou alguma fatura de cartão de crédito no nome de algum velho morto.

- Fiquei sabendo que está vindo atrás de mim, Draco. - Uma voz calma saiu do telefone me fazendo arregalar os olhos.

- Quem está falando?

- Ora, como estão me chamando, mesmo? - A voz parou por alguns segundos, parecendo pensar - O demônio de olhos verdes. Estou certo, querido?

- O que? Como?

- Não perca seu tempo, Malfoy. Eu sou intocável.

A chamada encerrou logo depois, o número não estava em meus registros de chamadas recentes e os outros quatro sentados a minha frente me encaravam confusos. Eu mesmo também estava.

- Quem era, Dray? - Meu irmão perguntou ligeiramente preocupado, provavelmente pela expressão de espanto que devia estar em minha cara.

- Era ele. O demônio.

supernatural - drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora