purgatório.

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Draco.

Eu não esperei mais um minuto antes de levantar e seguir até o Impala, sem me importar se seria seguido ou não por Blásio, mas quando o vi chegando logo atrás de mim, junto de Crabbe, Goyle e Theo, me sentei no banco do carona, deixando a porta aberta e chegando o acento para frente para que os três últimos pudessem se sentar atrás.

- O que ele disse? - Blásio parecia perturbado com a ideia de um demônio ter ligado para o meu celular.

- Que é intocável. Agora tudo faz sentindo! Olhos verdes... Como não pensei nisso antes?!

- Do que você está falando, Draco!? - Gregory tentava acompanhar meu raciocínio, mas se perdia, estava estampado em sua cara.

- Ele não é filho de Lúcifer com Lilith... - Eu disse enquanto parava meus olhos em uma figura do diário de caça do meu pai.

- É filho de Lúcifer com Deus. - Theo completou minha frase logo depois, e foi quando Blásio começou a gargalhar como se tivéssemos contado a maior piada da vida dele.

- Do que está rindo seu cretino?

- Dray! Você ainda pergunta? Lúcifer e Deus, juntos!? - Ele não parou de rir até que eu o acertasse com um tapa na cara.

- Ei! Meu rosto!

- Desculpe interromper a briguinha de irmãos, mas... COMO ASSIM?! - Vincent parecia surtar com a informação.

- Nunca foi confirmado, era apenas uma história, como uma lenda urbana, ou qualquer coisa desse tipo.

- Tipo o Papai Noel? - Blásio parecia se agarrar em qualquer coisa simples que fizesse aquilo entrar na sua cabeça.

- Papai Noel é pagão, não uma lenda urbana seu idiota. - Theo revirou os olhos enquanto explicava o óbvio ao meu irmão.

- Continuando... Ninguém que esteja vivo o viu em sua forma real, mas dizem que ele se parece com um homem, assim como Deus supostamente pareceria, mas a alma é tão podre como a de Lúcifer. Seus olhos são de um verde muito forte, mas ficam em um tom mais fraco para que ele passe despercebido por nós.

- E como dois homens tiveram um filho? Quer dizer, não homens, mas vocês entenderam. - Gregory estava começando a entender toda a história.

- Também é apenas outra especulação, mas aparentemente homens poderiam engravidar, assim como mulheres, mas quando Deus teve um filho com Lúcifer, seu Pai acabou com isso, exterminou todos os homens capazes de engravidar. - Theo explicou com calma, para que todos pudessem entender.

- Esse filho, aparentemente, nasceu logo depois de Lúcifer se rebelar contra Deus e ser expulso do céu, virando o próprio Diabo. Deus, com misericórdia, deixou o garoto crescer no paraíso, mas ele não fazia parte de lá. Seria o Anti Cristo, e deveria dar início ao Apocalipse, então, Deus o jogou para o Limbo entre o Céu e o Inferno. Ele deve ter ficado no Purgatório por uns bons anos, Deus ainda tinha esperança que o filho pedisse perdão pelos pecados, mas como nunca aconteceu, ele foi tirado do Purgatório e jogado para a Terra

- Em outras palavras, ele vai começar o fim do mundo.

- Sim, Vince. O fim do mundo.

- Cara, isso é... Wow! - Blásio ainda estava em um colapso interno com tudo aquilo.

Meu celular começou a tocar pouquíssimo tempo depois, o mesmo número privado de antes. Nos entre olhamos e eu lancei um sinal com a mão para que Blásio começasse a dirigir. Assim que o motor foi ligado eu aceitei a chamada, levando o aparelho até o ouvido.

- Você é bem espertinho, não? - A mesma voz calma de antes

- O que você quer me ligando?

- O que você quer vindo atrás de mim, Draco?

- Te mandar para o inferno, junto com o seu paizinho.

- Meu pai nunca foi muito receptivo, me deixou lá em cima com aqueles cretinos puritanos. Eu devia ter matado todos antes que o tão misericordioso Deus, me jogasse naquele lugar podre.

- Você sabe que não faz parte de lá.

- E nunca poderia fazer.

- Qual seu nome afinal?

- Vamos, Draco... Você é esperto. Qual o meu nome?

Eu esperei um tempo até minha cabeça fazer toda a ligação. Peguei o diário do meu pai e folheei até sua última anotação. Era óbvio, mais uma vez.

- Harry.

- E temos um vencedor. - Harry deu uma risada divertida. - Sabe, Draco... vou te contar um segredo. O Limbo é o pior lugar para se estar, tem um nome bem auto explicativo. Purgatório. Você realmente é expurgado lá. Cheio de almas perdidas, querendo apenas que Deus cheio de misericórdia os estenda a mão... Mas, não estão arrependidas de que fizeram em vida, então, meu querido papai as ignora, as deixa na perdição, queimando em desespero. É um caos por bastante tempo, e enfim, Lúcifer chega com sua cavalaria de demônios e Cães do Inferno, os puxando para baixo, para um lugar bem pior.

- Onde quer chegar com isso?

- Eu vi seu pai por aqui, sabia?

- No inferno?! - Eu me arrepiei por completo. Com certeza o odiava, mas ainda havia curiosidade em saber o que tinha acontecido com Lucius.

- Não, querido. No Purgatório.

- Achei que ele iria direto para o fogo. - Um risada seca sai de minha garganta, carregada de ironia.

- Ah, ele foi. No Limbo também há muito fogo. Dor, desespero, tortura. É um Inferno menor, tipo a versão falsificada, sabe?

- O que você quer reaparecendo agora?

- Ah, querido, eu não posso te contar.

- Se eu fosse você, diria antes que eu coloque as mãos em você.

- Então pretende colocar as mãos em mim? Sem nem me pagar um jantar antes, Draco?

- Vai se foder, seu desgraçado.

- Oh, eu pretendo. Com você.

A ligação foi encerrada. Eu podia soltar fumaça pelos ouvidos de tanta raiva. Não consegui arrancar nada da boca desse cretino, e ainda fui aliciado pela porra de um demônio. Meio demônio, Anjo, ou eu sei lá. Mas a questão do meu pai foi uma surpresa. É claro que gente do tipo "seguidor de Lúcifer" mente, o que seu próprio filho não seria capaz de fazer? Mas ainda é uma possibilidade. Talvez meu pai esteja sim no Purgatório, o que implica automaticamente que ele esteja morto. Ótimo.

- Era o demônio? O que ele disse? Onde ele está? - Blásio era de longe o mais desesperado, me enchendo de perguntas e com aquele olhar suplicando pelas respostas.

- Nada de realmente relevante. - Guardei a informação do possível paradeiro de Lucius para mim, não achando uma boa ideia contar a Blásio. Não até ter certeza.

- Ele ainda está na mesma cidade? - Theo estava extremamente calmo, o que sempre me assusta. Aquele garoto não expressa nada na cara. Nunca.

- Aparentemente, sim. O ddd é o mesmo.

- Ótimo. Vamos atrás dele. - Blásio soltou um suspiro antes de pisar nem fundo no acelerador e seguir pela rota que nos levaria até a cidade de Canterbury.

supernatural - drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora