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-Olha, eu sei que está fazendo isso por compaixão, mas não precisa. -Escuto aquelas palavras saindo de sua boca e reviro os olhos.

-Não tem compaixão nenhuma. Eu só não vou te deixar em um hotel qualquer e correr o risco da sua namorada não te ter de volta. -Digo e vejo que Ruy estava entrando no bairro que ficava o condomínio que eu morava. -Agora não adianta mais, estamos chegando. E sei que Batman e Ella vão ficar feliz de te ver. 

Ela ficou quieta e parecia pensar na minha proposta. E quem é que não aceitaria? Além do mais, qualquer um é apaixonado em cachorros. E os meus são uns amores, cá entre nós.

Ruy para o carro em frente a minha casa e eu me preparo para descer, enquanto S/N continua ali dentro, apenas olhando para o nada. O que será que se passava pela sua cabeça nesse exato momento. Sua expressão ia de assustada a pensativa, enquanto mordia o interior de sua bochecha e uma ruga se formava entre suas sobrancelhas. Aposto que se não entregasse o quão nervosa ela estava, roeria as unhas. 

Sorrio com o pensamento e desço do carro com o guarda-chuva sobre minha cabeça e ando até a outra porta do carro e abro para a mesma, que exita em descer, mas depois de alguns rápidos segundos, coloca o capuz sobre sua cabeça e desce, entrando debaixo da proteção de chuva, junto comigo. 

Andamos rapidamente para a entrada e pego as chaves dentro do bolso do casaco que eu utilizava e abro a porta, entrando e fechando o guarda-chuva e o deixando de lado. Retiro meus tênis e o casaco que vestia, pendurando o mesmo no cabide que havia ao lado da porta de entrada. Ando mais um pouco para dentro de casa e acendo as luzes da sala, me virando para encarar a figura de S/N parada, ainda ao lado de fora de casa. 

-Vai entrar ou vou ter de convidar você igual se convida um vampiro? -Digo me lembrando de quando ela me fez assistir The Originals na época que estávamos juntas ainda. Eu preferia assistir The Vampire Diaries,mas ela disse que era chato e que ver os vampiros originais era bem melhor. E eu acabei por concordar depois de ver todas as temporadas junto com ela. 

Ela entra e retira os sapatos, os deixando ao lado dos meus e logo em seguida o casaco que usava estava no cabide também. Ela fecha a porta e o ar frio que antes entrava, dá lugar ao ar quente que tinha dentro da casa. Ela parecia sem lugar, e isso me fez ficar deslocada na minha própria casa. Eu queria que ela se sentisse bem e consequentemente confortável, mas não aconteceria isso. 

-Me desculpa. -Olho para ela ao ouvir aquelas palavras. Foram como um soco, mas eu não sabia o porque. Ella e Batman vieram correndo ver quem estava comigo, e ao verem e sentirem o cheiro de S/N, começaram a pular em suas pernas e eu sorri com o ato, vendo ela se sentar no chão para poder brincar e conversar com eles. Vou em direção a cozinha e pego a garrafa de água que tinha na geladeira e me sirvo em um copo e bebo da mesma rapidamente. -Sua casa é bem grande. Pelo pouco que vi até agora. 

-Eu senti que precisava de alguma coisa maior, e também vendi o apartamento. -Digo de forma simples e me sento ao sofá depois de ter chego na sala e ver ela ainda brincando com as duas bolas de pelo. -Pelo que pediu desculpa?

-Você sabe o motivo. 

-Na verdade não sei não. Você virou um enigma depois desses anos. Mas eu não te culpo. -Digo e ela se levanta do chão e se senta no mesmo sofá que eu, porém a uma distância segura. 

-Eu não quero me machucar de novo, estou namorando e por isso acho que estava sendo tão esquiva durante todo o caminho e lá no hospital também. -Ela diz e esfrega a mão esquerda na calça que usava, pude perceber que era por causa de seu nervosismo. 

-Como eu disse, não te culpo. Eu faria o mesmo. 

-A verdade é que você ainda mexe comigo. Droga, não era para isso acontecer, mas você me aparece depois de tanto tempo e acha que não eu não vou me importar? -Ela diz e fecha os olhos, encostando a cabeça no encosto do sofá. 

-A verdade é que eu não te esqueci. Não vou mentir. Ainda sinto sua falta, todos os dias. -Digo e me viro para olhar em seu rosto, que no momento estava sem expressar nenhuma reação. 

Como que por algum acaso do destino, uma luz ilumina o lado de fora da casa e logo depois é escutado um trovão, as luzes se apagam alguns segundos antes do som e com isso eu me assusto. 

Foi tão rápido e involuntário, mas de alguma forma, depois de tudo, eu estava colada ao lado direito de S/N, agarrando seu braço e puxando ela contra mim. Eu odiava ouvir trovões, mas amava chuva. 

Ela estava imóvel e então eu percebi o quão desconfortável deveria estar sendo. Me afasto um pouco e ela limpa a gargante e se levanta do sofá. 

-Tem velas? Parece que houve um pico de energia em todo o bairro. -Seu olhar corre para a janela e eu sigo a direção do mesmo e vejo que as luzes dos postes estava igualmente apagadas. Belíssimo momento para haver um apagão.

-Elas devem estar na cozinha, em alguma gaveta. -Me levanto e vou na direção da cozinha e escuto ela me seguir. Os cachorros deveriam estar em suas camas, porque não poderiam ver as luzes se apagando que achavam que já estava na hora de dormir ou algo do tipo. 

Com sua ajuda, começo a procurar as velas, mas só acho um esqueiro. 

-Aqui está. -Sua voz era baixa, porém estava rouca e então ela tenta limpar a garganta. Olho em sua direção, mas o que consigo ver é apenas sua sombra. Me aproximo um pouco e com a minha mão esquerda procuro seu braço para tentar pegar uma das velas. Mas o destino não queria isso.

Outro raio ilumina as janelas e o trovão é mais alto dessa vez, fazendo com que eu me agarre nela no mesmo instante que encontro seu braço. O isqueiro cai no chão e eu enterro minha cabeça em seu pescoço, fechando os olhos e apertando minhas mãos em suas costas, trazendo seu corpo contra mim. 

Sua respiração bate em minha nuca e eu me arrepio por completo. Não havia frio, pelo contrário, meu corpo estava quente, parecendo que havia energia correndo por ele.

-Demi. Tudo bem? -Ela diz de forma baixa e arrastada. Seu braço direito passava por minha cintura e a mão esquerda estava na metade de minhas costas. 

Me afasto o suficiente para olhar em seu rosto, mas o escuro não permitia tal ato. Então coloco minhas mãos em seu rosto. Uma de cada lado, logo abaixo de suas orelhas. O que eu estava fazendo?

Como um ato tão involuntário quanto o susto, puxo seu rosto de encontro ao meu e beijo seus lábios. Ela não corresponde de início, então me afasto, percebendo o erro que cometi. 

Mas ela acaba sendo mais rápida que eu e me puxa, colando seus lábios nos meus. Em poucos instantes, estávamos em um beijo profundo, lutando por domínio, que ambas queríamos mas não cederíamos.

Eu senti tanta falta dela durante esses anos. 



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Olha o que eu fiz, meu Deus. 

Mais de mil e duzentas palavras nesse capítulo. 

O que será que vai acontecer com o relacionamento de S/N e Julie?

Sinto que pode ficar melhor a leitura desse capítulo se vocês ouvirem Do I Wanna Know? de Arctic Monkeys. 

Escrevi ouvindo, então não sei se vai ajudar a ter a mesma emoção que eu tive. 

Os outros dois capítulos anteriores foram escritos ouvindo Without Me da Halsey, então se quiserem ler novamente e ouvir a música. kkkkkkk

Eu amo essas duas músicas de uma maneira diferente. Escuto nos momentos mais bad e fico bem com isso. Mas esses capítulos, sinto que foram os melhores até agora dessa segunda parte da história. 

Estou feliz porque Legacies e Riverdale será lançada em Janeiro, um dia após o outro. Estou pulando de alegria por isso. 

Bom, é isso. Votem e comentem bastante. 

Beijos bb's lindos do meu coração. 

Amor por acidente. (Book two)Onde histórias criam vida. Descubra agora