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-Chega, você já não para mais em casa, não conversa mais comigo. Estou me sentindo abandonada e excluída, como se você já tivesse terminado comigo e só eu não soubesse. -Escuto aquelas palavras enquanto entrava em casa.

-Eu não quero conversar agora, estou cansada. -Me limito a dizer e não ouso olhar para a mulher na minha frente. 

-Claro, você passa a maior parte do seu tempo na rua. 

-Correção, em um hospital. Porque eu passo a maior parte do meu tempo trabalhando. -Digo e começo a subir as escadas, porém ela me impede, segurando o meu braço. 

-Você está assim, distante, desde o dia da chuva. E eu sei que não fiz nada de erra..

-Fui eu quem fiz. -Digo e me sento no primeiro degrau da escada e coloco minhas mãos em meus cabelos. -Isso não está dando mais certo, Julie. 

Ela me olha como se eu fosse uma louca e tivesse acabado de dizer que matei alguém. De certa forma seria bem melhor falar isso do que o que eu estava prestes a dizer.

-Como assim não está dando mais certo, S/N? Somos felizes, somos amigas acima de tudo, somos um ca...

-Por isso mesmo. Somos mais amigas do que um casal. Essa relação é uma total amizade, com benefícios. EU não consigo mais ficar assim. EU não posso mais mentir para você, não consigo. -Digo enquanto ela se encosta no sofá e coloca as mãos no rosto, respirando fundo e levando as mãos em direção aos cabelos e levando os mesmos para trás, formando um coque mal feito. -Eu sinto muito que tudo tenha chegado a esse ponto, mas eu não posso mais continuar com isso. Me desculpa.

-Por que chegou nessa decisão agora? Qual foi o ponto em que eu errei para isso acontecer? Eu não sou a pessoa correta? -Ela me olhava, de uma forma cansada, com os olhos já vermelhos, indicando que queria chorar. 

-Você não errou, nunca errou nessa relação. Eu quem continuei com algo que não poderia dar certo, não do jeito que você precisava e ainda precisa. -Me levanto e vou em sua direção, para poder lhe abraçar, mas ela levanta a mão indicando para que eu parasse ali mesmo. -Eu prefiro que seja assim do que levar isso mais adiante e te machucar mais ainda. Você precisa ter uma vida, e ela não vai ser comigo e muito menos feliz se eu estiver ao seu lado.

-Eu era feliz, SOU feliz ao seu lado. -Nesse ponto ela já derramava algumas lágrimas. 

-Mas eu não. -Digo e me viro em direção a escada e volto a subir, dessa vez degrau por degrau, pensando em tudo que eu falei e tudo que ainda tinha para falar.

Chego ao quarto e abro o guarda-roupa para pegar uma mala que tinha ali. Eu não poderia ficar aqui depois de tudo isso. 

Começo a colocar algumas roupas ali dentro, sem ânimo para qualquer coisa. Eu estava cansada demais para poder conseguir raciocinar e formar pensamentos coerentes. As duas cachorras estavam em cima da cama, me olhando colocar as roupas dentro da mala que estava fazendo. 

-Você vai para onde? -Escuto a voz de Julie atrás de mim, sua voz parecia cansada e deveria mesmo, até porque não é todo dia que você tem um término carregado de energias negativas igual o nosso agora. 

-Eu não sei, mas não vou te tirar daqui. -Digo apenas isso e termino de fechar a mala. 

-Você vai para a casa dela! Não sabe disso, mas vai sem nem pensar. -Olho em sua direção e a mesma fecha os olhos e secas as bochechas com a manga do moletom que usava. 

-Não sei do que está falando. Eu não sei para onde vou mesmo, então não diga coisas que não sabe.

-Não sei? Olha, eu não ia comentar nada porque estávamos bem, mas acabei de assimilar que quando caiu aquela chuva, no dia que o seu carro estragou, você disse que dormiu em um hotel, mas a conta do cartão não tinha nada. E além de fotos que saiu no dia seguinte, de vocês duas conversando e você entrando no carro dela logo em seguida. -Ela disse tudo aquilo de forma rápida e de uma vez, quase sem pausas. -Eu não sou cega e nem burra. Vocês estiveram juntas. 

Me sento na cama e coloco as mãos na cabeça, respirando de forma profunda. 

-Eu pego o resto das minhas roupas depois. -Digo e pego a mala e saio do quarto, descendo as escadas e indo em direção a porta, porém não iria deixar minhas cachorras ali, já que ambas estavam atrás de mim. -Eu vou levar vocês duas, claro que vou. 

-Você não vai fazer um esforço nem para negar? -Olho em direção da voz e a mulher já não estava mais com lágrimas correndo por seu rosto. 

-Você quer que eu diga o que? Que fui infiel? Que fui uma desgraçada? Que te trai com minha ex? Que dormi na casa dela, na cama dela? Junto com ela? Que transamos a noite toda? -Nesse ponto eu já não iria mais guardar aquilo. Essas palavras saíram e assim me tiraram um peso das costas. 

Deixo a mala ao lado da porta e vou em direção a área externa e pego as coleiras das duas e o pacote de ração junto das vasilhas. Elas começam a pular e correram para a porta. 

-Você não vai levar minhas cachorras com você. -Escuto Julie dizer da sala. -Elas não merecem viver com você e com aquela mulher.

-Na verdade eu vou sim, elas são tão minhas quanto suas. -Digo e abro a porta. -Pelo que me lembro, elas estavam comigo bem antes de eu te conhecer. E não fale mais da Demi assim, ela merece tanto respeito quanto outro ser humano.

Destranco o carro e coloco as coisas no porta mala, abro a porta de trás e deixo elas entrarem, colocando a coleira em ambas e prendendo ao sinto para não acontecer um acidente já que Maggie amava andar de carro e ficava pulando de um lado para outro. Fecho a porta e volto para fechar o porta mala. Volto para dentro de casa e pego uma garrafa de água para poder dar as cachorras no caminho. 

-Você é como todas as outras pessoas que eu me relacionei. Não sabe o que quer da vida, e quando está finalmente estabilizada, larga tudo para ir atrás de uma mulher qualquer. -Ela diz, de forma amarga e seca. Havia raiva em sua voz. 

-Eu vou embora para não brigar mais com você. -Vejo o violão atrás do sofá e pego o mesmo rapidamente. -Parece que você já tem uma opinião formada sobre mim e tudo que eu sou, então não vou e nem estou com cabeça para modificar isso. E nem vou mentir sobre as coisas que fiz também.

-Quero que você se foda, que vai para a puta que te pariu junto com aquela desgraçada. 

-Não se preocupe, eu vou me cuidar muito bem. -Digo e saio de casa, escuto alguma coisa ser quebrada lá dentro e entro no carro e coloco o violão no banco do passageiro e ligo o carro o mais rápido possível, saindo dali, sem rumo algum. 



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Eita que eu finalmente escrevi esse capítulo. 

Meu Deus. 

Eu tô em choque com o que acabei de escrever. 

Nem vou revisar, se não fico mais chocada ainda.

Bom, é isso. 

Espero que gostem.

Votem e comentem bastante. 

Beijos bb's lindos do meu coração. 

Amor por acidente. (Book two)Onde histórias criam vida. Descubra agora