Desta vez, o incendiário levou a pior!
Tudo começou com uma centelha ..., e depois uma chama, seguida de enormes e altas labaredas, transformando tudo em um inferno rubro. E ao final, restaram apenas alguns poucos escombros e muitas cinzas ..., os bombeiros corriam para todos os lados, e os curiosos amontoavam-se ao redor do que, outrora, fora uma residência onde vivia uma família feliz.
Entre os curiosos, apenas um homem prestava atenção aos detalhes; entre eles, o rostinho da única sobrevivente; uma garota de uns quatorze ou quinze anos; suas roupas chamuscadas, os cabelos em desalinho e a expressão triste e perdida no rostinho com fuligem, despertou o interesse do sujeito, cujo olhar era um misto de mórbida curiosidade e estranha inquietação. Teve ímpetos de ir até ela para conversar, mas logo desistiu, pois, não saberia o que dizer; depois de algum tempo, baixou a cabeça e deu as costas ao lugar, desaparecendo no meio da multidão.
Alguns anos depois, o tal sujeito, cujo nome era Murilo, foi preso em uma investigação sobre um incêndio criminoso ocorrido em um depósito de produtos químicos; a suspeita era de que ele fora contratado pelo proprietário para realizar o serviço; as provas não eram conclusivas, e o longo interrogatório não levou a lugar nenhum.
Com um sorriso pérfido e uma expressão de sarcasmo, ele viu-se dispensado pelos policiais; ganhou a rua sentindo-se vitorioso e satisfeito; com a mão repleta de marcas e queimaduras, coçou a barba, pensando no que faria a seguir; caminhou a esmo pelas ruas, atracando em um boteco de péssima reputação e pedindo uma cerveja.
O celular vibrou com a chegada de uma mensagem; minutos depois, um homem aproximou-se de sua mesa e sentou-se; tinha um ar circunspecto e modos elegantes, ele tirou um envelope do bolso interno do paletó, depositando-o sobre a mesa. "Acho que isso resolve o nosso assunto ..., estamos acertados, não é?", ele perguntou, sem encarar Murilo.
-É isso aí, chefia! Tudo certo! – respondeu Murilo, com um sorriso irônico, completando – Se precisar dos meus préstimos profissionais, é só me ligar, o.k.?
O sujeito fez uma expressão de esgar e nada disse, levantando-se e seguindo seu caminho; Murilo pôs o envelope no bolso da calça e terminou sua cerveja. Levantou-se para sair, quando ouviu os gritos vindos em sua direção. "Segura ela! A vadia me roubou!", vociferava o mesmo sujeito que, há pouco, estava na mesa com Murilo.
Ele olhou e viu uma jovem correndo em sua direção; com um movimento rápido, ele a segurou, percebendo que ela trazia algo nas mãos. Murilo tomou a carteira que estava com a garota e sorriu; assim que o sujeito se aproximou, ele estendeu o objeto. "Tá tudo certo! Eis aqui a sua carteira, chefe! Deixa a garota por minha conta!", disse Murilo com tom assertivo. O sujeito hesitou por um momento, mas, contentou-se em pegar de volta sua carteira afastando-se do casal.
-Então, garota, tá maluca, é – disse Murilo – Não é assim que se pega! Tem que ser mais sutil! Como é seu nome?
A garota não respondeu, preferindo ficar em silêncio, Murilo segurou-a pelo braço, exigindo que ela o acompanhasse; ela ofereceu alguma resistência no início, mas, não tardou em deixar-se levar pelo sujeito. Seguiram pelas ruas, até chegarem ao destino: um velho edifício abandona que servira de ocupação para indivíduos de toda a sorte, desde drogados, larápios e outros de sua espécie. Subiram as escadas até o primeiro andar; ante uma porta de madeira carcomida, Murilo sacou um molho de chaves e abriu-a.
Depois de pegar duas cervejas na geladeira, oferecendo uma delas para a garota, ambos se sentaram em um velho sofá de couro rasgado. Murilo insistiu em saber mais sobre a garota, perguntando seu nome e o que fazia nas ruas; depois de ingerir alguns goles da cerveja, ela respirou e pediu um cigarro; Murilo estendeu o maço e o isqueiro; ela acendeu um, deu umas longas baforadas, passando a fitar atentamente o rosto do criminoso.
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CONTOS DE SUSPENSE SENSUAIS
Misterio / SuspensoNESTA SEQUÊNCIA DE CONTOS, ENFATIZO O SOBRENATURAL SALPICADO POR DESEJO CARNAL, ENVOLVENDO HISTÓRIAS INSÓLITAS E INESPERADAS.