CONTOS DE SUSPENSE SENSUAIS

Capítulo VII: A MALDIÇÃO DO TEMPO

Quando o castigo, mesmo inesperado, vem a galope te perseguir!

Josie adorava cultivar mentiras, principalmente, quando elas lhe rendiam alguma espécie de lucro! E a maior mentira que ela pregou foi simular um estupro cometido pelo seu patrão; e não foi difícil, pois, o sujeito não tirava os olhos de cima dela, sempre com um ar cobiçoso e uma expressão de sujeito tarado. Percebendo a oportunidade de se dar bem, ela preparou a armadilha em que Jofre, seu patrão cairia sem perceber.

Tudo foi planejado com minuciosa falta de escrúpulos; fim de expediente, ela o avisou que ficaria um pouco mais para terminar algumas tarefas pendentes; imediatamente, livrou-se da calcinha, trocando o jeans por uma minissaia abusada; não precisou mais que duas ou três passadas na frente do idiota, que a jogada estava ganha!

Em poucos minutos, lá estavam os dois, pelados e engalfinhados sobre o velho sofá de couro avermelhado da sala de reuniões; Josie, simulando o papel de uma garota virgem e inexperiente, gritava, reclamava, gemia, dando azo a um perfeito teatro, em que Jofre se sentia o verdadeiro macho dominador que estupra a incauta novinha para satisfazer seu desejo animalesco; o que ele não sabia, era que um celular discretamente posicionado em local estratégico, gravara toda a diversão sórdida entre Jofre e sua funcionária.

E na semana seguinte, Josie deu início ao processo de extorquir dinheiro do patrão idiota, exibindo para ele a gravação e ameaçando ir à polícia para denunciá-lo por estupro; Jofre viu-se, então, sob o domínio de Josie, curvando-se a sua vontade, concedendo tudo que ela pedia ..., e olha que não foi pouca coisa: além de dinheiro em espécie, ela obteve roupas, algumas joias e até mesmo um carro, que embora usado, satisfez suas necessidades.

Tudo corria muito bem para ela, e poderia ter-se prolongado por muitos anos, não fosse um evento indesejado e inesperado ..., o falecimento de Jofre! Foi algo trágico que abalou a família, os empregados, amigos, e principalmente, a jovem Josie que se viu em um mato sem cachorro ..., deu adeus à vida boa proporcionada pelo falecido, e esperou por dias frios e chuvosos.

Entretanto, como mulher esperta, Josie decidiu aguardar até que a família decidisse o que fazer com a empresa, pois, conforme a decisão, ela poderia ainda beneficiar-se do objeto de extorsão que ainda tinha em seu poder. Então, fechou-se em copas, aguardando o que estava por vir ..., e o que aconteceu a seguir, foi aterrorizante para ela; de alguma maneira desconhecida por ela, a polícia recebeu uma denúncia anônima informando da chantagem a que Jofre era submetido por Josie, inclusive, segundo consta, apresentando uma evidência inequívoca da afirmação.

Descobrindo essa informação privilegiada, Josie decidiu que era chegada a hora de desaparecer! Ao fim o expediente daquele dia, ela foi para seu apartamento, arrumou as malas e esperou anoitecer, caindo na estrada assim que foi possível. Já na rodovia, ela maquinava para onde ir e o que fazer a seguir. E não fosse um infortúnio, ela teria se saído bem dessa.

A certa altura da viagem, o carro apresentou uma pane, deixando-a imobilizada e sem perspectiva; olhou para o relógio e viu que era tarde; para piorar, estava em um ponto da rodovia com pouca iluminação e deserto ..., ficou torcendo para que surgisse um veículo que lhe propiciasse uma carona até o posto de abastecimento mais próximo, onde poderia pedir socorro mecânico. E o desespero já tomava conta de sua mente, quando um par de faróis acendeu uma centelha de esperança. De posse de uma lanterna, Josie sinalizou, torcendo para que o motorista atendesse ao seu apelo.

A caminhonete reduziu a velocidade, até estacionar no acostamento; ela correu até o condutor e explicou seu problema; o homem, um sujeito com jeito másculo e atraente, condoeu-se da situação da jovem e concordou em lhe dar carona. Iniciaram o trajeto, onde Roy, o motorista indicou o posto mais próximo. Mantiveram uma conversa amena ao longo do caminho, até que a conversa tomou um rumo inusitado.