quinze

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  Estou tentando adiar essa conversa há dias

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Estou tentando adiar essa conversa há dias. Muitos dias, a propósito. A verdade é que ninguém gosta de lidar com corações partidos, e eu menos ainda. Passei muito tempo nervoso, ansioso, tentando encontrar a maneira correta de contar algo tão delicado para Teri, mas não vi outra forma além de ser totalmente direto. Achei que arrancar o band-aid de uma vez faria a dor ser rápida. Dolorosa, mas rápida. Porém… eu estava completamente enganado. 

Quando vi a cor sumindo do rosto dela, me senti tão péssimo que parecia que eu a tinha magoado de tal forma. Que eu era o traidor. Eu deveria ter esperado… Notei que ela não estava bem assim que ela atravessou a porta, pois quando Teri Grace chega, tudo se ilumina feito uma supernova, mas desta vez tudo estava sombrio. Ela estava molhada e desanimada, mas ainda assim tentava soar alegre e energética. Mas eu não conseguia mais guardar isso para mim. Sentia que iria explodir a qualquer momento. 

Arrependo-me amargamente por não ter deixado Denzel socar a cara do desgraçado. 

A sopa já está fria a esta altura. O meu apetite foi por água abaixo… Com um suspiro, levanto-me e levo os pratos para a cozinha. Olho para a chuva escorrendo pela janela. Meu celular toca. Mensagem de Denzel. 

"Você já contou para ela?"

Ele tem andado bem preocupado com isso. Respondo: 

"Já… E não queria ter feito."

"Merda… Ela está chorando?" 

"Provavelmente."

"Você precisa consolá-la. Isso se tornou sua obrigação."

"Não somos amigos."

"Não precisa ser amigo de uma pessoa para ser solidário."

Travo o maxilar. Talvez ele tenha razão. Mas eu não sei como me aproximar quando ela está por perto, porque nos damos melhor quando estamos brigando. Eu posso lidar com tecidos e agulhas, mas não com lágrimas e choro. Digito uma resposta rápida. 

"Vou fazer o possível." 

Sigo pelo corredor. O meu objetivo é passar direto para o meu quarto e bolar um plano, mas eu paro na porta de Teri, hesitante. Aproximo-me um pouco e ouço um ruído. Ah, sim. Ela está mesmo chorando… Droga, o que eu faço? Bato na porta? Chamo por ela? Ou simplesmente respeito o seu momento de dor? Tento me colocar no lugar dela… Acho que eu iria querer ser consolado em um momento como esse. 

Bato suavemente na porta. O choro para. 

— Teri, sou eu… — Claro que ela sabe que é você, idiota! — Posso…? 

— Vai embora! — ela grita, o tom choroso, sem me deixar terminar. 

Suspiro. Estou prestes a deixá-la em paz, mas algo em seu tom de voz parece dizer ocultamente "fique". Sem permissão, giro a maçaneta suavemente. O quarto vai aparecendo e, por fim, vejo seu corpo sobre a cama e o rosto enterrado no travesseiro. Aproximo-me com as mãos nos bolsos, tentando soar calmo, e tenho certeza que ela sabe que estou aqui; seu corpo fica ainda mais tenso a cada passo que eu dou. 

Amor à segunda vista • COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora