Capítulo 17

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— O que disse? — Dhrumond perguntou.

Balancei a cabeça em negação e então gritei:

— Não foi o Hades!

Todos me encararam. Hades deu um sorriso fraco e os guardas, por mais que não o arrastassem mais, ainda o seguravam. Helena me encarou confusa e Juliete tinha um brilho no olhar.

— Hades pode querer matar o Kalel, disso que não duvido. Porém, ele não usaria veneno, isso não faz o perfil do Hades e de nenhum outro rebelde. Teria lutado com ele, uma luta justa, faria isso com espadas ou com as próprias mãos. Mas com veneno nunca.

— Obrigado. — Hades sibilou.

— Serena, tem certeza? — Dhrumond perguntou baixinho.

— Serena, ele já... — Helena engoliu em seco.

— Se a Serena disse que não foi o Hades, então não foi ele. — Kalel falou. — Também não acho que seja do feitio dos lesas majestade fazer isso.

— Não matamos assim, nós ao menos damos as caras. Conheço Hades e se ele tivesse feito isso, sorriria vitorioso e diria que foi ele, ao menos isso teria feito. — Argumentei.

— Alteza — Valentina me chamou. — Devo alertá-la que pode estar defendendo o assassino do seu marido.

— Kalel tomou café envenenado, o líquido passou pelos provadores, mas mesmo assim ele o tomou. Isso significa que o veneno foi posto lá após a prova. Eu também bebi café, então o veneno foi posto em uma só xícara.

— Mas é claro! — Lorenzo disse como se tivesse recebido uma luz. — O café não era do Kalel, era seu, Serena.

— Quem tentaria envenenar a Serena? — Hades perguntou, parecia preocupado, por mais que seu rosto estivesse neutro, eu conhecia seu tom de preocupação.

— Plutanianos. — Foi Damian quem respondeu. — Quem mais seria burro o suficiente para envenenar a pessoa errada?

— Como podem ter tanta certeza de que foram eles? — Questionei.

Kalel e Dhrumond se entreolharam.

— Você mesma disse que os lesas não fazem uso de veneno, mas os plutanianos talvez façam. Porém, eles não têm interesse de matar Kalel, acho que a notícia sobre a paternidade de Dhrumond ainda não chegou na província. — Lorenzo concluiu.

— Chegou na Islândia, mas não em Plutão? — Perguntei irônica.

— Ficaria surpresa em como famílias reais descobrem as coisas. — Anastácia comentou.

— Ficariam surpresos em como eu descubro as coisas. — Dei um sorriso vitorioso.

***

Os dias se passaram e mais nada repercutiu sobre envenenamento. Provadores começaram a ser trocados e até mesmo os serviçais que serviam a comida. Minhas aulas de etiqueta enfim foram suspensas, Helena disse que elas retornariam quando a família Arnarson retornasse a Islândia.

Juliete cismou que deveríamos dar um baile em comemoração a volta de Lorde Liam, todos acharam a ideia absurda, já que, em teoria, estamos em guerra. Ela insistiu, disse que nem mesmo precisávamos usar o salão de baile. Então a sala do trono seria usada.

Enquanto a duquesa pensava em festa e todos já tinha superado o veneno. Eu não conseguia parar de pensar em Kalel, em como fui fria na frente de Helena, em tudo o que ela me contou, na marca de coroa estampada em meu braço, no conflito entre meus tios, na morte de Nicholas e na suposta morte de Dante.

Segredo de Estado (Coroa de Vênus - Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora