[HIATUS/EM REVISÃO] SK8ER BOY || JATP 💜

Seis

"Follow the signs right back to you
Back to you, back to you
I know they wind right back to you, back to you"
- Twin Forks

Luke não parava de olhar para o portão. Parecia até que ele queria movê-lo com a força da mente.
- Ei, você sabe que o fato de ser fantasma não necessariamente te dá poderes telecinéticos, né? - diz Alex, estranhando o comportamento do amigo.
- Sim, eu sei. É só que...- ele faz uma pausa para respirar fundo - eu não confio nesse Nick, é só isso.
- Pi pi pi pi alerta de ciúme, alerta de ciúme! - zoa Reggie.
Alex ri, mas Luke faz cara feia.
- Cala a boca, Reggie. Eu não sinto ciúmes de ninguém...- ele diz, encostando na pilastra perto da entrada da casa e cruzando os braços.
- E ele assina a carteirinha de ciumento! - Alex diz, rindo.
Luke manda língua para os dois.
- Mas você sabe que um dia vai ter que superar isso, né? - diz Reggie
- Superar o quê?
Reggie e Alex se olham e riem com sarcasmo.
- Vai se fazer de desentendido agora? A essa altura do campeonato? - diz Reggie.
- Não tenho a menor ideia do que vocês estão falando! - responde Luke, cinicamente.
- Luke Patterson, você mente muito mal, sabia disso? - diz Alex.
Luke encosta a cabeça na pilastra e suspira. Os meninos estavam certos. Ele tinha que aceitar que Julie e ele nunca poderiam namorar, não só pelo bem dele mas também pelo da banda. Sofrência nunca traz nada de bom, a não ser que você seja a Marília Mendonça.
Mas aquele aperto no peito não ia embora tão cedo. Não era como uma dor de cabeça que vai embora assim que você toma um analgésico. É uma sensação com a qual você tem que se acostumar, até o dia em que ela diminui tanto a ponto de você nem perceber mais que ela existe.
Porém, quando a pessoa por quem você é apaixonado é a nova dona do porão onde você mora, fica meio difícil esquecer.
Ele tentou desvencilhar-se daqueles pensamentos. Não queria sentir ciúmes de Julie. Queria que ela fosse feliz, com quem quer que fosse, até o sem graça do Nick. Porque o amor, o verdadeiro amor, se trata disso: querer o bem da outra pessoa, mesmo que não seja com você.
Porém, havia uma outra coisa crescendo dentro dele, uma sensação estranha. Suas mãos formigavam e a respiração começou a falhar. Ele sentia o suor escorrendo sobre sua testa - mesmo que ele nem suasse mais.
Não é possível que eu seja tão ciumento assim. Não posso ser esse babaca todo, ele pensou.
Mas, bem lá no fundo, uma voz em sua cabeça lhe dizia que aquilo não era ciúmes. Era diferente. Era como quando ele era criança e observava a porta do guarda-roupa entreaberta no escuro, na hora de dormir, pensando nos monstros horrendos que poderiam sair lá para devorá-lo.
De repente, ele se lembrou de quando Nick esteve lá no dia anterior, para convidar Julie para a festa. Lembrou-se da expressão pretensiosa em seu rosto, o sorriso de canto de boca, como se estivesse planejando algo. Então, imediatamente, ele descobriu o que estava sentindo. Não era mesmo ciúmes.
Era medo.
A sensação de algo iria dar muito errado naquela festa.
- Luke? Luke! - disse Reggie, tentando despertar o amigo do transe - Você tá bem, parceiro?
- Não - ele diz, com o olhar aflito.
- Ah, Luke, você não pode ficar nessa fossa o resto da vida! Logo logo isso passa, vai! - responde Reggie.
- Não, não vai. Estou com uma sensação estranha. Como se algo ruim fosse acontecer lá. Sei que é estranho, mas...
- Você tá tendo, tipo, premonições? - perguntou Alex, intrigado.
- Não, cara, é tipo, é uma sensação sabe? Intuição..- ele se desencosta da pilastra, olha para suas mãos pendendo na altura das coxas e cerra os punhos - Preciso ir até lá. Preciso ir nessa festa!
- Luke...- diz Alex.
- Não faz isso cara! Se você fizer alguma besteira, a Julie vai ficar pê da vida com você e sabe-se lá o que vai ser da banda!
- Deixa de ser dramático, Reggie! Só quero saber se está tudo bem!
- Aham, sei. Você quer é ver se a Julie vai ficar com o Nick!
- Gente, para de brigar, pelo amor de Deus! - diz Alex, levantando a voz.
- Ninguém tá brigando aqui, Alex. E se vocês não querem ir, não tem problema, eu vou sozinho!
Ele dá um passo a frente e desaparece em raios roxos no meio da noite.
- Ok, quem vai atrás dele? - pergunta Alex, soltando um suspiro de desaprovação.
Reggie também suspira.
- Bom, pela raiva dele quando saiu acho melhor irmos os dois - ele diz.
- Então...vamos - responde Alex.
E eles também desapareceram em meio à escuridão.