Capítulo único.

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> Os personagens pertencem a J.K. Rowling.

> Eu tive a inspiração para essa oneshot enquanto tocava Surto de Amor, do Bruno & Marrone na rádio, então se alguém quiser ouvir a música fique a vontade. 🤡

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Draco nunca foi alguém realmente confiável. Ele era absurdamente egoísta e, acredite, ele realmente não se importava. Ele até gostava. O fato é, Draco sempre teve tudo o que quisesse desde que se conhecia como indivíduo membro de uma sociedade. Draco apenas precisava apontar e era seu. Não importava se criancinhas choravam ou pessoas o odiassem, se ele quisesse, ele teria.

Porém, ele não soube o que era desejar tão profundamente algo inalcançável até ele chegar na sua vida. Ele não podia simplesmente estalar os dedos, ele o teve que conquistar. Poucos sabem, mas sonserinos são, além de determinados, muito persistentes e Draco simplesmente não desistiria até ter aquele garoto na sua cama. E ele o fez, afinal.

Tudo parecia ótimo então, ele o teve em sua cama, ele sentiu cada pequeno detalhe do garoto irresistível e tudo voltaria ao normal, certo? Errado! Ironicamente, Draco não queria o garoto apenas por desejo, ele o amava e era maduro o suficiente para saber que, independente de ser um sonserino, ser verdadeiro com si mesmo e com seus próprios sentimentos é, e sempre será, a melhor coisa que pode ser feito por si próprio.

Todavia, não adiantava Draco ser sincero consigo se nem ao menos conseguia ser sincero com ele. E Draco aprendeu isso da pior forma possível, perdendo ele. Fora indescritível a dor que Malfoy sentira ao ver aqueles doces olhos verdes perderem o brilho enquanto esperava que Draco dissesse as três malditas palavras. Mas Draco não as disse, e então ele foi embora. Não olhou para trás, apenas continuou seguindo enquanto Draco sentia o arrependimento crescer e seu mundo cair.

Porém, não importava o quanto se arrependesse, Draco fora burro o bastante para deixar com que sua parte orgulhosa tomasse as decisões de modo que quando Harry decidira ir, ele o deixou ir. Não lutou e não consertou, ele apenas ficou parado lá enquanto o amor de sua vida ia embora, e ele ficou olhando como o perfeito covarde que era. Que é.

Os primeiros meses depois disso pareciam ter sido os piores, Draco declinou, passando horas na casa que antes era deles, sentindo o cheiro do garoto nos lençóis, olhando para o espaço vazio onde ficavam a bendita coleção de xícaras que Harry mantinha de cada lugar que visitaram, não importava em que parte do apartamento ele estivesse, tudo o lembrava de Harry. Desde pequenos detalhes da decoração até mesmo lembranças passadas nos corredores, nas salas, nos quartos e no jardim. Tudo o lembrava ele.

E então, Draco afundou.

Entretanto, alguns meses depois a dor se tornou suportável, a falta do garoto se tornou parte da rotina e Draco pensou que tudo estava bem. E tudo parecia bem, até o maldito envelope branco na caixa de correio. Draco o pegou, o abriu e a cada palavra que lia uma faca era enfiada no seu coração. Draco não acreditou que aquilo poderia ser real, mas ele também não poderia ao menos ficar bravo. Poderia ser o nome dele ao lado do de Harry se ele não fosse tão malditamente orgulhoso.

Draco passou dias chorando com garrafas de bebida em uma mão e o convite de casamento na outra. Em toda sua miserável vida nunca havia tido um momento em que ele se arrependesse tanto quanto o momento em que o deixou ir. Não havia marca negra, ou decisões erradas que se comparavam a ver o seu garoto no altar ao lado de outro.

Não importou o quanto Draco tivesse chorado, gritado ou lamentado, a dor não diminuiu, não tornou-se suportável, ela apenas piorou. Piorou a cada vez que Draco lembrava do sorriso do garoto, ou de suas conversas boas a meia noite sob a luz das estrelas. Piorou a cada lembrança que sua mente culpada resgatava, cada brincadeira boba ou piada sem sentido que Harry contava nos momentos mais inconvenientes. Mas nada se igualou a dor que Draco sentiu ao entrar naquela igreja, sentar naquele banco e presenciar o exato momento em que seu garoto nunca mais poderia ser seu.

Todavia, Draco o conhecia bem o suficiente para saber que aquele sorriso no seu rosto não era de todo verdadeiro. O conhecia bem para saber que os toques não eram naturais, que seus olhos não brilhavam e que Harry não estava feliz em se casar com Oliver Wood. Draco sabia, por que presenciou cada um dos sorrisos mais verdadeiros de Harry, por que passara noites e noites, desde Hogwarts, apreciando o brilho dos olhos verdes e ainda sentia a doçura dos toques de Harry muito vivos em sua lembrança e em seu próprio corpo. Harry Potter não estava feliz, e Draco Malfoy saberia disso de longe.

A guerra interna de Draco começou logo depois de perceber isso, ele sabia que deixar seu orgulho de lado seria o primeiro passo para resgatar seu garoto. Todavia, saber disso e por isso em prática eram duas coisas completamente diferentes e Draco sabia disso. Sabia disso a cada minuto em que a cerimônia passava. Os votos, tão falsos quanto pareciam, o beijo tão longe do espontâneo ou do natural e o sorriso de Harry cada vez menor.

Entretanto, Draco não teve dúvida alguma quando em meio a comemoração depois da cerimônia, enquanto Oliver Wood andava para lá e para cá com Harry ao seu lado como um maldito troféu e um sorriso orgulhoso no rosto, Harry o olhou. Ele olhou tão inocentemente quanto sempre olhava e seu olhos brilharam. Brilharam chamando Draco, e ele foi.

Draco o tomou em seus braços, ignorando todos os convidados, a comunidade bruxo e principalmente o maldito Wood, e então o beijou. Um misto de arrependimento e saudade sendo passados de um para o outro, enquanto a festa parava e o mundo caía. Harry o correspondeu, e como todos os beijos que já trocaram, Draco sabia que aquele era tão natural quanto poderia ser.

- Me tira daqui.- sussurrou, Harry, ao que Draco separou seus lábios.

Que se foda seu orgulho, Draco Malfoy nunca mais abriria mão de Harry Potter e a próxima vez que Harry estivesse em um altar, seria ao seu lado.

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