XI: SOBRE FEITICEIRAS, BRUXOS E ALCOOL

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Ao longo do caminho para a divisa com as nações da liga, o dia passou e anoiteceu, ambos os viajantes decidiram param em uma estalagem até o amanhecer, Elias e Elise se serviram de algumas canecas de cerveja e vodca e subiram para seus aposentos compartilhados, a feiticeira exuberante com cabelo loiro como ouro e corpo esculpido por magia para ser o mais atraente olhou fixamente nos olhos de víbora do bruxo em uma tentativa bem-sucedida de seduzi-lo, ao chegar no quarto a feiticeira do cabelo de ouro e o cão cinzento da andorinha fizeram o que se espera que aconteça quando um homem e uma mulher com passado complicado bebem e dividem um quarto, os barulhos deixaram todos na estalagem acordados até tarde da noite.

Na manhã seguinte, Elise acordara e vendo melhor o corpo de seu companheiro de cama, pode ver as cicatrizes adquiridas ao longo de seus longos anos no caminho cicatrizes nas costas indicavam facadas prováveis de lutas, marcas mais profundas nos braços e nas pernas de dentes de feras que ela não reconhecia e os mais recentes arranhões de pequenas garras que ela sabia terem sido obra de nekkers. Mas ela sentia que as cicatrizes que o mais atormentava estavam por dentro, ela usou pouco de sua telepatia para ver a mente do homem que estava a seu lado. Ela pode ver sua vida em kaer morhen, o treino, as lutas e exercícios constantes, o teste de ervas, mas não era essa parte do seu passado que o atormentava, não, era um tempo depois de já ser um bruxo, Teméria, scoia'tael, MORTE, DESTRUIÇÃO.

Elias acordou assustado com o barulho de Elise chorando, desde criança ela raramente chorava e isso o perturbava intensamente, ele se aproximou dela a envolvendo em seus braços e falando em seu ouvido silenciosamente ele pergunta

- O que houve, grande feiticeira?

Ela ainda soluçando pelas lagrimas respondeu

- Eu vi suas reais cicatrizes, as que não curam, o que aqueles scoia'tael fizeram, aquelas crianças...

E a feiticeira em um estado totalmente fragilizado tornou a chorar. O bruxo ainda a envolvendo em seus braços, incapaz de chorar dado suas mutações pode apenas compartilhar da dor que um dia ele sofreu, com a voz séria e ao mesmo tempo melancólica ele diz para a feiticeira:

- Eu não permiti que você lesse minha mente, ela guarda dores poderosas demais até mesmo para uma feiticeira, o que aqueles elfos e anões fizeram foi pago com sangue, outros scoia'tael ainda pagarão pelo que aquelas crianças sofreram, mas por hora isso não importa mais. Elise, olhe eu meus olhos com atenção.

Ela olhou atentamente para o bruxo que fazendo o sinal axii disse calmamente a ela:

- Esqueça as memórias que você viu em minha mente, durma e esqueça os horrores da guerra.

Algumas horas depois ambos seguiram viagem para a fronteira com as ligas, quando chegaram no local dos avistamentos, Elias fez uma busca por rastros e encontrou diversas evidencias de Manticoras, arvores derrubadas, sangue de animais e humanos pela região, marca de garras nas rochas e punhados de veneno em alguns cadáveres em decomposição. O bruxo analisou com cuidado a área e constatou:

- Manticora imperial, adulta, macho, marcou território pelo raio de pelo menos 5 quilômetros, deve estar residindo em alguma caverna próxima.

-Então é exatamente o que estamos procurando?

-Sim e não, pelo tamanho dos rastros e ar marcas nos corpos e arvores estamos lidando com uma fera de pelo menos 2 metros de altura, eu não tenho certeza se eu consigo matar uma coisa dessas Elise, manticora simplesmente não morrem assassinadas, morrem de velhice deitados numa pilha de ossos e cadáveres carcomidos.

-Então o que você sugere bruxo? Que esperemos até ela morrer para coletar o que viemos coletar?

-Não, sem dúvida nenhuma ela daria um jeito de nos matar antes, precisaremos primeiro de um ambiente controlado, uma caverna seria ideal, deixaria ela sem espaço para voar, a caverna não pode ser muito grande para restringir a movimentação ao máximo.

- Você acha q isso vai ser o suficiente?

- Para início, como você está de energia mágica?

- Completa, eu imaginei que iria precisar.

- Ótimo, nós vamos mesmo, vou precisar que você prepare armadilhas mágicas que exponham o coração da criatura, mesmo assim ainda não sei se vai funcionar muito tempo, Manticoras só tem fraqueza a armadilhas magicas e a aço de meteorito, mas talvez dano de fogo consiga a distrair por algum tempo, tenho uma ideia, mas não sei se vai funcionar.

-Ora homem não faça mistérios! Me conte de uma vez o que planeja!

- Atear fogo na criatura, você tentar prende-la com alguma prisão mágica e eu perfurar o coração dela ou decapita-la, mas antes de pôr esse plano em prática preciso desmembrar as asas para ela não bloquear meus ataques.

- É um bom plano, mas não leva em consideração tudo que eu posso fazer eu...

- Sim eu sei, mas eu preciso de você com força total nas armadilhas, se aquilo se soltar você pode ter certeza, nós vamos morrer!

Gritou Elias olhando impacientemente para Elise que empinou seu nariz e se voltou a seu cavalo.

Passado o pôr do sol, eles montaram acampamento e acenderam uma pequena fogueira, ficaram em silencio durante a noite que só se quebrou quando Elise indagou o bruxo:

-Me diga, quando você passou pelo teste de ervas, suas emoções foram totalmente apagadas mesmo?

- Não, nenhum bruxo tem suas emoções "apagadas", nossa frieza e neutralidade é fruto de um treinamento brutal e traumatizante, muitos dos nossos não sobreviviam, era como perder nossos irmãos, passamos pelo teste com os sentimentos já calejados pela dor e pela perda, mas o teste, o sofrimento que um bruxo passa é maior do que qualquer pessoa pode imaginar, se não estivéssemos calejados para dor e sofrimento, provavelmente teríamos ficado loucos. Ao nos formarmos bruxos completos, sim, somos frios e imparciais, mas com o tempo isso melhora, formamos laço com pessoas, amigos, amantes, coisa do gênero, somos capazes de amor, ódio, medo, o único porem é que somos treinados para domar essas emoções para melhor eficácia, então não, os bruxos tem emoções, nós só passamos por muita coisa durante nossas vidas, leva tempo se recuperar e nem todos se recuperam.

O tom de voz do cão cinzento era sério e com pesar, apesar dos testes de sua geração terem sido os mais eficazes da história desde o renascimento bruxo, muitos garotos não chegaram aos testes, "a manopla" havia se tornado o que separava bruxos de cadáveres de garotos....

Um Bruxo No ContinenteOnde histórias criam vida. Descubra agora