XII: CAÇA E CAÇADOR

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O bruxo estava meditando na frente da entrada da barraca da feiticeira, a floresta tinha os sons que deveria, galhos balançando ao vento, pequenos animais andando pela floresta, grilos com suas canções, mas, de repente, todos os animais se calam em medo, o bruxo podia sentir a presença da criatura a metros, voando para fora de um buraco no chão, o rugido dela podia ser ouvido até mesmo pela feiticeira adormecida que despertara com um pulo.

-É ela?

Perguntou ela saindo da tenda com pressa

- Sim, não há dúvidas, é ela.

O bruxo rapidamente abriu sua pochete de poções, tomando um filtro de petri, uma gato, uma trovoada e uma coruja-do-mato e guardando duas doses de papafigo consigo. Ele preparou 3 granadas para uso, uma estrela dançante e 2 sonhos de dragão, molhou um tecido com óleo inflamável e untou sua espada de aço e óleo híbrido na de prata, colocando sua espada de prata as costas e sua espada de aço flamejante no lado esquerdo da cintura, tudo isso enquanto sentia náuseas e tontura enquanto a misto de poções fazia efeito, suas pupilas dilataram e suas veias ficaram saltadas, com a escuridão da floresta se tornando cada segundo mais clara e com um matiz cinzento, sua audição também ficara mais sensível, sendo capaz de ouvir os mínimos sons da floresta.

A feiticeira voltou a sua cabana, vestiu uma calça, uma camisa e um colete, prendeu os cabelos em um firme rabo de cavalo e calçou suas botas, por último amarrou um pingente de diamante em seu pescoço, ela estava pronta.

Enquanto se moviam rapidamente seguindo os sons de arvores sendo esmagadas pelo movimento da criatura ele se lembrou das aulas sobre fisionomia dos monstros que teve durante seu tempo em kaer morhen, a manticora tinha 1,75 metro de altura nas quatro patas e cerca de 3 metros apenas nas patas traseiras, com suas enormes asas de morcego e sua silhueta grande de um musculoso Leão, sua cauda era como a de um escorpião peludo com o final pontiagudo recurvo, em sua cabeça, chifres como de um Kudu Maior, com 125cm de altura em formato de ponta de seta, dentro da boca da criatura havia 3 fileiras de presas afiadas, a criatura tinha hábitos agressivos e perseguia seus adversários, usando sua capacidade de voo para capturar suas presas por cima usando saltos de até 6 metros de distância, seus ataques eram lentos porem absurdamente fortes, ela usava suas asas para empurrar os inimigos ao chão e atacava usando suas garras afiadas que nunca paravam de crescer, por último, a cauda de escorpião que expelia veneno de Bohun Upas, muito é estudado como o corpo dessa criatura consegue produzir o exato mesmo veneno da arvore mas ainda não foi descoberta a causa.

As únicas franquezas dessa criatura eram armadilhas de teor mágico como o sinal yrden, diferente de outras feras de seu tipo, prata tinha efeito somente quando somado a óleo híbrido. Elias tinha a esperança de que bombas de fogo pudessem ao menos distrair a criatura temporariamente para que pudesse lhe decepar ou perfurar o coração, as únicas maneiras de matar a fera que caso ferida em outro local, revida prontamente com ainda mais ferocidade, decepar faria necessário uma prisão magica extremamente poderosa e seria a forma mais rápida e eficiente de acabar com ela.

Dentro da caverna, Elias e Elise estavam frente a frente com a criatura, exatamente como Elias a descrevera, imponente, olhos furiosos e famintos, fileiras e mais fileiras de dentes e pelos ensanguentados, a criatura deu um salto em direção aos dois, batendo suas enormes asas para ter impulso, Elias desviou com uma cambalhota para a direita enquanto Elise levantou um campo de força e usando-o contra a criatura, que bateu com o rosto no campo ficando desorientada, nessa fração de segundo Elias preparou sua espada de prata e com um corte diagonal desmembrou a asa direita da criatura e com a mão esquerda usou um igni para incendiar o pelo da criatura que ficou chamuscado, com pouco sucesso para o espanto do bruxo, que teria de vir com uma nova estratégia e rápido.

-Elise! O pelo dele não pega fogo!

Gritou o bruxo. A Manticora soltou um forte rugido que desequilibrou a feiticeira que estava sob a mira da cauda venenosa do monstro, ela tentou atirar um raio de energia, mas falhou em acertar a ponta da cauda que, antes de acertar o corpo da maga de cabelos loiros, de repente explode com um som de bala de canhão. Elise olha para o bruxo ajoelhado no chão com sua pistola em mão quando ele mira nos olhos da criatura e dispara novamente com precisão milimétrica cegando de uma única vez os dois olhos da fera com um tiro horizontal vindo ainda da direita.

A criatura começou a rugir e se mover descontroladamente, movendo suas garras em todas as direções e jorrando veneno pela ponta decepada de sua cauda, Elias se moveu rapidamente e com um salto usando o máximo de força em sua espada de prata, mirou na cabeça do monstro, quando a lamina estava se aproximando do pescoço uma das patas da criatura repeliu o corpo do bruxo que voou e caiu no chão, para o azar de ambos, a desorientação da fera pela perda da visão havia passado e sua aguçada audição estava substituindo o sentido perdido para orienta-la no combate.

a feiticeira estava novamente de pé e agora sozinha contra a fera Sem uma asa e cega, Elise procurou ganhar distancia da criatura com passos silenciosos para não alertar a criatura, consegue se afastar alguns metros quando uma gota de suor cai de sua testa e ela escuta, o farejar da enorme criatura virando o focinho exatamente em sua direção, Elise percebe que seu tempo está se esgotando, com um último recurso ela, ela pega o pingente em seu pescoço, sussurra para a peça de cristal em formato de crânio de ave e atira para o alto, transmutando a peça em um gavião que gritava o mais alto possível na direção oposta à feiticeira que começa a conjurar seu encantamento, dando a volta na criatura em busca de pegar a espada do bruxo inconsciente, ela preparava o encanto rapidamente enquanto pegava a espada ela viu o manticora saltar e devorar com uma única bocada sua ave, a feiticeira então usando de toda a força em seu braços atira a espada em direção as costas da criatura que rugiu com a perfurante dor da prata com óleo perfurando sua pele.

Com a metade de seu plano pronta, Elise se concentra em terminar a conjuração de seu feitiço a fera pode ouvir a voz da feiticeira, mas não havia mais tempo, assim que a criatura deu seu último salto em direção aos dois, um raio desceu do céu atingindo a espada de Elias eletrocutando a fora de dentro para fora.

Elias acordou na caverna deitado no colo de Elise que acariciava vagarosamente seus cabelos, ele se levantou um pouco apesar dos protestos de sua companheira e viu um frasco de poção de raffard, o branco e presumiu que foi usado para tratar de suas feridas, ele olhou para sua direita e viu a antes majestosa criatura, carbonizada, com uma asa decepada, os olhos perfurados e sua espada de prata fincada nas costas ele olhou nos olhos dela, agora conseguindo ver cores, pois o feito da poção havia passado a algumas horas, ele via o corado e cansado rosto branco de Elise com seus cabelos loiros agora soltos nos ombros, ele deu um beijo apaixonado nela que foi correspondido...

após alguns minutos os dois se vestiram novamente, Elias chamou Framboesa com seu apito e iniciou a cortar o corpo de sua caça para retirar os espólios, cortou a cabeça pelo troféu, abriu a garganta para alcançar o pingente de crânio de ave feito de cristal da feiticeira, cortou a outra asa, as garras e por último algo que somente uma treinada feiticeira e alquimista poderia fazer, retirar o veneno Bohun Upas e colocá-lo num frasco, era uma substância verde brilhante viscosa como a seiva da arvore, Elias se perguntava a razão de Elise querer tanto tal substancia a ponto de arriscar sua vida para adquirir alguns frascos dela.

- É para pesquisa Eli, você não tem ideia das propriedades que esse veneno tem quando misturado com outras substancias, ele pode servir de tratamento para queimaduras, pode cauterizar ferimentos graves e devorar toxinas se apropriadamente utilizado, para um mago habilidoso é uma mina de ouro dentro de uma mina de Dimerítio, que no caso é a manticora já que a Bohun Upas só nasce em solo encharcado constantemente de sangue, algo não tão incomum alguns anos atrás mas mesmo na época, a quantidade de sangue que essa espécie de maldição em formato de arvore pede é a equivalente de um genocídio.

- Ler mentes é um poder muito irritante para se ter sabia?

- Telepatia é bem básico para um mago meu querido caçador hihihii.

Disse a feiticeira com tom de deboche enquanto terminava de guardar o ultimo frasco de veneno.

-Temos tudo que precisamos?

- Sim, agora vamos de uma vez.

Ambos saíram da caverna na carroça de Elias, retornando a kovir em pouco mais de um dia.

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