epiphany [extra]

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epifania: 'sensação profunda de realização''

[☆]

— A gente não sabe seu nome!-

Ah! É Jungkook, Jeon Jungkook! Que nem cookie!-

[...]

Eu nunca gostei tanto de biscoitos.
Pra ser bem sincero? Eu detestava quando minha mãe fazia os biscoitos de gengibre na época do natal, ou até os de canela quando chegava no fim da tarde. Mas, de um jeito ou de outro, eu acabei me fascinando por ele.

"Por que vocês não estão jogando também, huh?"

Ele disse naquela tarde de uma estação a qual não me recordo. O mês não era importante, muito menos o ano. Mas o que sempre ecoou na minha mente, foi que naquela tarde, ele cheirava à lavanda.
Com uma inocência e pureza inimaginável, ele se aproximou de mim e de Namjoon como se fossemos tão gentis e inocentes quanto ele. Ele se jogou na grama e esticou suas pernas abrindo um sorriso.

"Vocês não gostam de futebol?"

Era burro? Desprovido de neurônios? Não sabia ler a situação?
Nós literalmente estavamos sentados anseiando entrar naquela partida! Era fácil de se perceber não era? Eu não queria andar com um menino esquisito como ele.

"Oh, vamos para o parquinho então!"

Eu me recusava a brincar com alguém desse jeito. Me recusava! Ele me causava repúdio!

Mas ainda assim, aquele olhar singelo e a mãozinha que me foi esticada me fez acreditar que na verdade ele era tudo que eu precisava. Até deixei escapar um sorriso, acredita?!

"Seus olhos, eu gosto deles. Eles ficam bonitos quando você sorri"
"Parecem até duas luas, eu gosto da lua, acho legal"

E assim, com palavras tão simples e uma voz tão acalmante quanto o som do mar no fim de tarde, ele me elogiou.

: "Ah, seus olhos são pequenos. Ah, seus olhos ficam esquisitos quando você sorri. Ah, é como se tivessem esmagado bananas no seu rosto."

Mas dessa vez foi tão diferente, dessa vez, eu percebi que ele deveria ser protegido da crueldade de sujeira do mundo. Ele era basicamente um anjo no meio de um monte de escória, uma blusa limpa no meio do lixão, ele era o sol de uma vasta galáxia.

E eu era a lua.

Ela, que ilumina a noite e que protege as casas dos males da escuridão noturna. Ela que causa loucura aos selenófilos[¹], ela que matou Jaci[²]. Ela que na verdade não é nada.
  A lua não exerce um papel tão importante. Se possível, o sol poderia exercer perfeitamente por 24 horas por dia. A lua é um satélite miserável, sem luz própria e com uma mínima função que mal consegue cumprir.
A verdade é que, a lua não seria de serventia para nada se o sol desaparecesse sequer por um dia.

Mas mesmo sabendo de minha dependência da nossa coexistência, Ele foi o sol que deixou minha lua pra trás por tanto tempo que mal conseguia contar.
    De certa forma, me recordo muito bem daquele dia, me recordo estranhamente bem. Coisa que nem isso ele se dispôs a fazer.

[...]

Era manhã. Aquele meu ar-condicionado centenário fazia grunhidos a noite inteira e até a matina, sem cessar. Você já tinha me avisado que qualquer dia aquele troço iria pifar de vez, mas eu ainda insistia em dizer que dava pro gasto.

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