Incerteza

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Nami teve dificuldades para dormir durante a noite, ao contrário de Zoro que dormiu, sem acordar nenhuma vez. Ela continuava abismada com a atitude do rapaz. O que o Roronoa queria provar se esfregando de forma tão indecente nela?

Nami tapou a boca e segurou um grito ao pensar na possibilidade de Zoro estar interessado em transar com ela. Como uma noite normal, onde dois amigos compartilhavam o mesmo quarto, foi terminar desse jeito? A ruiva nunca o viu com outros olhos, mas agora estava incerta sobre o que pensar.

Maldito, Zoro! Era tudo culpa desse marimo idiota.

Nami olhou na direção onde Zoro dormia. Ele continuava de costas para ela, enrolado no cobertor de lã arroxeado. Suspirando, decidiu se levantar. Fazia um tempo desde que amanheceu, mesmo assim não foi capaz de pregar os olhos em nenhum momento.

Andou até a cozinha e se sentou na cadeira branca, em frente a mesinha de mármore. Bellemere estava compenetrada em preparar o café da manhã, por isso não reparou na presença da filha. Nami cruzou os braços, pensando em como iniciar aquele assunto com a mais velha.

— Mãe... — chamou, com a voz incerta.

— Você me deu um susto. — Bellemere virou para trás, notando a expressão de confusão no rosto da filha. — O que foi, meu amor? — a mulher voltou a olhar para a frente, terminando de preparar as panquecas. — Você e o Zoro, hein? — sorriu, relembrando da cena da noite anterior.

— Não pense besteira, mãe. — Nami tapou o rosto com as mãos, na tentativa de esconder a vergonha. — Não rolou nada entre nós.

— Mas eu vi o que vocês estavam fazendo. — Bellemere pegou as panquecas e colocou em uma travessa.

— Não é o que você está pensando. — Nami fechou os olhos, tentando clarear a mente.

— Não precisa esconder essas coisas de mim, Nami. Você sabe que não ligo, desde que se cuide, está tudo certo. — a mulher colocou a travessa com as panquecas em cima da mesa. — Já contei a história de como o seu pai se declarou? — riu, ao lembrar dos velhos tempos.

— Não... — Nami piscou, mostrando-se curiosa. Era sempre bom ouvir histórias que envolviam o pai falecido, pelo menos assim era capaz de conhecer um pedacinho a mais dele.

— De início, éramos apenas melhores amigos, igual a você e ao Zoro. — Bellemere continuou a falar, enquanto abria o armário, ao lado do fogão para pegar a calda de chocolate, que não podia faltar nas panquecas da filha. — As coisas mudaram depois que fomos assistir aos fogos de artificio do final de ano.

— O que aconteceu nesse dia? — Nami indagou, ignorando a parte em que ouviu o nome de Zoro.

— Ele disse que a lua estava linda. — Nami ergueu as sobrancelhas, sem entender o que aquilo significava. — Na época fiz pouco caso disso. — Bellemere se sentou na frente da filha e segurou as mãos dela com delicadeza.

— E o que tem demais nisso? E dai que a lua estava linda? — ela não conseguia entender o motivo pelo qual a mãe parecia tão emocionada com uma frase tão tonta.

— Você nunca ouviu essa expressão? — Nami negou, ainda sem entender, então Bellemere continuou. — Foi uma confissão. Quando alguém te diz que a lua está linda, significa que te ama. Eu fui muito boba no início, não percebi que era isso o que o seu pai queria dizer. — mordeu os lábios, tentando segurar as lágrimas que insistiam em cair.

— Mamãe... — Nami levantou da cadeira e se aproximou da mais velha, abraçando-a com carinho. — Um dia espero encontrar um homem tão bom quanto o papai.

Bellemere retribuiu ao abraço, escondendo o rosto nos ombros da filha. Falar do passado ainda era doloroso. Se recordar de uma época feliz, a qual nunca mais voltaria, era ainda pior, mas apesar de tudo, gostava de lembrar do olhar amoroso e do sorriso dócil dele.

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