Capítulo 1

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Nunca gostei de falar sobre os problemas que me cercavam, mas às quartas- feiras era obrigada pelo Dr. Alfredo a comentar sobre eles. Geralmente ele só perguntava sobre minha semana, mas hoje ele não seguiu esse roteiro.

 - Bom Agatha, pelo oque observei nas últimas semanas, você não tem feito oque pedi, algum motivo específico?

 - Não, ou até tenha, esse mês sempre e deixa assim.

 - Assim como?

 - Improdutiva, desanimada, é apenas uma fase ruim.

 - Setembro é apenas um mês como os outros. Você que complica ele. Oque aconteceu a dois anos não tem nada a ver com o agora. O passado às vezes serve só para atrapalhar. 

 Aquilo ficou na minha cabeça, se o passado apenas atrapalha, por quê me afeta tanto? Se só atrapalhasse não doeria como uma ferida feita a ferro quente. Nunca toquei nesse assunto com ninguém, mas naquela sala, tinha dia que me via obrigada a falar sobre ele. É algo que realmente me maltrata, às vezes durante à noite minha cabeça insistia de que eu era culpada pelo oque aconteceu e eu me encontro numa guerra comigo mesma.                                

 Em alguns momentos me pego pensando sobre minha vida, e como ela é maçante, nunca tive uma grande história para contar, apesar de ser bem sociável, minha rotina sempre foi a mesma, acordava cedo para acompanhar as aulas, almoçava e a tarde ficava atoa mexendo nas redes sociais, menos às quartas. 

 Tinha dias que eu saia com Lara, ela é minha melhor amiga desde o fundamental 1, uma menina magra, cabelos longos e pretos, branca. Nossas mães sempre foram amigas, então foi inevitável. Era raro o dia que eu conseguia sair, mas quando ia, Lara fazia ser o melhor passeio de todos, ela é muito mais extrovertida que eu, e brinca com tudo, então o dia era repleto de piadas.

 Sempre me questionei sobre tudo que acontecia, como e por qual motivos surgem pessoas nas nossas vidas, umas tão importantes como Lara, outras tão... Jhonatan. Ele era um menino na nossa turma, alto, por volta de 1,85m, negro, tinha o cabelo meio alto em cima, mas curto nas laterais. Ele é o tipo de pessoa que gosta de atenção, mas não muito sociável, ele faz umas brincadeiras no meio da aula, que particularmente me irritam muito, ele também faz umas piadas mais direcionadas ao humor negro, e isso é oque me faz detestar ele.

 Fico me questionando o significado dessas pessoas e oque elas nos ensinam. Me questiono muito sobre a mente humana também, e como algo pode ser capaz de mudar completamente quem somos, umas vírgula no lugar errado, desregula o nosso cérebro e nos causam um pavor enorme, bom, pelo menos em mim.

As mil linguagens do amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora