Jonathan
Nunca soube ao certo o motivo de Agatha não gostar de mim, mas não faço tanta questão de saber, isso não importa agora, estou me arrumando para um jogo decisivo, se ganharmos, viajamos para Goiânia, se perdermos, somos eliminados.
Chegando na quadra, encontrei Davi e o resto do time, olhei envolta para ver se achava algum rosto conhecido, além da minha mãe havia algumas pessoas da nossa sala. A quadra estava vazia, mas tinha uma torcida até que legal.
- Sua amiga chegou.- Davi falou em tom de sarro.
- Amiga?
- Sim.- Ele apontou para a arquibancada.Logo enxerguei Agatha e Lara, sentadas junto à nossa turma.
- Dessa daí quero distância.- Falei enquanto treinava alguns passes.
Agatha estava com cara de quem acabou de acordar, Lara como sempre, animada, sorridente. Ela parecia ser legal, uma pessoa divertida e boa de ter por perto, mas nunca tentei contato. Nunca consegui decidir se realmente não gosto da Agatha, ou se ela só é insignificante pra mim, na verdade, nunca nem parei para pensar nisso.
Logo o jogo começou, o time adversário era composto por pessoas tão arrogantes quanto a torcida, no início do jogo, marquei um ponto pro meu time, pra mim era fácil jogar na frente, minha altura contribuía. Tivemos um intervalo, nosso time estava ganhando, olhando em volta percebi que eu era o único negro no meu time, entre os dois na verdade, isso m deixava desconfortável.
O jogo voltou, com nosso time vencendo, o outro time realmente era muito bom, mas claro, éramos melhores. Davi marcou outro ponto, quando ouvi a torcida adversária vaiando. No final ainda estávamos na frente, não tinha como eu estar mais feliz, quando ouço um grupo de pessoas imitando um macaco, já não bastava o que havia me acontecido ontem...Davi tentou me acalmar, mas falhou, olhei para a nossa torcida, e todos xingavam, até Agatha de certa maneira se posicionou sobre isso, nessa altura estava quase explodindo de raiva, decidi que era melhor sair da quadra.
- Oi.- ouvi uma voz dizer baixinho, envergonhada. Me virei e era Lara, sinceramente, me surpreendi.
- Oi. Respondi.
- Você precisa de algum coisa coisa? Eu posso buscar uma água, não sei.
- Não, obrigado.- Não queria render assunto com ela, mas ela insistiu.
- Olha, sobre o que aconteceu na quadra...
- O que aconteceu é algo normal já, todo dia é a mesma coisa, mas hoje... Eu estava feliz. - Senti meus olhos encherem, mas não iria chorar na frente dela.
- toma- Ela me entregou um papel que estava escrito seu número.
- Se quiser conversar depois, sei que não vai querer falar sobre isso agora.
Apenas concordei com a cabeça.
- Lara, vamos.- Ah, oi Agatha. - Lara disse virando o rosto.
Dava pra ver que as duas estavam com pena, isso me irritava, mas não muito. Não sou muito fã disso de sentirem pena de mim, já sentiram demais ano passado.
- Tchau, me chama se precisar.
Lara realmente era legal, uma pessoa empática. Saindo de onde estava encontrei minha mãe, que conversava com Davi, assim que me viram vieram na minha direção. Minha mãe estava com um olhar triste e vazio, ela sabia que não era a primeira e muito menos a última vez. Fomos para casa, o caminho todo fiquei em silêncio, ela também. Em casa, fui me deitar, estava exausto, preciso ficar sozinho.