04.

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Camila POV


Lawrence manteve a sua promessa. Alguns minutos depois um nômade com cara de poucos amigos apareceu na entrada da tenda e ficou plantado, só saindo quando era substituído por outro. Nura entrou acompanhada das outras mulheres e começaram a enrolar os tapetes e recolher a pouca decoração da tenda.

- O que estão fazendo? - quis saber

- Vamos partir - avisou Nura. Depois de tudo recolhido saímos para que os homens desmontassem a tenda. Lawrence aproximou-se de mim montado no seu puro sangue.

- Você irá ali. Vai te proteger do sol. - disse ele. Olhei para onde ele apontava e vi uma espécie de pequena liteira que é uma cadeira portátil, fechada por um toldo de tecido, muito bem presa e suportada e no lombo do camelo que estava ajoelhado me aguardando. Fiquei sem palavras e Lawrence se afastou antes que eu pudesse agradecê-lo.

A liteira estava cheira de almofadas o que redobrou o meu conforto. Apesar do rancor pelo comportamento autoritário de Lawrence, tinha que reconhecer que desde que chegará ali ele tinha providenciado para que eu tivesse algum conforto e até luxo, dentro dos padrões dos nômades.

A viagem tomou toda a manhã e uma parte da tarde. Cheguei a cochilar, o sono embalado pelo movimento do camelo e pelo calor. Despertei ao ouvir gritos alegres dos nômades, curiosa coloquei a cabeça para fora da liteira para ver do que se tratava... Uma paisagem deslumbrante apareceu diante dos meus olhos. Um Oásis cheio de palmeiras que rodeavam uma grande nascente de água doce.

Os oásis servem de parada estratégica (descanso e abastecimento de água) para as caravanas de comerciantes que cruzam os desertos. Água era fonte de vida e muito rara no deserto por isso eles comemoravam quando encontravam um. Senti o camelo descer e sai para admirar de perto a paisagem. Lawrence aproximou-se, parando ao meu lado.

- Vamos passar a noite aqui e amanhã cedo partiremos. Hoje à noite haverá música e boa comida, gostaria que estivesse presente - Lawrence disse.

- Com ou sem carcereiro? - perguntei em provocação. Ele me olhou sério e depois se afastou sem mais uma palavra. Me senti um pouco arrependida por ter sido rude, afinal ele estava só tentando me proteger, como ele mesmo dissera, de mim mesma. Suspirei.

As tendas foram montadas. Nura acenou sinalizando a minha e fui até lá. Quando cheguei vi que Nura e as mulheres já haviam preparado o meu banho. Como da outra vez elas me ajudaram e recolheram as minhas roupas para lavar. - Esperem. - Pedi - Nura quero usar depois a minha roupa de baixo. - Vi pela sua expressão confusa que não me entendera. Fui até Ragda que estava com as minhas roupas nas mãos e peguei a calcinha.

- Eu preciso disso quando secar. Por favor. - Pedi e elas assentiram com risadinhas. - Esse é pra Camila. - disse apontando uma túnica longa de seda azul escuro com uma faixa na cintura. e mangas largas e compridas. A túnica tinha um bonito trabalho de bordado nas pontas das mangas em dourado e prata e no decote em V na parte da frente e na faixa. Um véu transparente no mesmo tom da túnica e, para calçar as sapatilhas lindamente bordadas com pedrarias.

Como da outra vez, Nura penteou os meus cabelos até estarem quase secos.

- Ah, Nura...Você está me deixando mal acostumada! - disse rindo - Vou sentir sua falta quando partir. - Nura balançou a cabeça

- Nura lê futuro de Camila - dizendo isso ela saiu da tenda. Fiquei sem entender, mas, pouco depois ela voltou com uma xicara e café recém feito num recipiente que parecia uma caneca grande com alça. Ela despejou o café na pequena xícara esperou uns minutos e entregou a mim.

- Camila bebe e pensa em futuro. - disse ela. Obedeci. O café forte não era coado, mas, inacreditavelmente o pó ficou no fundo da xícara. Bebi todo o café deixando menos que um gole. Nura colocou um pires emborcado em cima da xicara e me pediu para que eu fizesse movimentos circulares e depois virasse a xicara com o pires para baixo. O pó com o restante do café ficou no pires e Nura pegando a xícara da minha mão, começou a girar na sua olhando para o desenho que se formara nela e falando em árabe como se fosse para si mesma. De repente ela ergueu os olhos e sorriu para mim.

Desejo ArdenteOnde histórias criam vida. Descubra agora