EPILOGO

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POV Camila 



Estava no jardim quando senti algo quente e molhado escorrendo entre as minhas pernas... Já sabia o que isso significava.

– Lawrence! chamei calmamente para não o deixar mais aflito do que provavelmente ficaria. Eu estava na minha quarta gestação e em todas as anteriores ele ficou transtornado quando a bolsa estourou. Não adiantava dizer que a criança tinha sua hora para nascer e que nem eu, nem o bebê morreríamos se não o tirassem imediatamente de dentro de mim.

Nossos filhos que estavam brincando no jardim se aproximaram curiosos.

– Mamãe fez pipi nas calças! zombou Michael, o mais novo dos meus três filhos. Ele tinha três anos e meio e era muito mais parecido com o pai do que comigo. Tinha os olhos e o formato do rosto do Lawrence, mas, os cabelos eram escuros como os meus. Lawrence diz que o queixo dele idêntico ao meu, principalmente quando ele fica teimoso.

– Não seu bobo. Ela vai para o hospital ter bebê. Eu já vi isso acontecer na televisão. disse Lorenzo com ares de maturidade, nos seus seis anos de idade. Esse era a miniatura do pai, sem tirar nem por. Não teve nadinha de mim e eu amei isso!

– Mamãe você vai demorar? Michelle, perguntou fazendo biquinho para chorar. Ela era a única menina, até o momento, pois, eu esperava outra. Era o xodó do pai. Michelle era uma divisão perfeita entre nós. Seus cabelos e o formato do rosto eram iguais aos de Lawrence, no resto era parecida comigo. Com quatro anos e meio, manipulava o Lawrence como ninguém. Tudo que queria dele bastava olhar com seus grandes olhos chocolate, fazer biquinho e... Pronto!

– Não meu amor. A mamãe vai buscar a sua irmãzinha e volta logo, logo viu? Falei fazendo um afago nos seus cabelos acobreados. - Mike, vá chamar o papai. Mas, diga apenas que eu estou chamando, entendeu? perguntei e ele assentiu sorrindo

– O papai fica engraçado quando você vai ter bebê, né mamãe? - disse sorrindo torto igual ao pai.

– Sim, querido. - disse rindo. - Ele não fica exatamente engraçado... O termo correto é alucinado. Agora vá chamá-lo, por favor. - Pedi.

Mike saiu correndo gritando pelo pai e poucos minutos depois ele estava ao meu lado.

– Camila... O que foi amor? Está sentindo alguma coisa? - ele fazia uma pergunta atrás da outra, até que os seus olhos se fixaram na poça aos meus pés, então ele engoliu seco e ficou pálido. Lá vamos nós de novo...

– Lawrence, eu preciso que você fique calmo, amor. pedi firme. Fale para a Nura pegar a maleta e para o piloto preparar o helicóptero. Eu vou falar com as babás para levarem as crianças para o quarto de brinquedos e distraí-los. disse e ele ficou parado me olhando de olhos arregalados.

– Lawrence! - chamei de novo e de repente ele saiu gritando ordens e deixando todos os empregados da casa em polvorosa como ele. Suspirei e levantei sozinha, porque ele sequer viu minha mão estendida para que me ajudasse a levantar. Lawrence era um cavalheiro, mas, quando estava desnorteado e isso sempre acontecia quando eu ia ter bebês, eu tinha que relevar algumas faltas.

Após me despedir dos meus pequenos dizendo que demoraria só o tempo de receber a irmãzinha deles no hospital, me afastei com um nó na garganta e fui ao encontro de Lawrence que andava de um lado para o outro me esperando, os cabelos mais despenteados do que nunca.

– Camila! Vamos, vida. Se demorarmos mais você vai ter o bebê no helicóptero a caminho do hospital. - disse ele aflito.

– Não tem perigo, amor. Ainda nem estou com dor. Na realidade estava sentindo as contrações sim, mas, quanto mais tempo pudesse segurar, mais serenidade eu teria sem precisar ficar acalmando Lawrence. Ele me ajudou a entrar no helicóptero, um dos exageros dele... Quando eu engravidei do Lorenzo, ele o comprou para me levar ao hospital e sempre o utilizávamos nas consultas e partos de cada filho.

Chegamos rapidamente maternidade e fui levada direto para a sala de cirurgia, pois, Lawrence passara o tempo todo ao celular dando ordens aos médicos e aparentemente ao hospital inteiro, considerando o número de pessoas que nos aguardava.

Ele me acompanhou. Apesar de ficar muito estressado com as dores que eu sentia da contração, ele preferia estar ao meu lado a ficar distante, sem saber o que acontecia.

– Lawrence... Lembre-se de que os médicos não tem como evitar as contrações. - Depois do primeiro parto, quando ele deixou o meu médico apavorado ao avançar para ele com um rosnado brotando da sua garganta porque ele disse que nada podia fazer para as minhas dores passar, eu sempre o alertava para que o incidente não se repetisse.

Algumas horas depois estávamos no quarto com a Karla nos braços e Lawrence pendurado na cama babando por ela. Karla era idêntica a mim. Os cabelos castanhos, os olhinhos cor de chocolate, a boca, o formato do rosto, as mãos, os pés... Enfim, assim como o Lorenzo era a miniatura do Lawrence a Karla era a minha miniatura.

Ficamos os três dias, mas, eu estava morrendo de saudade dos outros. Falávamos pelo menos duas vezes ao dia com eles por telefone e as vozes chorosas de saudades dos meus pequenos me faziam ansiar por voltar para casa. Foi com alegria que recebi o médico para me dar alta.

Quando chegamos, todos os amigos, familiares, filhos e empregados estavam aguardando com festa. Era um ritual que se repetia a cada nascimento, comemorando a chegada do novo membro da família, para apresentação e uma forma das crianças associarem a chegada da nova irmãzinha com a alegria.

Bellamy e Echo estavam segurando nas mãos do Mike, enquanto meus pais estavam com Enzo e Michelle nos braços.

Todos queriam ver a Karla ao mesmo tempo e riram da diviso perfeita de nossos filhos. Algumas horas depois, sentada ao lado dos meus amigos e pais, sentia-me plena e orgulhosa observando o meu marido que sorria com a Karla no colo, rodeado pelos nossos outros filhos que estavam encantados com a irmãzinha. Podia afirmar sem medo de errar que eu era a mulher mais realizada deste mundo. Os olhos de Lawrence cruzaram com os meus, como que atraídos pelos meus pensamentos e notei um brilho de emoção neles.

Fitamo-nos em silêncio com os sentimentos em comunhão. Movi os lábios murmurando um eu te amo e vi o sorriso dele se alargar antes dele responder eu te amo mais...Para sempre! Eu sabia que era verdade, porque era assim o nosso amor...Muito além da vida, pela simples razão de ser o nosso amor eterno. 





FIM. 

Desejo ArdenteOnde histórias criam vida. Descubra agora