Changbin estava com as mãos inquietas, pensando em como fazer o pedido de casamento.
— Sem aliança eu não posso pedir. – Changbin sussurrou na cozinha, junto de Bang. Os dois estavam preparando um lanche da tarde.
— E onde você vai achar alguma aliança? – Bang perguntou e Changbin suspirou.
— Eu vou ver se algum voluntário daqui consegue me ajudar com isso. – Changbin disse e os dois se calaram imediatamente quando Minsun apareceu na cozinha.
— Precisam de ajuda? – Ela perguntou e os dois negaram com a cabeça. — Vocês brigaram de novo? Achei que tinham virado amigos. – Minsun disse estranho a tensão entre os dois.
— Está tudo bem. Tome, leve esses lanches, estou ouvindo a barriga do Jisung roncar daqui. – Changbin disse rapidamente e entregou a bandeja para Minsun que apenas concordou. — Eu vou sair e já venho. Eu vi que só nos deram um kit higiene e na nossa lista tinha dois. – Changbin disse ao colocar a última bandeja de lanches no banco que estava servindo de mesinha de centro.
— Eu ia falar sobre isso e acabei esquecendo. Quer que eu vá com você? – Yumi perguntou e Changbin negou com a cabeça e lhe deu um beijo na testa.
— É rapidinho, se alimente e tome as vitaminas. Já volto. – Changbin disse pegando seu boné no sofá e Yumi apenas balançou a cabeça positivamente. Assim que saiu do apartamento, sua mente ficou vazia, sem saber por onde começar. Então resolveu procurar Chaewon, que ficava no décimo andar. Assim que desceu do elevador no andar e virou o corredor da esquerda, Changbin se deparou com uma garotinha olhando aos arredores, com um olhar assustado.
— Hey, garotinha. O que aconteceu? – Changbin perguntou se agachando na frente dela.
— Oppa, eu não consigo achar minha mãe. – Ela disse com as mãozinhas cheias de anéis de plástico, segurando o casaco de lã amarela. — Eu entrei naquela caixa que sobe e desce, e quando ela abriu de novo, a mamãe não estava mais no corredor. – Ela disse e Changbin balançou a cabeça.
— Qual é o seu nome? – Ele perguntou.
— Jihye. E você? – Ela perguntou ainda com a expressão cabisbaixa.
— Me chamo Changbin. – Ele disse se levantando. — Jihye, vamos procurar sua mãe. Você sabe o número que ela aperta na caixa que sobe e desce? – Changbin perguntou estendendo a mão para a garotinha, que cruzou seus braços e virou o corpo de lado.
— Não posso falar com desconhecidos. – Jihye disse fazendo um biquinho bravo. Changbin riu, já que a garotinha já tinha falado até demais.
— Ah você está certa. Eu estava indo pra caixa que sobe e desce, se você quiser ir também, pode ser que sua mãe esteja lá. – Changbin disse se afastando lentamente. A menininha olhou ele de canto de olhos e após segundos, Changbin viu ela andando em seu alcance. Depois que os dois entraram no elevador, Changbin fingiu pensar qual botão apertar para ver se a garotinha se lembrava de algo.
— Meu pai aperta esse. Será que é pra lá que você está indo? – Jihye apontou para o número 41 e voltou a cruzar os braços.
— Ah é lá mesmo! Já tinha até me esquecido, obrigado. – Changbin disse apertando o botão e ficou afastado da garotinha, olhando sempre para o lado oposto que ela. Assim que as portas se abriram, os dois ouviram uma conversação alta no corredor. Changbin segurou a porta e apontou para que ela saísse, e foi logo atrás da mesma.
— Mamãe! – Jihye gritou correndo até a mulher que estava chorando enquanto falava com os vizinhos. Changbin foi logo atrás, para explicar o que havia acontecido com a garota.
— Graças a Deus! O que a mãe disse sobre sair de perto de mim hein? Eu só estava colocando as plantinhas aqui fora filha, você não pode entrar no elevador! – A mulher disse desesperada e notou a presença de Changbin. Ela se levantou com a menina nos braços.
— Me chamo Seo Changbin, sou do andar 33. Encontrei ela no décimo andar, procurando por você. – Changbin disse sorrindo e a mulher sorriu aliviada.
— Muito obrigada, querido. – Ela disse sorrindo de orelha a orelha.
— Ela é muito inteligente. Disse que não podia falar com estranhos. Espero que minha filha seja esperta como ela. – Changbin disse sorrindo com os olhos banhados de ansiedade
— Você já tem filhos? Parece tão jovem. – A mulher disse colocando a menina no chão, que agarrou-se em sua perna.
— Minha namorada está esperando nosso primeiro filho, ela está com dois meses. – Changbin disse cheio de alegria e a mulher sorriu contente.
— Meus parabéns! Se precisar de ajuda com algo, pode contar comigo. Mãe de primeira viagem sempre precisa de algumas dicas. – Ela disse risonha.
— Na verdade, se a senhora puder me ajudar com uma coisa, eu ficaria muito grato. — Changbin disse e ela apenas balançou a cabeça para ele continuar. — Como vamos ter um filho, eu queria pedir ela em casamento, mas eu não tenho alianças e nada que eu possa oferecer para recebê-la como minha noiva. A senhora saberia de alguém que possa me ajudar com isso? – Changbin perguntou gesticulando com as mãos. A mulher pensou por alguns instantes e pareceu pensar em algo.
— Tem duas opções. Você pode falar com centro de solicitações, eles podem tentar verificar se conseguem um par de alianças, mas o prazo deles sempre é de três dias. – Ela disse e Changbin suspirou. — A outra opção, pode ser mais rápida, mas você vai precisar de lábia. No quadragésimo quinto andar, tem uma senhora que chegou aqui na semana passada, com jóias até nos tornozelos. Ouvi dizer que ela sobreviveu na mansão dela só ficando no quarto dela. Eu a vi com algumas malas, se você quiser conversar com ela, tenho certeza que ela terá algo para lhe dar. Mas logo aviso, ela é osso duro de roer. – Ela disse e Changbin sorriu esperançoso. Ele fez reverência e agradeceu antes de se retirar, e disse que voltaria para contar se conseguisse.
Changbin bateu os pés ansioso no elevador e procurou pela porta onde teria o nome de apenas uma mulher. Assim que achou, uma senhora de cabelos brancos, colar de pérolas e vestido de cetim abriu a porta, com sua expressão ranzinza.
— Pois não? – Ela perguntou e Changbin se sentiu intimidado, sem saber por onde começar. — Precisa de alguma coisa meu filho? Eu estou bordando agora, desembucha. – Ela disse segurando a porta e o encarou impaciente.
— Peço desculpas por incomodar. Eu me chamo Seo Changbin… vim pedir a ajuda da senhora com algo muito importante para mim. – Changbin disse e a senhora pareceu levemente interessada e desconfiada. — Um dos moradores disse que a senhora possui muitos bens e… – Ele se calou quando ela levantou a mão.
— Você quer dinheiro? Pra que? Estamos no fim do mundo, não tem com o que gastar. – Ela disse grosseiramente.
— Não é isso. Olha, pra resumir a história, minha namorada está esperando um filho meu, e eu queria muito pedí-la em casamento, mas eu não tenho alianças ou qualquer anel que eu possa dar para ela. Os guardas demoram semanas para conseguir qualquer coisa que pedimos, e eu quero muito fazer isso o mais depressa possível. – Changbin disse mais rapidamente e a senhora balançou a cabeça.
— Entre. – Ela falou e Changbin suspirou esperançoso. Ela sentou-se em uma poltrona rosa e gigante, onde ela voltou a bordar. — Primeiramente, pare de me chamar de senhora. Meu nome é Park Misuk. – Misuk disse e Changbin concordou com a cabeça, sentado no sofá perto dela. — Segundo, como você conseguiu fazer um filho nesse caos? – Misuk apenas queria alguém para entreter ela. Changbin explicou que Yumi já estava esperando o filho antes mesmo do apocalipse começar.
— Nos conhecemos com treze anos, a irmã gêmea dela é minha melhor amiga. E mesmo assim, eu me apaixonei por ela a primeira vista, mesmo que já tivesse visto Minsun várias vezes antes dela. Eu nunca pensei sobre almas gêmeas, mas a única explicação que eu tenho pra nossa conexão é essa. – Changbin começou a contar sobre sua vida para Misuk, que parecia gostar de ouvir. — Com catorze anos eu roubei o primeiro beijo dela. Ficamos semanas sem nos falar por causa da vergonha que estávamos sentindo. Mas aí teve um dia que eu fui até a casa delas, jogar videogame com a Minsun, e nós acabamos ficando sozinhos no quarto enquanto Minsun ia pegar lanche para nós. – Changbin contava tudo sorrindo, olhando para o além, com as mãos suando da mesma forma que suaram naquele dia que estava contando. Quase podia sentir o controle escorregando das mãos. — Ela disse que eu não podia roubar beijo de garotas sem permissão, mas que ela me perdoava porque tinha gostado. Eu lembro que eu me senti muito ousado, porque a primeira coisa que eu fiz depois de ser perdoado, foi perguntar se eu podia roubar outro beijo dela. Depois que ela disse sim, nos beijamos de um jeito tão desajeitado, mas foi o momento mais especial pra mim. Foi quando eu aprendi o que era amor. – Changbin disse e seus olhos encheram de lágrimas. A senhora sorriu e estendeu um papel para ele, que agradeceu. — Depois daquele dia, não teve sequer um dia que não nos beijamos. Eu a pedi em namoro oficialmente no ano passado, depois de trabalhar cinco meses como empacotador de mercado, para conseguir comprar nossas alianças de namoro. — Changbin fungou e encarou a senhora, que havia parado com o bordado. – É por isso que eu quero casar com ela, ficar com ela pra sempre, ter um símbolo da nossa união. Ela é a primeira e a única da minha vida, e sempre será. – Changbin disse sério, e acabou derramando uma lágrima. A senhora sorriu levemente e se levantou, apenas gesticulou com a mão para que ele ficasse ali. Changbin ficou ansioso, e a viu voltando com uma caixa nas mãos.
— Eu conheci meu marido quando tínhamos dez anos, e nos casamos com quinze. Ele faleceu ano passado, e sabe qual foram as últimas palavras deles para mim? – Ela disse abrindo a caixa e mostrando um álbum de fotografia do casamento dela. — Ele recitou as mesma palavras que ele disse nos votos de casamento. Ficou gravada na minha mente. Foi meu primeiro e único, e eu nunca vou esquecer dele. Ele está vivo em mim, até o dia que eu mesma já não esteja viva. – Misuk disse com um sorriso verdadeiramente feliz. Dentro da caixa havia outras coisas, como fotos, laços e cartas que seu marido havia lhe dado. Também havia uma caixinha menor, preta de veludo. Ela a pegou e colocou na palma da mão de Changbin. — Eu sei qual é o sentimento, sei como é incomparável, inabalável e infinito. Eu iria lhe dar qualquer anel meu de brilhante, mas eu vou dar o mais importante. São as alianças do meu noivado com ele. Eu ainda uso a de casamento, então você pode ficar com essas de noivado. – Ela disse e Changbin se emocionou, abrindo a caixinha. Duas alianças de ouro, bem polidas, quase sem evidências do tempo.
— Eu nem sei como agradecê-la. – Changbin disse sorrindo e segurou a mão da mesma.
— Me convide para comer o bolo do casamento. Não aguento mais comer esse ramen instantâneo. – Ela disse voltando ao tom rabugento, mas os dois acabaram de rir. — Volte mais vezes para contar histórias. Eu gosto de ouvir, porque normalmente eu era velha que fazia todos escutarem minhas milhares de histórias sobre minhas viagens. – Ela disse assim que Changbin se levantou.
— Amanhã eu volto e conto a história sobre o meu cunhado ter virado zumbi e virado cachorro da minha noiva. – Changbin disse empolgado e ela riu. — Novamente, muito obrigado. Até mais. – Changbin disse na porta e reverenciou antes de sair. Antes de voltar para o apartamento, ele pegou o kit higiene que faltava, e quando chegou no apartamento, todos estavam brincando de mímica.
— Nossa, achei que tinha morrido! – Minho disse assim que viu Changbin.
— Eu encontrei uma garotinha perdida e levamos um tempo até encontrar a mãe dela. Também estava fila para pegar o kit. – Changbin disse levando o kit higiene para o banheiro.
— Isso é um gorila lavando louça? – Hyunjin perguntou fazendo careta enquanto via Jisung fazer a mímica.
— Acertou! – Jisung disse e todos encararam ele como se ele fosse um alien.
— Eu quero brincar também, minha vez. – Changbin disse animado e empurrou Jisung. Todos riram dele quando ele juntou as mãos e apontou para Yumi.
— Juntos? – Minsun perguntou e ele fez um sinal indicando algo como "algo mais".
— Namorados? – Bang perguntou e ele afirmou com a mão, e voltou a fazer o gesto "algo mais".
— Casados? – Jeongin perguntou fazendo careta. Changbin estalou os dedos e apontou para ele. Changbin tirou a caixinha do bolso e se ajoelhou na frente de Yumi.
— Yumi, quer casar comigo? – Ele perguntou sorrindo e Yumi colocou as mãos na boca, com os olhos arregalados. Todos começaram a gritar e Yumi começou a chorar muito, enquanto concordava com a cabeça. A aliança dela encaixou perfeitamente, mas a de Changbin ficou um pouco apertada, mas nada que incomodasse.
— Meu Deus, vocês vão casar! Vão casar! – Minsun disse sacudindo Changbin e pulou no colo dele. — Meu Deus, minha irmã gêmea vai casar no apocalipse zumbi com o meu melhor amigo e eles vão ter um filho! Essa é a melhor vida que eu poderia pedir! – Minsun disse afobada e depois jogou todos pra longe de Yumi e abraçou com força.
— Como você conseguiu as alianças? – Bang perguntou curioso ao olhar a aliança de Yumi.
— Depois que eu encontrei a mãe da menininha, ela disse que tem uma senhora no quadragésimo quinto andar que tinha muitas jóias. Eu contei nossa história, ela se emocionou e entregou as alianças de noivado dela com o falecido marido. – Changbin disse e Yumi lhe encheu de beijos, ainda deixando algumas lágrimas caírem.
— Você não sabe como eu estou feliz. – Yumi disse e Changbin secou seu rosto e lhe beijou a testa.
— E é assim que recomeçamos nossa vida. – Jisung disse repentinamente, sorrindo bobo. — Nossos pais teriam apoiado isso inteiramente. Se formos fazer uma cerimônia, espero que eu possa levar Yumi até o altar. – Jisung disse e Yumi concordou com a cabeça imediatamente.
— Vamos ver se podemos usar o auditório! – Minsun disse empolgada.
— Vamos deixar um bilhete no mural, perguntando se alguém tem um vestido branco para emprestar. – Hyunjin deu a ideia e todos concordaram.
— Só temos farinha pra fazer um bolo simples. Podemos tentar fazer chantilly com ovos e açúcar. – Felix continuou e Yumi se agarrou em Changbin, feliz de ver todos planejando o casamento.
— Tem uma moça no quadragésimo primeiro andar que tem algumas plantas. Será que ela teria flores pro buquê? – Minho perguntou e Changbin pensou que poderia ser a mesma mulher, mãe de Jihye.
— Podemos fazer um com papéis mesmo, se não conseguirmos. – Jeongin disse e Yumi fez um joinha, achando a ideia genial.
O resto do dia foi voltado para aquilo, e logo começaram a se movimentar para conseguir as coisas mais importantes. Hyunjin fez o bilhete pedindo o vestido, Minsun marcou horário para falar com alguém da área de solicitações, Jeongin e Seungmin começaram a fazer as flores com o jornal que conseguiram, e Yumi ficou admirando sua aliança.
A vida havia ganhado um novo significado para "normal", e aquele normal era tão feliz quanto qualquer outro, por um motivo simples: todos estavam juntos.
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The Cure - Stray Kids
FanfictionPela primeira vez na vida, Han Minsun desejou que o apocalipse zumbi fosse como no filme "Meu namorado é um zumbi". Seria mais fácil, e talvez sua irmã gêmea - Han Yumi, conseguisse conquistar o zumbi e fizesse ele voltar a vida, assim como no filme...