Time After Time

644 95 80
                                    

Se você estiver perdido, você pode procurar
E vai me encontrar, hora após hora
Se você cair, eu vou te segurar
Estarei esperando, hora após hora.
_Cindy Lauper

A linha do horizonte era um paredão negro com exceção de algumas embarcações que brilhavam como vagalumes presos em uma teia à distância. Sentado na cadeira ao lado de Hashirama, Tobirama continuava observando a paisagem dando uns goles maiores em sua cerveja ignorando as papagaiadas de Naruto e Sasuke mais à frente na água, estavam aproveitando as últimos horas de férias.

A praia era magnífica à noite para pessoas como ele que apreciavam o soturno. Se estivesse ali, Izuna estaria se queixando do frio, mesmo que usasse os moletons de Tobirama que folgavam nele.

Sabia que Hashirama queria falar alguma coisa pelo jeito que cutucava as bochechas e mexia no cabelo o tempo todo. Só porque sabia, não significa que queria facilitar as coisas para ele, então permaneceu quieto esperando que o irmão desistisse. Seria melhor não pensar no que viria agora enquanto fosse possível, e estava muito claro que ele daria um jeito de tocar no assunto.

— Você não quer dormir lá em casa? — ele sussurrou tentando não parecer muito invasivo, mas Tobirama o conhecia o suficiente para saber que Hashirama já havia programado tudo. — Eu te empresto minha rede.

Até se sentiria tentado, se ainda tivesse 12 anos.

— A do Shrek?

— A do Shrek é minha. — Madara respondeu taciturno do outro lado, balançando o chinelo na ponta do pé com as sobrancelhas franzidas. — Não empresto pra ninguém.

— Mas eu tenho uma do Burro. — Hashirama insistiu alargando o sorriso.

Tobirama riu negando o convite e encarou o paredão sem luzes à sua frente. Por mais masoquista que pudesse parecer, queria ficar sozinho e dormir na cama que compartilhou com Izuna durante aqueles dias. Ainda teria o cheiro dele impregnado nos lençóis, que ainda estariam moldados na forma dele.

Não queria conversar sobre a sensação que ainda se formava em seu âmago, o desconforto de perdê-lo logo depois de tê-lo recuperado, queria guardar aquele sentimento totalmente novo para si até encontrar um nome mais apropriado. Seriam amigos de cela, ele e o fantasma que Izuna deixou na praia. Seus sorrisos, seu toque gentil, seu olhar castanho escuro reluzindo ouro, seu cheiro, seu calor, sua voz, tudo nele era como um fantasma o seguindo pela praia.

Mas não era algo ruim, sabia que não. Logo, antes que pudesse perceber, teria o verdadeiro em seus braços novamente, mas até lá, iria se acostumando aos poucos.

— Contei ao pai que você vai se mudar no final do ano. Fui visitar ele hoje.

— E ele disse o quê?

Hashirama abriu a boca, olhou para ele, então se calou pensando à respeito.

— Nada.

Aquele “nada" estava muito suspeito para ser verdade. Seu pai com certeza teria um bom sermão para ele quando resolvesse aparecer, e não seria algo tão simples quanto ignorar a notícia.

— Eu acho que vou levar ele pra casa. Já tá quase cego, não tem condições de continuar morando sozinho naquela casa.

Seu pai tinha um cuidador, mas não era em tempo integral e Hashirama se preocupava, mesmo que ele e o pai vivessem em pé de guerra.

— Você, Madara e ele morando na mesma casa. — Ele riu. — Não sei de quem tenho mais pena.

Ouviram Madara bufar ao lado, como ele havia concordado com isso era um verdadeiro enigma; mas Tobirama não estava com ânimo para decifrá-lo no momento.

Don't Go Away (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora