Darkside

894 115 131
                                    

Leve-me pela noite
Caia no lado escuro
Nós não precisamos da luz
Nós vamos viver no lado escuro.

...

Quando abriu a porta aquela manhã, a postura de Madara era no mínimo um chamado para a guerra quando percebeu Tobirama sozinho na entrada. A relação entre ambos nunca foi das melhores, desde a época que Madara influenciava seu irmão a fugir no meio da noite para se encontrarem na praia e fazerem coisas que Tobirama preferia não imaginar, tolerar um ao outro era sempre mais fácil quando Izuna ou Hashirama estavam por perto; mas não era o caso. Izuna estava na praia com Itachi e Sasuke. O que tinha para tratar ali era especificamente com ele, então Tobirama abaixou a crista ao perguntar se podia entrar.

Aquela conversa havia sido protelada por muito tempo, Madara era um irmão dedicado que se esforçava ao máximo para manter a segurança e o conforto de Izuna até onde seus limites permitiam; no quesito obsessão fraternal, era tão surtado quanto o próprio Tobirama — que seguia Hashirama por todos os cantos quando era moleque para dar seus relatórios cheios de detalhes ao pai, ou simplesmente ameaçar o irmão mais velho. Sua maior e talvez única atitude mais egoísta na vida, e nem considerava algo errado já que ele também tinha o direito de ser livre, foi deixar Izuna em Tokyo para se casar. Hashirama lhe confidenciou que Madara às vezes sentia remorso por tê-lo deixado sozinho, mas não havia nada que pudesse fazer sobre o assunto quando sabia que não poderia manter Izuna em seu bolso pelo resto da vida. 

Tobirama sabia que no instante que terminaram deveria tê-lo procurado para ter uma conversa decente e respeitosa, de homem para homem, cunhado para cunhado, e talvez chegarem a uma conclusão sobre a situação de Izuna; mas se ele não conversou nem mesmo com Hashirama sobre o término, menos ainda iria com Madara.

— Eu vou acordar o Hashirama. — disse abaixando os braços e abrindo espaço para ao deixá-lo passar.

— Não, eu vim pra falar com você mesmo. 

Madara arqueou as sobrancelhas e os dois foram para a cozinha em silêncio mortal, como se estivessem em uma batalha silenciosa tentando decifrar um ao outro antes que um dos dois atacasse primeiro. O Uchiha pegou a limonada colocando sobre a mesa, e logo em seguida dois copos, olhando secamente para Tobirama. Sentou em uma das cadeiras e indicou a outra.

— O que você quer? 

Tobirama sentou esperando que ele desse o primeiro gole na limonada para ter certeza que não estava envenenada. Soltou o fôlego de uma vez servindo um copo, bebendo em dois goles e encarou Madara seriamente, pensando em como dizer o que tinha para dizer sem parecer que estava pedindo permissão ou alguma besteira do tipo. 

— Quero me casar com Izuna, legalmente, e acho que chegou a hora de esclarecermos nossas diferenças pelo bem dele.  

Madara deu uma risada irônica, deixando seu olhar vagar ao redor antes de dar ele mesmo um gole na bebida. Quando voltou a encará-lo, não parecia que iria jogá-lo porta afora, mas não parecia satisfeito também. 

— Nossas diferenças, você diz... 

Às vezes era difícil entender como seu irmão conseguia ser tão louco por Madara, tudo que Tobirama enxergava era um homem cínico e maldoso; mas sabia que ele tinha uma visão pior sua.

— Izuna disse que iria deixar os estudos pra vir morar aqui, eu não acho que seja isso que ele realmente quer, deve estar um pouco confuso. Acredito que a volta pra cá acabou mexendo nas feridas dele e ficou com medo. Não quero que abra mão de tudo pelo que lutou por uma emoção. 

Madara riu novamente sem olhar para ele, balançando a cabeça de um lado para o outro e deu outro gole no licor. 

— Izuna, idiota... E então? Vocês vão casar e virar um casal EAD? Ele lá e você aqui, vão tomar café via chamada… e depois o quê? Ele está disposto a tudo e você a nada, é isso? 

Don't Go Away (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora