Wasteland, Baby

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À medida que se afastava, suas pernas pesavam como chumbo, a respiração quente e irregular a cada inspiração cortada. Levou as mãos ao rosto esfregando as têmporas, assim como os olhos, e foi como se toda a água que sufocou Sasuke estivesse presa dentro da sua cabeça. Parte de si dizia: volte lá e conserte a besteira que fez, mas só conseguia ouvir o eco das batidas do coração.

Mal chegou à rua e sentiu um impacto violento contra sua cabeça, virou o rosto tão irado quanto era possível apenas para levar mais uma pancada na cara de Hashirama, que franzia a testa em reprovação.

— Quer me dizer que merda foi aquela?

Tobirama voltou a andar tentando ignorá-lo, mas Hashirama conseguia ser bastante firme quando queria.

O vento gelado bagunçava seus cabelos e agitava as roupas que ainda insistiam em grudar em seu corpo, as mãos tremiam e as palavras vieram à boca antes que pudesse pensar direito.

— Não é problema seu, anija.

Tobirama manteve o ritmo dos passos sem querer pensar no que havia acontecido há poucos minutos.

— Eu não sei o que aconteceu em Tóquio há três anos que deixou você assim — Hashirama vinha caminhando ao seu lado, gesticulando aborrecido — mas pense bem nas coisas vai fazer pra não ser tarde demais quando se arrepender!

Tobirama ignorou mantendo o passo firme.

— Tem razão — disse —, você não sabe do que aconteceu, então não venha me criticar, anija, não é problema seu.

Hashirama ficou para trás, em choque. Não era como se Tobirama fosse um doce de pessoa, mas sabia reconhecer quando algo realmente grave o afetava.

— Me liga se precisar conversar! — ele gritou ao ver o irmão se distanciar ainda mais.

Mas já sabia que ele não iria ligar.

[...]

Prometeu que iria passar na casa do pai hoje, mas não estava em condições de conversar com ninguém. Sempre fora temperamental e genioso, mas dessa vez sentia a carne em chamas mesmo que estivesse tremendo de frio.

Continuou andando, tirando água do cabelo, se tivesse muita sorte, não pegaria um resfriado.

Assim que entrou, deixando os sapatos na porta, o gato veio correndo embolar-se aos seus pés como sempre o recebia, a pelagem escura e lisa de um preto brilhante, com uma pequena mancha branca no peito.

Miava alto, voltando para ele mesmo que Tobirama o empurrasse. Era um gato manhoso e carente, com grandes olhos escuros assustados que apareceu na porta de sua casa há três anos.

Tobirama abaixou-se fazendo carinho na pelagem da barriga, o bicho agarrou-se ao braço dele deixando marcas vermelhas pela extensão de pele branca do lado de dentro de seu braço. Suspirou, tentando ignorar o peso que se acumulava em suas costas e

— Eu tô molhado.

E o gato permaneceu ao seu lado, seguindo até a área de lavar, onde algumas camisas sociais estavam secando há quase três dias porque ele sempre esquecia de tirá-las da corda no fim da tarde.
Deixou as roupas encharcadas no tanque e pegou uma das toalhas limpas, foi para o banheiro levando uma toalha nos ombros.

Tirou a cueca e foi para o boxe, enfiando-se debaixo da água fria como se pudesse acalmar sua mente; mas havia apenas frio e mais dúvidas. Ele estendeu a mão e riscou na parede com a ponta do dedo, deixando um nome registrado no vidro do box.

Izuna.

Não conseguia nem mensurar como havia sentido a falta dele.

[...]

Don't Go Away (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora