Até na morte

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Eu vi ele morrer!

Nada me fez mais infeliz. Eu o amava. Nossa história se iniciou quando ainda éramos crianças. Eu, uma garotinha franzina e  estressada. Ele, o garoto mais feliz e gentil que um dia já conheci. Nossa amizade era única. Ele me ajudava e consolava a cada relacionamento mal resolvido. Até que por fim descobri que o amava. Como eu poderia descreve-lo... Seu rosto totalmente assimétrico, mais se assemelham a duas flores distintas no mesmo caule. Seus cabelos ondulado e negros, as maçãs de seu rosto, suas têmporas, seu sorriso e seus olhos me causavam fascinação. Quando envolvida em seus braços, nada no mundo me ameaçava. Era singular e belo a maneira que a felicidade dele não se perdeu com a idade. Olhar em seus olhos era como mergulhar no vazio do universo e saber que algo maior me fitava de longe.

Quando a notícia do câncer veio, eu não consegui segurar a barra. Chorava pelos cantos e me perguntava o porquê? A resposta nunca veio. Os dias foram difíceis, mas ele não demostrava tristeza. Ele quem me animava, me levantava de manhã sempre com um sorriso no rosto. Mesmo quando seus cabelos começaram a cair. Mesmo quando seu peso começou a reduzir. Mesmo enjoado por conta dos medicamentos fortes, ele sempre me abria um belo sorriso. Seu sorriso não impediu o tumor.

Um dia saímos às pressas para o hospital o estado dele estava crítico e o coma tomou conta do meu amado.     Eu perdi o chão. Minha mãe sempre dizia; "Quando alguém enfermo demostra uma repentina melhora, perca as esperanças, pois ele melhorou para se despedir" Eu não acreditava até o momento! Eu dormia segurando a mão dele, quando ele me despertou acariciando meu rosto e com um sorriso  ele disse:

_ não me arrependo de nada_

Nesse momento uma lágrima correu no campo de seu rosto e pousou na minha mão... Ele morreu.

Eu  me irrompir em lágrimas, gritei, blasfemei contra Deus, amaldiçoei o universo e sem força caí sobre a cama. Foi quando eu vi, a morte pairando sobre ele. Eu corri até ela, puxei sua capa longa e sombria. Agarrei ela pelo pescoço e gritei para que devolvesse a vida do meu amado. Ela revidou me empurrando para trás. A morte me ignorou e tentou estender sua foice sobre o corpo do meu amado. Eu a derrubei no chão. E soquei  com punhos furiosos seu crânio. A morte levantou em fúria me arremessando sobre a parede, o gosto metálico do sangue me veio aos lábios, mas não seria o suficiente para que eu admitisse derrota. Levantei mais uma vez e rasguei suas vestes, consegui por uma fração de segundos roubar sua lança e me pus entre a cama. Ela se ergueu e não me atacou, levantando sua mão em minha direção e depois abaixando ela rasgou minha alma ao meio. Nesse momento eu relaxei, sabendo que logo estaria com ele! A morte, segurando parte do meu ser, pós minha metade  no corpo do meu amado. Depois do feito ela pediu, gesticulando com a mão, sua foice. Eu entreguei a ela e assim ela se foi. Quando acordei meu amado estava sorrindo a minha frente e disse:
_ vamos meu amor! Vamos para casa. 

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