Capítulo nove: meu nome é Felícia.

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20:00

Eu e Felícia estamos sentados em volta de uma mesa redonda e rústica da agradável biblioteca do palácio, discutindo sobre teorias do que pode estar acontecendo comigo. Apesar de ter um olhar cansado, a humana ainda insiste em continuar pesquisando e analisando. A luz da luminária amarela ilumina seu rosto pensativo, enquanto ela passa os olhos sob as páginas de um livro antigo, tentando procurar por respostas.

-Bleeeh. -Ela resmunga. -Aqui não tem nada que preste. -Joga o livro para longe. - Mas aqui tem. -Ela usa o dedo indicador para dar tapinhas em sua cabeça. -Tenho a teoria de que você está tendo muito contato comigo, e, consequentemente, com a minha espécie. Talvez esse contato esteja resultando em alguns efeitos colaterais no seu corpo e sua mente, desde que vossa majestade recebeu uma bomba de informações e emoções de uma só vez.

-É uma ótima teoria, talvez seja a mais provável. -Sinto-me mais tranquilo, a veracidade nas palavras de Felícia era notável.

-Como se sente? -Ela questiona, subindo na mesa e ficando à minha frente.

Possuo a tentação repentina de agarrar suas coxas, todavia controlo-me.

-Melhor. -Sorrio.

Felícia coloca as duas mãos em meu rosto, e em seguida, me beija. Ela passa os dedos em meu cabelo, puxando meu rosto para trás e sorrindo para mim. Com sua mão direita, ela brinca com a gola da minha camisa, e consequentemente sinto arrepios.
Minhas mãos navegam por seu rosto, cabelo e corpo. Já não escondo o desejo que sinto por ela. Na verdade, acho que é hora de dizer-lhe algo que estava preso em minha garganta. Nos afasto levemente do beijo.

-Felícia...

-Sim? -Ela diz, sorrindo. E esse sorriso só me faz ter ainda mais certeza do que lhe direi.

-Se amor tiver mesmo aquele significado que mencionaste anteriormente... -passo os dedos por sua nuca. -Então eu acho que te amo.
Ela aparenta estar surpresa, entretanto, ainda sorri largamente.

-Está sendo sincero?

-Completamente. -Beijo-a novamente, um beijo curto, mas especial.

Em seguida, Felícia me abraça fortemente.
Ela começa a gargalhar. Inconscientemente, acompanho sua risada.
Ela se afasta e sai da biblioteca sem dizer mais nenhuma palavra. Não compreendi essa reação, pensei que ela diria o mesmo, ou ao menos iria aproveitar um pouco mais de tempo comigo. Entretanto, talvez ela esteja com muito sono e resolveu adormecer.

21:00

Entro em meu quarto para checar se está tudo bem com Felícia.

Ela não está dormindo. Encontra-se sentada numa cadeira de frente à janela, provavelmente apreciando a lua.

-Felícia? -Chamo por seu nome.
Ela não responde, sequer vira-se em minha direção. Resolvo me aproximar e tocar em seu ombro.

-Não me toque. -Ela exige. Não compreendo o porquê de tal pedido.

-Hm... está tudo bem? -Questiono, preocupado. Ainda não pude ver o seu rosto, e seu cabelo está amarrado e um tanto quanto bagunçado.

-Sim, Esdras. Está. -Após dizer isso, ela se levanta. Ainda fica parada por alguns segundos, mas depois, se vira para mim.

Onde estão as tatuagens de seu rosto?

-Poderia me acompanhar, para termos uma conversa amigável? -Sua voz transmite tranquilidade, todavia há algo de estranho no ar.

-Claro.

Ela coloca os braços para trás, juntando ambas as mãos. Andando com postura ereta e com o rosto um pouco erguido, ela sai do cômodo em silêncio.
Faço o mesmo e encontro-a encostada numa das paredes do corredor. Ela coloca as mãos nos bolsos da calça e me encara com uma expressão séria.

Meu nome é Felícia (lembre-se).Onde histórias criam vida. Descubra agora