Diários de sobrevivência

capítulo 1

Diário de sobrevivência

Ao me mudar para o subterrâneo achei que teria silêncio constante, paz e segurança e apesar de ter tudo isso agora já me sinto à beira da loucura, com o zumbido constante do silêncio e ansioso por estar tão longe do mundo, torturado por simplesmente continuar existindo dia após dia. Talvez conversar com algum troll, por mais irritante que seja, me lembre como é a sensação da companhia de outro ser vivo.

O que será que a vovó diria se me visse nessa situação?. Ela sem dúvida ficaria com uma indecisão sobre o que sentir.Tristeza, decepção, raiva ou pena? será que ela não ficaria preocupada se eu ficasse assim sem comer o dia todo? Será que eu não deveria tomar um banho? Será que eu devo maneirar nas armadilhas para quem passa lá por cima?.

Claro que nem sempre eu cumpro com o que ela gostaria que eu fizesse, não tenho força o suficiente para isso. Às vezes eu gostaria de ter alguém que me amasse e que se importasse comigo, apenas um pouco, e aí eu faria de tudo por essa pessoa. Eu iria atacar, mentir e me arriscar tudo para protegê-la. E principalmente eu mudaria por essa pessoa, isso é o que mais me apavora, aprender a amar novamente,porque a partir do momento que você ama alguém você tem algo a perder, se tornando vulnerável

Acho que vou continuar a escrever esses devaneios até meus olhos se fecharem e o doce sono da morte me atingir. Diferente de como vim ao mundo, cercado de amor e de rostos sorridentes, irei partir rodeado pela solidão e a metros abaixo da terra e nunca irão saber que morri, talvez seja melhor assim já que não desejo a ninguém a dor da perda.

Após escrever um pouco em um caderno, tronco sentiu sua mente e seu coração mais leves, foi quase quase como uma purificação, limpando tudo de ruim que lhe tinha acontecido, exceto pelo fato de que a melancolia iria lhe atormentar novamente, a solidão inflamaria a culpa e o desejo de simplesmente desaparecer e nossa, como esse último era perigoso.Enquanto tentava dormir seus pensamentos se voltavam para as futuras reformas que deveria fazer em seu abrigo e das coletas de material que deveria fazer, mas para isso ele precisaria sair.

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Mata densa crescendo por todos os lados intimidando a todos que ali passavam e mostrando a quem aquele local realmente pertencia.Tudo era grande demais comparado ao pequeno troll que explorava, ainda que temeroso, a floresta em busca de materiais para a reforma de seu lar. Os trolls tinham o costume de não retirar recursos naturais a não ser se fossem realmente necessários e ainda amar e respeitar imensamente a natureza. Mas este jovem troll era realmente incomum, além de temer as plantas e aos bichos que viviam em harmonia na floresta, o que ele mais temia, por mais bizarro que fosse, era que outro troll aparecesse.

Já em outro ponto da floresta, a luz do sol despertou uma pequena troll que não se incomodou nem um pouco por ser acordada bem mais cedo que o esperado, visto que ela tivera ido dormir bem tarde.
Os raios solares estavam sendo filtrados pelo tecido verde claro de sua barraca lhe proporcionando uma visão encantadora de seu abrigo, além do local estar com um cheiro agradável de grama e marshmellow.

-- Ninaaa acordaaa-- disse uma troll cor de rosa enquanto sacudia algo pequeno enrolado em um saco de dormir como se fosse um bolinho.

-- Uhuu que dia lindooo-- uma pequenina e amarela garota troll pulou de uma só vez do saco de dormir-- e aí como vai sua cabecinha depois de apenas duas horas de sono e oito sacos de marshmellow?

-- Já estava acordada ? -- a rosada estava com os cabelos bagunçados e um pouco espantada/animada, pois esperava outra reação de nina.

-- Claro, eu precisava fazer meu treino matinal-- ela estava penteando os cabelos azuis e amarrando um laço laranja no topo-- ainda mais considerando tudo isso-- ela apontou para os saquinhos de tecido e potes amontoados no canto da barraca.